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O nascimento de Henry Miller

Henry Valentine Miller chegou como um presente de Natal atrasado. Nasceu no dia 26 de dezembro de 1891 em Nova York, filho de uma modesta família de origem alemã. Com o pai, que era alfaiate, o jovem Henry teve uma ótima relação. Já com a mãe, uma mulher intolerante e severa, a harmonia não foi tanta.

Sua juventude foi difícil e Henry passou a maior parte dela perambulando pelas ruas do Brooklyn ou cuidando da irmã com problemas mentais. Nesse período, leu toda a obra de Dostoiévski. Ao abandonar os estudos – porque não conseguiu se encaixar no sistema tradicional de ensino – fez de tudo um pouco: foi lavador de pratos, mergulhador, açougueiro, caixeiro-viajante, jornalista, entre outras profissões.

Aos 21 anos, foi morar na Califórnia e descobriu o anarquismo e, em 1917, casou-se com a primeira das cinco esposas que teria ao longo da vida –  e que seriam transformadas em personagens de muitas de suas obras.

Por volta de 1930, Henry viajou para Paris com os parcos recursos obtidos com a venda de seus livros. Lá conheceu personalidades importantes da cena artística, entre elas, Anaïs Nin, que viria a ser sua amante e que financiaria Trópico de Câncer, lançado em 1934 e logo proibido nos EUA, acusado de obscenidade e pornografia.

Nos anos 40, o autor passou uma temporada em Big Sur (depois Jack Kerouac faria o mesmo) e lá escreveu e pintou muito. Tão forte foi a ligação de Henry Miller com Big Sur que, ao morrer, em 7 de junho de 1980, suas cinzas foram lançadas nestas montanhas da costa californiana.

Henry Miller no início dos anos 30

Henry Miller no início dos anos 30

Henry Miller em sua cabana em Big Sur

DEZEMBRO

Conheci Henry Miller.

Ele veio almoçar com Richard Osborn, um advogado que eu tinha que consultra sobre o contrato para meu livro de D. H. Lawrence. Quando ele saltou do carro e se dirigiu para a porta onde eu estava esperando, vi um homem de que gostei. Em seus escritos ele é extravagante, viril, animal, opulento. E um homem a quem a vida embriaga, pensei. É como eu. (…) Conversamos durante horas. Henry disse as coisas mais verdadeiras e profundas, e ele tem um jeito de dizer “mmmm” enquanto divaga por sua viagem instrospectiva.

(Trecho de Henry & June, de Anaïs Nin, e que faz parte dos Diários Não-Expurgados da escritora)

De Henry Miller, a Coleção L&PM Pocket publica A hora dos assassinos e O colosso de Marússia.

Anaïs Nin relata suas aventuras eróticas com todos os tons do arco-íris

Muito se fala em literatura erótica depois do mega sucesso internacional da trilogia “50 tons de cinza” de E. L. James. A glória súbita das grosserias sadomasoquistas do empresário-playboy Christian Grey gerou uma onda de semi-plágios de capa semelhante, onde muitos editores tentam o seu quinhão nesta corrida caça-níquel.

Em meio ao frisson erótico que tomou conta das mentes e das livrarias, não posso deixar de lembrar a “verdadeira” grande dama que  paira acima de toda esta tralha dita “erótica”. Trata-se de Anaïs Nin, cujos “Diários não-expurgados” a L&PM publicou em três partes: Henry & June, Fogo e Incesto. Os dois primeiros já têm versão em pocket e Incesto deverá ser lançado em formato de bolso em breve

Intelectual de respeito e mulher bonita, Anaïs Nin marcou época na louca Paris dos anos 1930. Apesar de ser apaixonada pelo marido, Hugh Guiler, ela não hesitava em jogar-se nas mais loucas aventuras amorosas onde dava vazão a todas as suas fantasias sexuais que, diga-se de passagem, não eram poucas. Seja com o célebre Henry Miller, autor de Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio (ambos os livros, também, clássicos das literatura erótica), seja com Antonin Artaud, os seus psicanalistas (eram dois), amigos próximos ou a bela June, seus relacionamentos eram intensos e com alta voltagem erótica. E o melhor: todas as suas aventuras sexuais foram registradas minuciosamente em seus diários. Estes diários foram publicados em 1966, quando Anaïs em pessoa fez severos cortes para preservar amantes, amigos e família. Respeitando seu desejo expresso, somente em 1986, anos após a sua morte, os diários foram publicados na íntegra, incorporando centenas de trechos que haviam sido cortados na versão de 1966.

Anaïs Nin na Coleção 64 páginas

Assim, nesta época de muitos tons de cinza, é importante lembrar este verdadeiro clássico do erotismo contemporâneo. Eu diria até que é tão intenso e tão verdadeiro que os diários não-expurgados de Anaïs Nin estão muito mais para os 500 tons do arco-íris do que para 50 tons de cinza. (Ivan Pinheiro Machado)

O mais recente lançamento de Anaïs Nin na Coleção L&PM Pocket é A fugitiva (Coleção 64 páginas) que reúne 3 textos escritos sob encomenda para um cliente misterioso nos anos 40 e publicadas postumamente. As três histórias se entrelaçam como um complexo triângulo amoroso, bem ao estilo de Anaïs Nin: O basco e BijouManuel A fugitiva são uma ode ao erotismo.