Arquivo da tag: MoMA

75 anos de Guernica

Há 75 anos, no amplo estúdio da rue des Grands-Augustins em Paris, Picasso pintava sua mais célebre obra, “Guernica”, que seria exibida no pavilhão espanhol da Exposição Universal de Paris de 1937. O quadro é uma violenta explosão de fúria e indignação diante da destruição da cidade basca de Guernica em 26 de abril de 1937 pela aviação nazista que apoiava o general fascista Francisco Franco. A enorme tela de 7,80 metros  x 3,50 metros ainda produz em que o vê um choque devastador. A cena de horror e sofrimento transmitida através de uma grandiosidade monocrômica é um violento libelo contra a guerra e a morte. Mas até chegar ao museu Reina Sofia em Madrid, este quadro rodou muito. Reza a lenda que, inclusive, ele esteve na caçamba de um caminhão completamente atolado na lama nos arredores do pavilhão do Ibirapuera em São Paulo, onde foi a grande estrela da 2ª Bienal de São Paulo em 1953. Na época, o quadro foi cedido pelo MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, que era o seu fiel depositário.

A história das andanças de “Guernica” começa em 1939 quando Picasso, convidado por Alfred Barr Jr., o fundador e diretor do MoMA, faz sua primeira grande exposição em Nova York. “Guernica” e mais 300 quadros causaram um verdadeiro rebuliço nos meios culturais novaiorquinos. O sucesso foi enorme e Picasso e Alfred Barr se tornaram grandes amigos a ponto do pintor deixar o grande quadro emprestado para o MoMA “até o dia em que Francisco Franco morresse e fosse restaurada a democracia na Espanha”. Sob estas condições, “Guernica” deveria ser entregue para o museu do Prado que seria sua morada definitiva. Franco morreu em 1973, em junho, coincidentemente 3 meses depois de Pablo Picasso. O processo de redemocratização ainda demorou alguns anos e, depois de muita diplomacia, idas e vindas, com enorme má vontade, o MoMA cumpriu o acordo e devolveu “Guernica” à Espanha. Tão expressivo e tão famoso, o gigantesco painel monocrômico pintado praticamente em preto e branco acabou ganhando seu próprio museu, o Reina Sofia, um anexo do Museu do Prado no centro de Madrid. (Ivan Pinheiro Machado)

Guernica em exposição na Bienal de Arte de São Paulo de 1953. Na foto, Ciccillo Matarazzo, responsável por trazer a obra de Picasso, em destaque ao lado de Juscelino Kubitschek

Picasso é um dos títulos da Série Biografias L&PM.

É permitido cruzar a linha amarela

Houve um tempo em que arte e tecnologia eram consideradas opostas e até capazes de se anular. A dúvida que ameaçava os paradigmas da época era como preservar a dita “aura” da obra de arte diante das novas possibilidades tecnológicas que começavam a se inserir nos processos de criação artística.

Hoje, por motivos que já nos parecem óbvios, aceitamos sem nenhum problema ter uma reprodução de Van Gogh na parede da sala ao invés de uma pintura original. Vários tabus foram superados e hoje arte e tecnologia se complementam de maneira impressionante. É o caso da ferramenta Art Project, uma experiência do Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, no universo das artes. Utilizando o mesmo princípio do Google Street View, que permite visitar e até percorrer as ruas de outro país sem levantar da cadeira, agora é possível visitar também galerias e museus pelo mundo.

E se você é do tipo que diria, sem pensar duas vezes, que não é a mesma coisa ver um Van Gogh pessoalmente e vê-lo pela tela do computador, você está coberto de razão! Pois a visitação pelo Art Project permite uma proximidade incrível e impensável dentro do limite imposto pelas linhas amarelas no chão dos museus de concreto. A sensação é de estar encostando o nariz na tela:

Talvez o próximo passo seja a possibilidade de sentir também o cheiro da tinta. Será?

Para participar do universo criativo de Picasso

Hoje é aniversário do pintor impressionista Paul Cézanne, que é apontado por Pablo Picasso e Henri Matisse como o precursor do Cubismo. O movimento artístico teve como marco inicial o quadro Les demoiselles d’Avignon, feito por Picasso em 1907, um ano após a morte de Cézanne.

Talvez tenha sido este o maior legado deixado por Cézanne ao mundo das artes. E é por este motivo que resolvemos apresentar aqui a exposição virtual Picasso: Themes and Variations promovida pelo MoMA (Museu de Arte de Nova York), que coloca os quadros e as técnicas do mestre cubista ao alcance de todos, via internet.

