Um acervo de manuscritos de Franz Kafka finalmente deixará de ser propriedade privada da família de Max Brod, o melhor amigo do escritor, e será doado para a Biblioteca Nacional de Israel. A decisão do tribunal israelense pôs fiz a uma briga que já dura quatro décadas.
Tudo começou em 1968, com a morte de Brod. Em seu testamento, ele pedia que o espólio do amigo fosse doado à Universidade Hebraica de Jerusalém, à Biblioteca Municipal de Tel Aviv ou a outra instituição em Israel ou no exterior. Mas sua secretária Esther Hoffe, que ficou responsável pelo acervo, ignorou o testamento e deixou com as filhas de Brod a decisão sobre o que fazer com aquelas preciosidades, como um presente seu para as garotas. Com isso, centros universitários e arquivos nacionais alemães e israelenses também entraram na briga e levaram esta disputa para a justiça.
Vale dizer que estes manuscritos poderiam nem existir, já que antes de morrer, Kafka pediu a Max Brod que queimasse os textos. Felizmente, Brod não acatou a vontade do amigo. Mas estima-se que o próprio Kafka tenha ateado fogo em cerca de 90% do que produziu ao longo da vida.
Resolvido o imbróglio, os fãs e pesquisadores da obra de Kafka finalmente poderão ter acesso a estas preciosidades. O diretor da Biblioteca Nacional, Oren Weinberg, recebeu com satisfação o veredicto, que segundo ele “cumprirá com o desejo de Max Brod de divulgar a obra de Kafka entre os amantes da literatura em Israel e no mundo”.
Para saber mais sobre a vida e a obra do autor de A metamorfose, O processo e Carta ao pai, leia Kafka da Série Biografias.