Ivan Pinheiro Machado
Eduardo Galeano é a grande referência internacional do Uruguai. É apaixonado por futebol e autor do clássico Futebol ao sol e a sombra. Sem arroubos patrióticos, Galeano é apaixonado pela sua Celeste, como é chamada carinhosamente a seleção uruguaia. E nós somos seus editores no Brasil, razão pela qual TODOS os grandes veículos de comunicação brasileiros, via amigos ou desconhecidos, pedem para que intercedamos junto ao Galeano para que ele dê declarações e entrevistas a respeito do grande confronto de amanhã contra a Holanda nas semi-finais da Copa. A todos damos a mesma desculpa: não temos esse poder. O que temos feito, diante do assédio da imprensa pedindo telefone, endereço e pistolão é… dar o e-mail. E mesmo por e-mail, todas as tentativas de contactá-lo têm caído no vazio. Pelo que sei, a única pessoa que ele atende, em meio a sua concentração cívica e futebolística ,é seu tradutor, o escritor Sergio Faraco, que está retraduzindo As Veias Abertas da América Latina. Por outro lado, soubemos de fonte segura que ele esteve incógnito, assistindo a Uruguai e Gana no telão da Plaza Independência em Montevidéu, no meio da massa. Quem sabe ele não vai lá amanhã?
Eu compreendo o Galeano. Primeiro, ele está curtindo recluso esta fábula maravilhosa que é seu pequeno país chegar entre as quatro grandes equipes do planeta; que histórias deve estar dando este frenesi! E por mais que ele seja interrompido amanhã contra a Holanda, já terá sido um grande feito da Celeste. E segundo, Galeano, na sua honrada e sincera modéstia, deve estar constrangido, porque – apesar de seu status de celebridade, afinal é publicado em mais de 30 países – jamais se considerou porta-voz do povo uruguaio.
A L&PM está publicando durante a Copa a série Futebol ao sol e à sombra. Diariamente são postados trechos do livro de Galeano. Veja os posts feitos até agora:
– Gol de Maradona
– O gol
– O árbitro
– Gol de Nilton Santos
– O pecado de perder