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Van Gogh e o mistério do cádmio

Ao terminar a tela “Flores em azul”, Vincent Van Gogh – como de costume – não protegeu a superfície da pintura com verniz. Isso só foi feito muitos anos depois de sua morte por um colecionador, na intenção de conservar melhor a obra. No entanto, o pequeno “desleixo” de Van Gogh somado à boa intenção do colecionador viraram um problema cheio de mistério…

Em 2009, notou-se que algumas das flores estavam ficando vermelho-acinzentadas. Sabia-se que o amarelo das flores vinha de um pigmento baseado em compostos químicos com o metal cádmio – só que o amarelo à base de cádmio pode até desbotar com o tempo, mas não mudaria de cor. Foi preciso submeter uma amostra diminuta da tinta afetada a potentes raios X gerados por aceleradores de partículas para desvendar o mistério: a culpa era do verniz.

Descobriu-se que reações químicas na camada de contato com o pigmento produziram oxalato de cádmio, o responsável pelos tons de vermelho e cinza. A saber: oxalatos são substâncias que se formam em outros pigmentos, mas nunca antes haviam sido detectados no material de cádmio.

O diagnóstico, porém, não prevê uma forma de reparo na obra, pois os átomos de cádmio no oxalato, vindos da tinta, estão entranhados no verniz, o que impede que este seja removido da tela. O processo implicaria alterar a camada original de pintura, o que ninguém se dispõe a fazer.

Só restou aos cientistas mapear a distribuição de cádmio na tela e ressuscitar de forma digital as flores flamejantes de Van Gogh. Eis o resultado:

vangogh

Para entender melhor a vida e a obra de Vincent Van Gogh, vem aí uma edição especial de Cartas a Théo seguido de Biografia de Vincent Van Gogh por sua cunhada, Cartas de Théo a Vincent e de Vincent a Émile Bernard, com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2014.

via Folha