Para comemorar o aniversário de 109 anos de Georges Simenon, compartilhamos aqui e agora algumas capas das primeiras edições em pocket das histórias do Comissário Maigret. Elas foram publicadas nos anos 1940 nos EUA e, hoje, continuam fazendo sucesso na Coleção L&PM Pocket. Sinal de que Simenon não envelhece nunca…
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“Maigret e os flamengos” (não confunda com os flamenguistas)
Você sabe o que é “Flamengo”? Se respondeu que é o time que tem a maior torcida do mundo, errou. Flamengos eram chamados aqueles que, originalmente, nasciam na região de Flandres, no norte da Bélgica, território que historicamente fazia parte dos Países Baixos – e que até hoje fala neerlandês (idioma oficial da Holanda e que também é conhecido como língua… flamenga). Com o tempo, todos aqueles que falavam neerlandês acabaram sendo chamados de “flamengos” (a Praia do Flamengo, onde nasceu o time rubro negro, foi assim batizada porque lá morava um holandês).
Os flamengos acabaram se tornando maioria na Bélgica, mas por terem sido incorporados ao país mais tarde e por não falarem o francês, sofreram discriminação. Prova disso é que somente em 1930 a Universidade de Gent começou a dar aulas de neerlandês e só em 1967 a constituição belga foi traduzida para este idioma.
Em Maigret e os flamengos, mais recente lançamento da Série Simenon (inédito no Brasil), Georges Simenon faz uma espécie de resgate histórico do preconceito aos flamengos belgas, mostrando um grupo fechado de comerciantes do norte da Bélgica que vive em Givet, na França, e que é suspeito de estar envolvido em um crime. Extra-oficialmente, o comissário Maigret vai à Givet investigar o caso:
“Era preciso falar muito alto, devido à barulheira do vento. Em Givet, a quinhentos metros, era apenas um conjunto de luzes. A casa dos flamengos se desenhava sobre um céu de tormenta e mostrava janelas amareladas por luzes suaves.
– De onde eles vêm?
– Do Norte da Bélgica… O pai Peeters nasceu logo acima de Limburgo, na fronteira holandesa…”