Roberto Freire foi psicanalista, escritor, jornalista, dramaturgo e, como ele mesmo gostava de dizer, um anarquista. Autor de vários bestsellers, faleceu em 23 de maio de 2008, aos 81 anos. Entre seus legados, está o livro Cleo e Daniel, escrito na década de 1960 e relançado pela Coleção L&PM Pocket há poucos dias atrás, depois de ficar mais de uma década fora do mercado. Cleo e Daniel agora tem introdução do escritor Ignacio de Loyola Brandão que era amigo de Freire: “Foi um impacto, Cleo e Daniel estourou em vendas, estava nas mãos de todos os jovens. Falava-se de Cleo, de Daniel e de Roberto. Tenho uma curiosidade imensa de saber como se comportará este romance quase cinquenta anos depois. Verdade que grandes livros nunca envelhecem. Como será visto hoje pela geração facebook, linkedin, iPhone, iPad, internet, twitter, rede social. Pensar que Roberto escrevia a lápis.”
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Cleo e Daniel na era das redes sociais
Cleo e Daniel é um livro que Roberto Freire lançou em 1965 e que, além de ter se transformado em bestseller, virou filme dirigido pelo próprio autor. Mais de 40 anos depois, Cleo e Daniel volta ao mercado pela Coleção L&PM Pocket. A seguir, o texto que o escritor e jornalista Ignacio de Loyola Brandão escreveu especialmente para esta edição que acaba de sair do forno. E que explica um pouco porque a obra de Freire segue sendo atual.
Conheci Roberto Freire e dele fiquei amigo nos anos 60 quando trabalhamos juntos em Última Hora, jornal que já desapareceu. Fiquei abismado ao saber que ele escrevia à mão. Sempre escreveu. Depois que já era psicanalista, ou seja lá o que for. Falávamos de cinema, de São Paulo, de putas, de sexo, de homossexuais, de drogas. Ele tinha um jeito meio louco e eu ficava fascinado com sua maneira de ver as coisas e o mundo. Um dia, ele me trouxe um calhamaço: Quer dar uma olhada nisso? Tem saco? É um romance. Li em dois dias. Maravilhado, porque ali estava uma visão nova da juventude naqueles confusos anos 60. Confusos porque tínhamos batalhado por liberdade, sexo, tudo, e tínhamos levado a porrada da ditadura na cabeça. Enfim surgia um livro diferente, claro, aberto. Mudava a literatura, a visão das coisas, nesta história de um amor tresloucado, puro. O mundo estava mudando, o Brasil também. Roberto surgiu com uma linguagem solta, descolada, atraente, poética e sensual. Foi um impacto, Cleo e Daniel estourou em vendas, estava nas mãos de todos os jovens. Falava-se de Cleo, de Daniel e de Roberto. Tenho uma curiosidade imensa de saber como se comportará este romance quase cinquenta anos depois. Verdade que grandes livros nunca envelhecem. Como será visto hoje pela geração facebook, linkedin, iPhone, iPad, internet, twitter, rede social. Pensar que Roberto escrevia a lápis.