Antes de discorrer novamente sobre a Expo Shangai 2010, uma descoberta: os chineses não são tão desrespeitosos no trânsito quanto eu achava que fossem. É que mesmo com o sinal verde aceso para pedestres, você pode ser atropelado por um veículo que vem dobrando a esquina, já que aqui na China o vermelho só vale para fazer parar os carros que seguem reto ou fazem conversão à esquerda. Os que dobram à direita tem sempre passe livre e não querem nem saber se tem faixa de segurança. Ou seja, o que eu achei que era uma infração, é apenas um perigo iminente. E agora as considerações sobre a Expo. Essas bem mais positivas e animadoras do que as do post passado. Acho que não cheguei a dizer o quão impressionante é a feira e tudo o que é possível ver por lá. Então digo agora. A Expo Shanghai 2010 é, como diria Ferlinghetti na tradução de um livro publicado pela L&PM há anos atrás: um parque de diversões da cabeça.
Tirando a decepção que tive com o pavilhão brasileiro, os outros me impressionaram bastante. O da Colômbia também era bem modesto, mas pelo menos tinha colombianos simpáticos e café de alta qualidade. O do México (foto ao lado) era um lindo museu interativo, com obras verdadeiras que vão de esculturas pré-colombianas a instalações que sobem pelas paredes, passando por uma pintura de Frida Khalo. Pra completar, uma loja maravilhosa com belíssimas peças de artesanato e um restaurante mexicano com taco, burritos e guaca mole. No pavilhão dos Estados Unidos, confesso, chorei vendo o vídeo de abertura. A ideia norte-americana era muito simples: três filmes em espaços diferentes, exibidos em supertelões. Todos mega produzidos, claro. O primeiro era uma espécie de making off em que diferentes americanos tentavam dizer “Nihao” – que em Chinês significa algo como “Olá, tudo bem?” – e mais outras coisas amigáveis. Depois, as portas se abriam e começava outro filme com crianças falando sobre suas soluções e invenções para um futuro melhor – e que terminava com o presidente Obama em big close dizendo “We are waiting for you in America”. Vamos combinar que ele não quer de verdade receber um bilhão e quatrocentos milhões de chineses em casa, mas ok. Por último, um vídeo que era super piegas e com o roteiro bem fraquinho, mas que teve o mérito de, literalmente, fazer chover: quando a chuva começa a cair no filme, um chuvisco acompanhado de raios, trovões e vento forte atinge a platéia. Hollywood pouca é bobagem…
O pavilhão da Itália, com vários andares, tem projeto de design de Peter Greenaway (não me perguntem porque eles chamaram um inglês, mas ele arrasou) e é o mundo maravilhoso das formas. Um espaço estupendo, exageradamente delicioso de se ver. Todas as épocas, todas as cores, todas as áreas do design estão lá em um prédio que sozinho já é um espanto de tão envolvente. No post anterior já mostrei algumas fotos do local e nesse há uma silhueta minha posando de Monalisa. Ou quase…
No próximo post falo um pouco mais sobre a Expo. E depois juro que encerro o assunto e começo a contar outras coisas. Ainda vou falar das livrarias de Xangai, de templos budistas, de feiras de quinquilharias e até do Carrefour daqui que, urgh, vende sapos e tartarugas vivas pras pessoas cozinharem em casa.