Inverno de 1955: Einstein está velho, esgotado. Seus raros visitantes não reconhecem mais o homem outrora risonho. O rosto está cavado. Rugas marcam cada pedacinho da pele. O olhar perdeu todo o brilho. Seu discurso é desprovido de qualquer vigor, de qualquer otimismo. Ele vê o mundo correndo para a morte, levado pela loucura dos homens. Lamenta por vezes não ter consumado sua tarefa e lança seu doravante célebre: “Se fosse para recomeçar, eu teria sido encanador…”. Ele perdeu, um a um, todos os seus. Os que ele amara, os que haviam acompanhado os dias felizes e os dias de desespero, os que o haviam apoiado. (…) Seu filho Hans Albert veio da Califórnia para ficar com ele. Einstein esboça um sorriso ao vê-lo. O filho senta-se na cabeceira do pai, coloca a mão em cima da mão do sábio. Uma mão fria, tão fria. Permanecem calmos os dois. Einstein olha para o filho. O brilho do seu olhar renasce por um instante. (…) Ele fica sozinho. Alguém apagou a luz. Ou talvez seja seu olhar que não vê mais. Uma noite eterna – alguma vez acreditou nisso? Não percebe mais o encadeamento dos minutos e das horas. Mas talvez o tempo tenha acelerado sua corrida. Diz a si mesmo que abraçou o tempo, que o apertou com a mesma força, ele se lembra agora, com uma energia igual àquela que usara ao abraçar o pai e a mãe, que foram esperá-lo na estação de Pávia quando ele tinha quinze anos e tinha abandonado, envergonhado, porém determinado, o ginásio de Munique. (…) Agora ele tenta mexer o braço, mas não tem mais forças. Seu braço não mexe. Seu corpo não responde mais. Talvez o aneurisma tenha se rompido. A bomba explodiu no meio de sua barriga. O cataclismo interior foi desencadeado. A hemorragia interna. Ainda bem que ele aceitou as injeções. Não sente a intensidade da dor. Alguém acendeu a luz. Uma senhora de roupa branca. Ela se aproxima de seu rosto. Algumas palavras, cujo sentido ele mesmo não chega a captar, escapam de seus próprios lábios. É alemão, o que ela pode compreender, essa senhora de roupa branca que aproximou o ouvido de sua boca? É alemão, colorido de sotaque suábio. É uma hora e quinze da manhã. Chegou a hora de Albert se juntar aos seus. (trechos de Albert Einstein, de Laurent Seksik, Série Biografias L&PM)
Albert Einstein morreu em 18 de abril de 1955, aos 76 anos, vítima de um aneurisma que desencadeou uma hemorragia interna. Durante a autópsia, sem que ninguém percebesse, seu cérebro foi roubado pelo patologista do Hospital de Princeton, o doutor Thomas Harvey. Harvey levou o cérebro de Einstein para sua casa, onde o dissecou para estudos, na esperança de descobrir o que havia por dentro da mente do gênio. Não chegou a grandes conclusões, mas deixou uma boa história para contar. Aliás, a história do mistério envolvendo o sumiço do cérebro de Einstein deu origem a alguns documentários. Um deles, exibido pela National Geographic, tem dublagem em português. Mas atenção: se o seu estômago for sensível à autópsias, recomendamos assistir de olhos fechados: