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O conto perdido de John Steinbeck

Considerado perdido até hoje, um conto do escritor norte-americano John Steinbeck (1902-1968) foi publicado com exclusividade nesta sexta-feira, 7 de novembro, nas páginas da revista “The Strand”. “With Your Wings” (Com Suas Asas) foi lido uma única vez em julho de 1944 no encerramento do programa de rádio coordenado pelo diretor de cinema Orson Welles e dele não ficou nenhum registro. Mesmo especialistas na obra de Steinbeck acreditavam que o texto estivesse perdido. Até que o editor da “Strand”, Andrew Gulli, encontrou uma transcrição enquanto vasculhava arquivos da Universidade do Texas, em Austin (EUA).

“Steinbeck era um idealista. Ele viu os Estados Unidos como essa terra maravilhosa que tem muito para oferecer, mas, por outro lado, também com muita desigualdade, cobiça e excessos destruindo a classe trabalhadora”, disse Gulli.

O CONTO

“With Your Wings” narra a volta para casa de um piloto negro depois de seus treinamentos militares numa época em que a segregação racial era intensa. O ponto alto da narrativa é quando o personagem se reencontra com o pai, que lhe diz: “Filho, todo negro no mundo vai voar com as suas asas”. A frase é também uma referência à medalha em formato de asas que o rapaz carregava preso ao peito.

Steinbeck ganhou o Nobel de Literatura de 1962 e, dele, a L&PM publica O inverno da nossa desesperança e Ratos e homens.

johnsteinbeck

As muitas montagens de Otelo

E por falar em Shakespeare, a L&M acaba de lançar um guia essencial sobre as peças de Shakespeare

E por falar em Shakespeare, a L&M acaba de lançar um guia essencial sobre as peças de Shakespeare

Apresentada na corte em 1604, no Globe e no Blackfriars, o papel de Otelo foi originalmente interpretado pelo destacado ator trágico do grupo King’s Men, Richard Burbage, e existe alguma evidência de que um ator de comédias fazia o papel de Iago, antecipando a argumentação de W. H. Auden sobre Iago como o “curinga do baralho” (The Dyer’s Hand). A raça de Otelo era provavelmente indicada pelo uso de tinta preta ou rolha queimada, e uma peruca de lã ou outros adereços também podem ter sido utilizados. Interpretar o mouro nos palcos tem sido um dos desafios mais constantes da peça, e começa com séculos de atores brancos se fazendo passar por negros, com o uso de maquiagem, sotaque ou gestos, passa pela tradição de contar com negros no teatro no século XIX e atinge a dominância de atores negros no XX. Marcos posteriores incluem performances por Paul Robeson em Londres em 1930 e em turnê na América em 1943, a atuação de um escurecido Laurence Olivier em 1964 (preservada, talvez inutilmente, em filme, no qual o trabalho de Olivier parece histriônico), e Patrick Stewart como um Otelo branco em meio a um elenco majoritariamente negro em Washington D.C. em 1997.

Com sua abordagem da questão racial, a peça tem, com frequência, flertado com temas da atualidade: uma versão para televisão escrita por Andrew Davies (2001) tinha Otelo como um chefe de polícia contemporâneo em Londres; uma montagem sul-africana dirigida por Janet Suzman, em 1987 (Market Theatre, Joanesburgo), se alimentou da política do apartheid. No palco, a manipulação amoral que Iago faz com a plateia tem muitas vezes suplantado a apresentação mais distanciada de Otelo, e, pelo menos desde a atuação de Garrick no século XVIII, o papel te atraído grandes estrelas. Iagos carismáticos incluem Kenneth Branagh (filme dirigido por Oliver Parker, 1996) e Simon Russel Beale (dirigido por Sam Mendes, National Theatre, 1997).