No site interativo, desenvolvido especialmente para promover a “visitação” virtual, é possível observar as obras em detalhes, comparar as diversas técnicas utilizadas, conhecer as técnicas de impressão experimentadas por Picasso como a litografia, além de explorar assuntos e temas relacionados a tudo que envolve o universo do pintor espanhol.

Por meio de uma animação interativa, é possível até acompanhar o passo a passo da elaboração de uma tela de Picasso:

O quadro "Jacqueline with headband", do primeiro ao último estágio

Para conhecer mais sobre a vida e a obra destes dois gênios das artes visuais, leia na Série Biografias L&PM: Cézanne, por Bernard Fauconnier, e Picasso, por Gilles Plazy.

Vá de ônibus até o MoMA em Nova York

Ok, uma viagem de ônibus do Brasil até o Museu de Arte Moderna de Nova York pode ser um pouco cansativa. Mas se você não vai até o museu, ele vem até você: o MoMA colocou uma exposição inteira dentro de um aplicativo para iPad e/ou iPhone, que está disponível para download gratuito na Apple Store.

Durante uma viagem de ônibus, trem ou metrô, naquele tempo ocioso do transporte entre a sua casa, o trabalho ou a escola, é possível visitar a exposição Abstract Expressionist New York que está em cartaz no MoMA até abril. São esculturas e pinturas de artistas como Jackson Pollock e Barnett Newman ao alcance do seu touchscreen. Além das imagens, o aplicativo oferece informações completas sobre as obras e vídeos com depoimentos dos curadores. É possível ainda compartilhar as suas obras preferidas com a sua rede de amigos por meio do Twitter.

“Carregue o MoMA com você”

Além do aplicativo da exposição Abstract Expressionist New York, o MoMA possui um app de serviços e conteúdos para iPad, iPhone e Android, que disponibiliza gratuitamente o calendário das exposições, informações sobre obras e artistas e conteúdos em áudio e vídeo. Veja a apresentação do aplicativo:

Da mesma forma que as exposições de arte estão sendo adaptadas das galerias – meios tradicionais de exibição e consumo das artes visuais – para gadgets como iPad e iPhone, a literatura também vai pelo mesmo caminho. Os livros da Coleção L&PM Pocket estarão disponíveis em breve para leitura no iPad e outros leitores de livros digitais. Saiba mais aqui.

Andy Warhol interativo no MoMA

Graças ao trabalho de restauração e conservação realizado pelo MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), a produção cinematográfica de Andy Warhol está novamente ao alcance de todos. A exposição é composta por 12 retratos em preto e branco capturados pelo criador da pop art entre 1963 e 1966, conhecidos como “screen tests” (ou “provas de câmera”), que exibem sempre o primeiro plano de personagens como o ator Dennis Hopper e o músico Lou Reed. Além disso, todo o acervo recuperado fica disponível na Film Circulating Library, o departamento do MoMA que preserva e aluga filmes para cineclubes, universidades e galerias de arte. Os filmes originais (cerca de 500 screen tests) chegaram ao MoMA nos anos 80 em caixas de papelão que tornavam precária a conservação das peças. Além da restauração, cabia ao museu tornar a obra acessível ao maior número possível de pessoas.

A exposição segue até o dia 21 de março e o MoMA convida o público a contribuir com a continuidade da obra de Andy Warhol. Por meio de uma plataforma multimídia criada a partir da API do Flickr, qualquer pessoa pode criar seu próprio screen test nos moldes do trabalho iniciado pelo artista e submeter sua obra à curadoria do museu. Basta publicar o vídeo em sua própria conta no Flickr com a tag “momasc90” e ser integrante do grupo “momascreentests” na rede social.

Até o momento, 88 anônimos tiveram seus 15 minutos de fama. Se vivo estivesse, Andy Warhol certamente aprovaria a iniciativa:

Diários

Seus últimos 11 anos de vida foram marcados pela intensa produção artística e registrados dia a dia pela amiga Pat Hackett. Segundo ela, os relatos começaram de forma despretensiosa, apenas para registrar gastos e atividades, mas com o passar do tempo transformou-se num “diário sincero e compulsivo”. O volume único de Diários de Andy Warhol com mais de 800 páginas recheadas de relatos e fotos reunidos por Pat Hackett foi publicado pela L&PM em 1989.