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Verbete de hoje: Gilbert Shelton

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O verbete de hoje é Gilbert Shelton (1940)

Ao lado de Robert Crumb (veja em C), Gilbert Shelton é o mais popular desenhista dos quadrinhos do underground norte-americano. Seus Freak Brothers (Fat Freddy, Phineas e Franklin) são os reis da confusão de sexo, drogas, ócio, bagunça, birita, festas e rock’n’roll. Shelton, agora estabelecido na Califórnia, nasceu em Dallas, Texas. Ao contrário

de seus anti-heróis, trabalhou duro seis horas por dia na sua Rip Off Press, produzindo histórias cada vez melhores. Começou a carreira no Texas Ranger, publicação subterrânea da Universidade do Texas. Seu primeiro personagem de sucesso, Wonder Hart-Hog, o suíno de aço, era um porco machista, reacionário, repressor e chauvinista. A figura se tornou best seller da revista Help, lançada em 1965 por Harvey Kurtzman (veja em K). A consagração de Shelton aconteceu, porém, com o lançamento dos Freak Brothers em 1967, numa revistinha comix Austin Rag. Em 1968, Shelton mudou-se para a Califórnia onde, depois de algum tempo, junto com amigos, fundou a Rip Off Press. The Freak Brothers é o veículo através do qual Shelton ironiza e denuncia o ilusório “sonho norte-americano”. Também não perdoa os seus anti-heróis, colocando-os como ridículas figuras de uma sociedade marcada pelo moralismo de

fachada e um reacionarismo selvagem. As histórias dos Freak Brothers são geralmente acompanhadas pelas aventuras do Gato do Fat Freddy, deliciosas e irreverentes também. No Brasil, The Freak Brothers apareceram pela primeira vez em 1972, na revista Grilo, e posteriormente ganharam álbuns pela coleção “Quadrinhos L&PM”. Saíram dois volumes com as aventuras dos Freak Brothers e um com o Gato do Fat Freddy. A Conrad também lançou dois álbuns (2004 e 2005) com os personagens.

34. A história dos quadrinhos

O “Era uma vez… uma editora” de hoje está um pouco diferente. Como Ivan Pinheiro Machado está viajando, o post está menos autoral (mas nem por isso menos histórico). Semana que vem Ivan está de volta.

Tudo começou com um quadrinho: Rango, lançado pela L&PM em 1974. Dois anos depois, foi a vez de um álbum do cartunista e pintor Caulos, Só dói quando eu respiro, considerado o primeiro livro brasileiro de um autor importante que denunciava, através do cartum, a devastação ecológica. Em 1980, vieram os álbuns de luxo europeus clássicos, como os quadrinhos eróticos de Guido Crepax, entre eles História de O e vários títulos de Valentina e Anita.

 

Em meados da década de 80, começaram a ser publicados os álbuns clássicos de autores americanos, com destaque para Spirit, de Will Eisner, Fantasma, de Lee Falk, Batman de Bob Cane e Dick Tracy de Chester Gould.

Mais no final dos anos 1980, chegaram os quadrinhos undergrounds americanos como Freak Brothers de Gilbert Shelton e títulos de Crumb como Minhas mulheres. No meio de tudo isso, Moebius, Dik Browne, Quino, Jules Feiffer, Wolinski, Milton Caniff e outros grandes autores nacionais e internacionais que, juntos, somaram 120 títulos.

Esta coleção durou até os anos 90, mas deixou sua marca, cuja linha editorial serviu de inspiração para novas editoras. A tradição em publicar quadrinhos, no entanto, não se esgotou. Prova disso é que os títulos continuam chegando e fazendo parte do catálogo da editora. A partir de setembro deste ano, terá início a série Clássicos em HQ que somará oito títulos publicados em dez volumes. O primeiro deles será Robinson Crusoé. Depois virão A volta ao mundo em 80 dias, Dom Quixote, A ilha do tesouro, Um conto de natal, Os miseráveis, As histórias das mil e uma noites, Guerra e Paz e Odisseia.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo quarto post da Série “Era uma vez… uma editora“.