O site da revista Piauí publicou o fac-simile de uma carta que o diplomata e escritor Graça Aranha, amigo próximo de Machado de Assis, em setembro de 1908, enviou ao então diretor do Jornal do Commercio, Felix Pacheco. A mensagem começa de forma dramática: “Machado de Assis está a morrer”. Seu intento era pedir que Pacheco providenciasse um obituário a altura do maior autor da literatura brasileira, e sugere nomes como José Veríssimo, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras ao lado e Machado de Assis, para escrevê-la.
A carta ficou guardada com a família de Felix Pacheco por quase 100 anos e hoje faz parte de uma coleção particular. A seguir, a reprodução do manuscrito e logo abaixo a transcrição:
Meu caro Felix
Machado de Assis está a morrer. Não há mais esperança de ser salvo, porém a morte poderá demorar alguns dias. O seu espírito é inteiramente lúcido.
Tem havido verdadeira romaria em sua casa. Está constantemente acompanhado de amigos íntimos e amigos literários. Peço-te uma notícia simpática sobre o próximo fim de nosso maior homem de letras.
É preciso que haja alguém encarregado de escrever o artigo do Jornal sobre ele. Felizmente no Jornal há imaginação para os grandes fatos e não deixarão de tratar o Machado (como disse o Nabuco) como a palmeira do oásis deste deserto.
Por que não incumbem desse artigo o José Veríssimo, que é talvez o melhor conhecedor de Machado e sua obra?
Entre os que vieram hoje estava o Calmon.
Até agora o Barão do Rio Branco não tentou ir.
É provável que vá ainda. Indaga.
teu,
Graça Aranha
Conheça a Série Machado de Assis da Coleção L&PM POCKET, que contém, entre outros escritos, os dez romances do autor em edições ampliadas sob a coordenação editorial de Luís Augusto Fischer.