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Thiago Lacerda encarna Macbeth com som e fúria

Por Paula Taitelbaum

O crítico Nelson de Sá escreveu sobre a peça Macbeth, de Shakespeare, dirigida por Ron Daniels, no Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo. Em seu texto, o crítico diz que Thiago Lacerda, ator que dá vida ao personagem título, “vai do heróico ao demoníaco numa trajetória convincente e assustadora”. No sábado, 14 de novembro, eu estava em São Paulo e fui assistir à montagem no Sesc Vila Mariana. E por isso digo mais: a atuação de Thiago Lacerda é literalmente uma loucura. Ele grita, cospe, mata, ama, odeia, luta e alucina com a força e o vigor de um ator que poderia muito bem estar atuando no Globe Theatre em Londres. Há três anos atrás, o mesmo Lacerda escarnou Hamlet, sob a mesma batuta de Daniels, mas eu confesso que nem sabia.

Giulia Gam como Lady Macbeth não fica atrás e Nelson de Sá escreveu que é “sua maior interpretação no palco em muito tempo”. Eu já tinha visto Giulia num palco e sabia do que ela era capaz, afinal é uma atriz que começou nos palcos. Mas de Thiago eu não sabia o que esperar. E me surpreendi justamente porque não há uma só cena em que ele não surpreenda. A minha preferida é uma cena em que ele está enrolado em um cobertor, já totalmente dominado pelo delírio paranóico.

Se for a São Paulo, fica a dica para assistir. Além das atuações, o figurino (que lembra o uniforme do BOPE), a música, os adereços e o cenário enriquecem as atuações na medida exata. Por falar em medida, o mesmo elenco e o mesmo diretor também estão em cartaz com outra peça de Shakespeare: Medida por medida. Quinta e sábado, eles apresentam Macbeth, sexta e domingo, Medida por medida. A temporada paulista das duas peças vai até final de janeiro.

Ah, e pra quem não sabe, Ron Daniels é um dos maiores especialistas em Shakespeare do mundo.

Thiago Lacerda encarna um Macbeth primoroso

Thiago Lacerda é o tirano Macbeth em uma atuação excepcional

Divulgado o trailer do novo filme Macbeth

Uau! Michael Fassbender como Macbeth e Marion Cotillard como Lady Macbeth é para arrancar suspiros. A nova adaptação para o cinema de uma das mais famosas obras de Shakespeare foi apresentada no último Festival de Cinema de Cannes. Esta semana o trailer começou a circular pela internet e não poderíamos deixar de postá-lo aqui:

Adaptações de Macbeth para a grande tela já foram dirigidas por Orson Welles e também Roman Polanski. Agora é a vez de Justin Kurzel assinar a direção do roteiro escrito por Jacob Koskoff. A estreia no Reino Unido será em 2 de outubro. Ainda não sabemos quando chegará por aqui, mas aguardamos ansiosos. 😉

A L&PM publica Macbeth em pocket e no volume Shakespeare Série Ouro com tradução de Beatriz Viégas-Faria.

Teatro de bolso

Teatro do Absurdo, da Crueldade, de Revista, de Rua, do Oprimido, Elisabetano, Épico, Japonês, Invisível, Grego… estes são só alguns (nem a metade!) dos tipos listados no Dicionário de Teatro, de Luiz Paulo Vasconcellos (Coleção L&PM Pocket). E por falar nisso, 28 de março é o Dia Mundial do Teatro, de todos estes teatros, que em sua essência têm o mesmo objetivo: tocar o público, fazer rir ou fazer chorar.

A santíssima trindade do teatro grego – Ésquilo, Sófocles e Eurípedes – fazia o público chorar como ninguém. As tragédias escritas por eles há mais de dois mil anos como Édipo Rei, Sete contra tebas e Antígona são reencenadas ainda hoje em todo o mundo e a dramaturgia contemporânea ainda se alimenta de personagens como Édipo, Medeia, Helena de Troia, Antígona e Electra.

Cena de “Antígona”, de Sófocles.

No volume Tragédias gregas, da série Encyclopaedia, você pode conhecer em detalhes a biografia dos principais autores trágicos e o contexto de sua obra. Já se o assunto for comédia, o maior representante foi Aristófanes, autor de Lisístrata –  A greve do sexo.

Avançando mais de um milênio, em plena Londres do século 16, eram exibidas as primeiras peças de um tal William Shakespeare, que veio a se tornar um dos autores mais encenados de todos os tempos. Textos como Hamlet, MacbethSonho de uma noite de verão inspiraram adaptações, paródias e versões para cinema e TV. São cerca de 20 títulos do autor na Coleção L&PM Pocket e um volume inteiro dedicado ao dramaturgo inglês na série Ouro: Shakespeare – Obras escolhidas.

