Quem olha desatentamente a tela “Paisaje Pagano Medio”, feita por Salvador Dalí em 1937, talvez não perceba a presença de Sigmund Freud. Mas o pai da psicanálise está ali, pintado em forma de busto de pedra, integrado à uma paisagem feita de sombra e sonho. Uma pintura que agora chega à São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro.
A mostra que acaba de desembarcar na capital paulista é uma das maiores do pintor surrealista já realizada no país – a mesma que levou quase 1 milhão de pessoas ao Centro Cultural Banco do Brasil no RJ. Aberta em 19 de outubro, segue até 11 de janeiro no Instituto Tomie Ohtake.
Freud é presença marcante nessa exposição. Até porque nenhum outro autor ou pensador teve tanto impacto sobre a obra do excêntrico espanhol do que o médico austríaco. Após ler “A interpretação dos sonhos”, traduzida para o a língua hispana nos anos 1920, Dalí encontrou em Freud a base da invenção de seu mundo surreal, centrado no sexo e repleto de imagens significativas como muletas sustentando rostos flácidos (que críticos vêem como uma alusão à impotência sexual do artista). “Dalí era obcecado por sexo” disse Eliane Robert Moraes, especialista em literatura erótica, em matéria da Folha de S. Paulo. “Aquilo que em Freud seria doença é chamado de expressão poética em Dalí”, ela completou.
Mas o fato é que apesar da sua ligação onírica com Freud, o pintor não se interessou pelas teorias da psicanálise propriamente ditas. Quando conseguiu encontrar-se com o sábio Sigmund, ele já estava à beira da morte e quase não trocaram palavras. Foi nesse dia, no entanto, que Dalí fez mais um desenho de seu “ídolo”.
SERVIÇO
O que: Salvador Dalí
Quando: De 19/10/2014 a 11/01/2015
Onde: Instituto Tomie Ohtake, av. Brig. Faria Lima, 201 – Fone (11) 2245-1900
Quanto: Grátis