No dia do Repórter, 16 de fevereiro, lembramos de Hunter Thompson, jornalista cujas matérias deram origem ao gonzo jornalismo. Norte-americano nascido em Kentucky, Hunter Stockton Thompson inovou na forma e no conteúdo de suas reportagens. Mergulhando dentro de cada uma de suas pautas, acompanhado de muito álcool e turbinado por alguma substância ilícita, ele criou um jeito próprio de escrever que o elevou à categoria de celebridade “Cult”.
A criação do estilo gonzo aconteceu quase que por acidente, numa tentativa de orbitar entre o mundo do novo jornalismo de Tom Wolfe e Gay Talese e as liberdades ilusórias poéticas de William Burroughs e Jack Kerouac. Gonzo designa um estilo de grande reportagem marcada pela participação do jornalista no âmago da reportagem, cuja redação é feita em primeira pessoa, com uso de sarcasmo e digressões, onde é muito difícil diferenciar ficção e realidade.
“Se os praticantes do Novo Jornalismo seguiam uma série de regras e se mantinham fiéis ao mais elementar dos paradigmas jornalísticos (a distância entre o observador e o que é observado), Thompson queria transpor a barreira essencial que o separava da ficção: o compromisso com a verdade. Também chamado de jornalismo fora-da-lei, jornalismo alternativo e cubismo literário, o gênero inventado por Thompson tinha sua força baseada na desobediência de padrões e no desrespeito das normas estabelecidas, o que contribuiu para que o seu criador logo se tornasse um dos principais ícones da contracultura. Enquanto Truman Capote esmiuçava os mais secretos pormenores de um assassinato com pretensa neutralidade, Thompson foi morar durante dezoito meses com os Hell’s Angels para fazer de sua própria experiência um raio-x preciso de uma das mais perigosas gangues de motoqueiros dos Estados Unidos. Foi o jornalista Bill Cardoso quem cunhou o termo gonzo em uma carta que escreveu ao amigo: ‘Eu não sei que porra você está fazendo, mas você mudou tudo. É totalmente gonzo’. Segundo Cardoso, a palavra originou-se da gíria franco-canadense gonzeaux, que significaria algo como ‘caminho iluminado.’.” escreveu sobre Hunter Thompson o jornalista André Czarnobai, o Cardoso.
Hunter Thompson incorporou e adotou o termo gonzo pouco antes de aceitar cobrir uma corrida no deserto de Nevada, para a revista Sports Illustrated. Em um conversível vermelho, ele partiu para Las Vegas na companhia de seu advogado, um samoano nada confiável. O resultado dessa aventura cercada de viagens alucinantes e alucinógenas acabou virando seu principal livro: Medo e Delírio em Las Vegas.
Dele, a Coleção L&PM Pocket publica ainda Rum – Diário de um jornalista bêbado, seu único livro de ficção. Mas que, claro, é baseado na sua própria experiência como jornalista e… bêbado.