Confira a lista completa de textos teatrais publicados pela L&PM, que contém entre outros autores os brasileiros Millôr Fernandes e Martins Pena, os russos Anton Tchekhov e Máximo Gorki e o francês Molière.

Macbeth para crianças

Você consegue imaginar a tragédia de Macbeth, de Shakespeare, interpretada por palhaços em uma peça infantil repleta de cambalhotas e caretas? Pois é exatamente isso que a premiada Cia Vagalum Tum Tum está apresentando no SESC Pompeia em São Paulo. A preços populares, que variam de R$ 8,00 a R$ 1,60, as crianças e os adultos podem se divertir na montagem “Bruxas da Escócia”, uma história que começa com o general Macbeth sendo homenageado por vencer a guerra e proteger a Escócia.

Como na história original, Macbeth encontra três bruxas que dizem que ele será rei e aguçam seu desejo pelo poder. O general então bola um plano – junto com sua mulher Lady Macbeth – para lançar seu amigo e atual rei Duncan para o espaço através de uma catapulta.

Dirigida por Ângelo Brandini, do Doutores da Alegria, “Bruxas da Escócia” utiliza músicas em clima de pequena ópera, além de truques de mágica. Pelas críticas que andam saindo na imprensa, vale a pena conferir.

Agende-se porque ela só fica em cartaz até o próximo final de semana em horário alternativo: sempre às 12h.

Macbeth e Lady Macbeth

Macbeth e Lady Macbeth

SERVIÇO

O que: Bruxas da Escócia
Quanto: R$ 8 – R$ 4 (meia-entrada) e 1,60 (comerciário)
Onde:  Sesc Pompeia  – Rua Clélia, 93, Água Branca – Oeste – (11) 3871-7700
Quando: até 03/08 – Sábados e Domingos às 12h

Shakespeare no cinema

Enquanto a capital paranaense se prepara para o início do Festival de Teatro de Curitiba 2014 (de 25/3 a 13/4), o Museu da Imagem e do Som do Paraná realiza a mostra “Tragédias de Shakespeare no cinema”, com sessões gratuitas sempre às 19h30 no Auditório Basílio Itiberê.

Confira a programação:

19/3 – Hamlet de Laurence Olivier

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20/3 – Otelo de Orson Welles

Othello

21/3 – Macbeth de Roman Polanski

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Um novo Macbeth nos cinemas

A manipuladora Lady Macbeth é considerada por muitos como a grande personagem feminina de Shakespeare. Ambiciosa, é ela quem estimula e ajuda o marido a matar o rei Duncan para assumir o seu lugar.

Macbeth – E no caso de fracassarmos?

Lady Macbeth – Nós fracassarmos? Estica as cordas no alaúde de tua coragem, e não falharemos. Quando Duncan estiver dormindo (e para a cama sadiamente o terá confinado a dura jornada do dia de hoje), seus dois camareiros encarrego-me eu de dominar com vinho e, de brinde em brinde, não será mais que vapores a memória, essa sentinela do cérebro, e não será mais que alambique esse recipiente da razão. Quando estiverem dormindo como dois porcos, duas naturezas encharcadas, dois corpos numa espécie de morte estirados, o que não podemos, tu e eu, aplicar no indefeso Duncan?… que não se possa impingir a seus dois oficiais-esponja?… que vão carregar a culpa do nosso formidável crime de morte?

Agora imagine essa cena tendo Marion Cotillard como Lady Macbeth. A bela e talentosa atriz francesa, oscarizada por sua interpretação em Piaf, já assinou o contrato para viver a personagem. Cottilard substituiu Natalie Portman que havia sido anunciada no papel durante o último Festival de Cannes. A nova versão da tragédia shakespeariana, que começará a ser rodada em 2014, terá Michael Fassbender como Macbeth. A direção será de Justin Kurzel e a produção de Iain Canning e Emile Sherman, de “O Discurso do Rei” (2010).

A previsão de estreia é para 2015, mas aguardaremos ansiosos.

Bela dupla: Marion Cottilard e Michael Fassbender serão o casal Macbeth na nova versão cinematográfica da obra de Shakespeare

Bela dupla: Marion Cottilard e Michael Fassbender serão o casal Macbeth na nova versão cinematográfica da obra de Shakespeare

A L&PM publica Macbeth em pocket e no volume Shakespeare Série Ouro com tradução de Beatriz Viégas-Faria.

