A capital do Uruguai tem espírito cultural pulsante. E um de seus mais célebres cidadãos deixou sua marca pela cidade. A forte relação de Galeano com sua Montevidéu natal foi retratada em suas obras, textos jornalísticos e na rotina pessoal
As pessoas mais próximas contam que, mesmo em seus últimos anos de vida, ele saía de sua casa em Pocitos para ver a cidade onde as pessoas “amam sem dizer e abraçam sem tocar”.
A seguir, alguns dos lugares preferidos de Galeano em Montevidéu:
CAFÉ BRASILERO
Essa Cafeteria de Montevidéu abriu suas portas em 1877. De tão habitué deste café, Galeano acabou intimamente ligado ao lugar. “Sou filho dos cafés de Montevidéu. Neles aprendi tudo que sei, forma minha única universidade”, dizia.
Todas as manhãs, o escritor ocupava, no Brasilero, uma mesa entre a parede de madeira e a janela envidraçada e ali lia o seu jornal. A leitura era acompanhada por uma taça de vinho, um cortado ou um café especial que é batizado com seu nome (Café + Licor Amaretto + Creme + Doce de leite).
Atualmente, as paredes do café ainda mantêm fotos de Galeano e os garçons, o gerente e o dono do café lembram saudosos da convivência que tinham com o escritor.
Onde: Calle Ituzaingó, 1447, Ciudad Vieja. www.cafebrasilero.com.uy
LIVRARIA LINARDI Y RISSO
Galeano frequentava esta livraria desde 1960, quando então o lugar ocupava um casarão do outro lado da rua onde está hoje. Especializada em livros antigos e sobre a América Latina, a livraria Linardi y Risso teve papel importante na formação intelectual de Galeano e de outros escritores latinos: por décadas, promoveu em seu café grupos de discussão que reuniam a nata intelectual do continente. Além de Galeano, a livraria recebia Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa, Haroldo de Campos, Mario Benedetti e Julio Maria Sanguinetti, entre outros.
Os debates já não acontecem, mas o acervo de 50 mil livros segue em exposição. Nos últimos anos de vida, Galeano encomendava livros raros e ia lá só para buscá-los. A maior parte deles era sobre futebol, mas também obras sobre a história política e social da América Latina.
Onde: Calle Juan Carlos Gómez, 1435, Ciudad Vieja. www.linardiyrisso.com
ESTÁDIO CENTENÁRIO
“Todos os uruguaios nascem gritando gol. Eu quis ser jogador de futebol, como todos os garotos”. Galeano era realmente apaixonado por futebol e seu time do coração era o Nacional.
O estádio Centenário era adorado pelo escritor, pois foi lá que seu time se tornou campeão da Taça Libertadores três vezes e onde o Uruguai venceu sua primeira Copa do Mundo, em 1930.
“O estádio Centenário suspira de nostalgia pelas glórias do futebol uruguaio”, escreveu ele no livro Futebol ao Sol e a Sombra.
Onde: Avenida Dr. Américo Ricaldoni, Parque Batlle. www.estadiocentenario.com.uy
RAMBLA
Galeano fez das caminhadas pela rambla de Montevidéu (o calçadão que margeia a costa da capital, alinhado ao mar e ao rio da Prata), uma espécie de compromisso diário.
“Vou caminhando pela costa da cidade onde nasci. Ando nela e ela anda em mim. E, enquanto vou, as palavras caminham dentro de mim e vão formando histórias.”, disse ele certa vez em uma entrevista.
A trajetória de Galeano incluía paradas na Plaza Independência e os arredores do Mercado do Porto e de outras construções de Montevidéu, como o teatro Solís.
Onde: Rambla Francia, Ciudad Vieja
Via Folha de S. Paulo – Caderno Turismo
A L&PM Editores publica todos os livros de Eduardo Galeano no Brasil.