Shakespeare na boca do povo

Shakespeare é pop. Muito pop. Não só porque suas histórias são conhecidas no mundo inteiro – e porque Romeu e Julieta virou nome de queijo com goiabada -, mas também pelo fato de que muitas das expressões que estão na boca do povo foram inventadas por ele. “Isso parece grego pra mim”, “Mais pra lá do que pra cá”, “Sem pregar o olho”, “Dias melhores virão”, “O próprio diabo encarnado” são expressões shakespearianas ditas por seus personagens. Sem contar aquelas que são o próprio nome de livros como “Medida por medida” e “Bem está o que bem acaba”. Não bastasse isso, ele criou 1.700 novas palavras que hoje fazem parte do vocabulário mundial. Alguns exemplos são Advertising (Publicidade), Bandit (Bandido), Champion (Campeão), Generous (Generoso), Obscene (Obsceno), Torture (Tortura) e Zany (Bobo). 

Veja aqui alguns exemplos de expressões criadas por Shakespeare e descubra em que livros elas estão:

Meu reino por um cavalo! (Ricardo III)

Nem tudo o que reluz é ouro. (O mercador de Veneza)

Há mais coisa entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia. (Hamlet)

O resto é silêncio… (Hamlet)

O que não tem remédio, remediado está. (Otelo)

Prudência! Quem mais corre, mais tropeça! (Trabalhos de amor perdidos)

Há algo de podre no reino da Dinamarca. (Hamlet)

A mulher é um prato para os deuses, quando não é o demônio que a prepara. (Antonio e Cleópatra)

Morrer…dormir… talvez sonhar. (Hamlet)

O bem que os homens fazem quase sempre é enterrado com seus ossos… (Julio César)

Colocar o carro na frente dos bois. (Ricardo III)

O ciúmes é um monstro de olhos verdes. (Otelo)

Você pode conhecer mais citações de Shakespeare no livro Shakespeare de A a Z. A Coleção L&PM Pocket publica 22 peças assinadas por ele e com traduções primorosas feitas por mestres como Millôr Fernandes e Beatriz Viégas-Faria: Medida por medida, Hamlet, O Rei Lear, A megera domada, Romeu e Julieta, Otelo, Macbeth, Ricardo III, Antonio e Cleópatra, Julio César, Como gostais / Conto de inverno, Tito Andrônico, Bem está o que bem acaba, O mercador de Veneza, Henrique V, A tempestade, Trabalhos de amor perdidos, Sonho de uma noite de verão, Noite de reis, Muito barulho por nada, A comédia dos erros e As alegres matronas de Windsor.

Macbeth com Marcello Antony chega a Porto Alegre

Enquanto Bob Wilson apresenta sua versão de Macbeth a São Paulo, em Porto Alegre, outra montagem dessa tragédia Shakespeareana chega ao palco do Theatro São Pedro. A versão, nesse caso, é de Gabriel Vilella e traz Marcello Antony no papel título. O detalhe é que, na peça brasileira, há apenas homens no elenco, exatamente como Macbeth era encenada originalmente no século XVII.

Marcello Antony e Claudio Fontana, o casal Macbeth

Para compor o figurino da peça, a produção adquiriu mais de 30 malas antigas de couro e papelão em brechós e antiquários que depois foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra pelo artesão potiguar Shicó do Mamulengo e pelo próprio Gabriel Vilella. O diretor também trouxe tapeçarias antigas de diversos lugares do mundo para complementar o figurino.

SERVIÇO:

O que: Macbeth em Porto Alegre
Onde: Theatro São Pedro
Quando: de 23 a 25 de novembro de 2012 (sexta e sábado às 21h e domingo às 18h)
Preço: De R$ 30,00 a R$ 70,00

A Coleção L&PM Pocket publica mais de 20 títulos de Shakespeare.

“Macbeth” de Bob Wilson tem estreia mundial em São Paulo

Chegou a vez de Bob Wilson emprestar seu estilo inconfundível à montagem de Macbeth, de Willian Shakespeare. Dá pra dizer, na verdade, que é uma adaptação da adaptação, pois a montagem do diretor norte-americano é feita sobre o texto lírico de Giuseppe Verdi, que virou ópera em 1847. Os figurinos e cenários escuros, muitos silêncios, silhuetas e jogos de luz em cena dão o “tom Bob Wilson” para um dos textos mais encenados de todos os tempos.

“O diretor concebeu um espetáculo escuro. Os trajes de época dos cantores são negros. Também negros são os cenários laterais. No de fundo, única concessão, a cor clara funciona para colocar como silhuetas os personagens coletivos – cortesãs, feiticeiras ou militares. Só os personagens principais têm o rosto iluminado. Eles andam, mas não gesticulam. Se carregam as mãos ensanguentadas pela cumplicidade ou pelo cometimento de homicídios, elas ficam esticadas, e as luvas, clareadas por uma discreta luz negra”, escreveu o jornalista João Batista Natali no caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo, nos deixando com ainda mais vontade de assistir à peça 😉

Montagem de Bob Wilson tem estreia mundial no Teatro Municipal de São Paulo nesta sexta, dia 23.

Macbeth, de Bob Wilson
Quando: sexta/23, terça/27 e quinta/29 às 20h e domingo/25 às 15h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo
Quanto: de R$40 a R$100
Classificação: 10 anos

Autor de hoje: William Shakespeare

Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 1564 – † Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 1616

Considerado um dos principais dramaturgos da literatura universal, sua vida é ainda um enigma, já que existem poucas informações seguras a respeito. Filho de um homem próspero e de boa posição social, que logo se arruinou, casou-se aos dezoito anos. Pouco depois, mudou-se para Londres e, sozinho, trabalhou como guardador de cavalos no teatro de James Burbage, O Globe Theatre. Nesse mesmo ambiente, tornou-se ator e dramaturgo, reescrevendo textos de autores que vendiam seus repertórios às companhias teatrais. Com o tempo, Shakespeare tornou-se famoso e recuperou a fortuna familiar. Além de textos para o teatro, escreveu poemas e sonetos. Sua obra principal é formada por tragédias e comédias que atravessaram séculos e que são fonte de inspiração para numerosas narrativas, uma vez que transmitem um profundo conhecimento da natureza humana.

Obras principais: Romeu e Julieta, 1594-1595; Hamlet, 1600-1601; Otelo, 1604-1605; O Rei Lear, 1605-1606; Macbeth, 1605-1606; A tempestade, 1611-1612

 WILLIAM SHAKESPEARE por Léa Masina

Embora Shakespeare tenha escrito bons sonetos, é mais conhecido pelas peças para o teatro, tanto tragédias quanto comédias, um completo repertório sobre a condição humana. O crítico Harold Bloom considera-o como o centro do cânone ocidental e, portanto, paradigma para avaliar a literatura.

É difícil escolher uma tragédias de Shakespeare e indicá-la como leitura obrigatória. Em meu entender, Hamlet, Otelo, Macbeth, O Rei Lear e A tempestade ocupam um espaço fundamental na construção do universo shakesperiano, embora não se possa deixar de ler os Henriques e os Ricardos, Romeu e Julieta e as comédias. Questões éticas, políticas, morais, naturais e suas transgressões compõem esse universo rico e amplo.

Para iniciar-se no universo Shakespeare, recomenda-se ler Macbeth. A leitura é fascinante, já que ali estão representadas questões humanas de extrema intensidade. Perpassado pela crueldade de uma época em que a Inglaterra estava em formação, encontra-se em Macbeth a articulação literária da ambição e da loucura. Lady Macbeth é uma personagem inesquecível, que domina a cena até mesmo quando desaparece. Os diálogos de Shakespeare e seus maravilhosos solilóquios ensinam aos escritores de hoje a arte de construir falas capazes de identificar o caráter de cada personagem. Há em Macbeth – como também em O Rei Lear – a identificação medieval do rei com a natureza. E disso decorre a denúncia de que o mundo adoece quando entram em crise os valores morais de uma época. Shakespeare elege o sofrimento como mecanismo de ação e cria relações humanas de extremo conflito para expor os desvãos da consciência humana nas falas e nas ações. Em Rei Lear, por sua vez, encontramos a complexidade das relações familiares, sempre perpassadas pelo poder feudal. O bobo da corte ali é a consciência explícita de um rei que se despoja de seu reino e do poder em favor das filhas. Essas, à exceção de Cordélia, irão traí-lo e humilhá-lo, o que torna proverbial a constatação do bobo de que ninguém deve envelhecer sem antes tornar-se sábio.

Com relação às comédias, há muito o que dizer: nelas se lê amor e desencontros. Cabe advertir que a obra de Shakespeare é um mundo a ser desvelado ao longo de toda uma vida. E nunca é tarde para começar.

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Shakespeare é o escolhido deste final de semana porque dia 23 de abril foi seu aniversário de morte (e supõe-se que ele também tenha nascido neste dia).