A filmagem que Orson Welles fez da peça em 1952 traduziu sua linguagem para poesia visual, em particular com os contrastes de preto e branco, teias, armadilhas e sombras; para Shakespeare da BBC, Jonathan Miller enfatizou os interiores no estilo de Mermeer. O (dirigido por Tim Blake Nelson, 2001) deu nova roupagem à história situando-a em uma high school americana, com maioria de alunos brancos e Odin sendo a estrela do time de basquete. Montagens recentes para o teatro têm dado ênfase ao cenário militar ou sentido ao papel dos sexos na peça ao situá-la em universos vitorianos ou eduardianos. Os ritmos do texto e o contraste entre o estilo elevado de Otelo (que o crítico G. Wilson Knight chamou de “a música de Otelo” [The Wheel of Fire]) e a linguagem bestial de Iago tornaram a peça interessante para adaptações musicais, inclusive a ópera Verdi, Otello (1887), e o musical de rock Catch my Soul (1968).

Trecho do livro Guia Cambridge de Shakespeare que traz comentários sobre todas as obras, sinopses, personagens, contextos e interpretações.

Paul Robeson como Otelo em montagem que foi apresentada nos palcos americanos em 1943

Paul Robeson como Otelo em montagem que foi apresentada nos palcos americanos em 1943

Orson Welles incorporou o mouro em filme de 1952

Orson Welles incorporou o mouro em filme de 1952

Laurence Olivier se valeu de muita maquiagem para escurecer a pela em 1964

Laurence Olivier se valeu de muita maquiagem para escurecer a pela em 1964

Em 1997, Patrick Stewart inverteu os papéis e viveu um Otelo branco, enquanto Desdêmona era negra

Em 1997, Patrick Stewart inverteu os papéis e viveu um Otelo branco, enquanto Desdêmona era negra

E por falar em marcianos…

Há poucos dias, um novo robô da Nasa aterrisou em Marte em busca de sinais de vida. E falar em marcianos nos faz lembrar de uma célebre história que aconteceu no dia das bruxas de 1938 quando  Orson Welles, então locutor da rádio CBS, transmitiu uma dramatização de A Guerra dos Mundos, livro de ficção em que o escritor H. G. Wells relata uma invasão marciana na Terra. Como Orson Welles saiu lendo o livro sem avisar do que se tratava, as pessoas acreditaram que os marcianos estavam mesmo chegando e sairam pelas ruas desesperadas. A Guerra dos Mundos é a obra mais famosa de H. G. Wells, autor também de Uma breve história do mundo, escrito em 1922 e publicado pela primeira vez no Brasil no final de 2010 pela Coleção L&PM Pocket.

Chamado de “escritor profeta”, H.G. Wells antecipou em sua literatura diversos temas que só ganharam atenção das pessoas muito tempo depois. No final do século 19 e início do século 20 ele já escrevia sobre guerra nuclear, televisão e internet.

Felizmente, a invasão marciana não está entre suas profecias. Ou pelo menos assim esperamos. 🙂

O escritor H.G. Wells aqui ao lado de Orson Welles

H.G. Wells morreu em 13 d agosto de 1946 em Londres.

Billie Holiday e Orson Welles juntos

Orson Welles vai lá todas as noites. Ele já é célebre. Seu filme Citizen Kane (Cidadão Kane), que parodia a vida do magnata da imprensa Randolph Hearst, provocou uma tremenda polêmica. Welles tem 25 anos, é brilhante, sedutor e adora jazz. Ele formulou um projeto de fazer um documentário sobre a história do Jazz, It´s All True, que nunca chegaria a ser produzido. Fascinado pelo mundo das drogas clandestinas, pede a Billie que o leve à Central Avenue, nas zonas de pior reputação do bairro negro de Los Angeles. Billie sente-se fascinada por sua personalidade, sua inteligência e sua eloquência. Eles são vistos juntos com frequência até o momento em que Billie começa a receber telefonemas anônimos em seu hotel. Ela é acusada de estar destruindo a carreira de Orson Welles, é ameaçada de jamais trabalhar em Hollywood caso continue a conviver com ele. Uma negra não pode se mostrar publicamente ao lado de um branco sem desencadear os golpes de toda espécie de censura. Já entre as mulheres, há muito menos problemas. Se Billie quiser, pode dar uma escapada até o México com uma das amiguinhas de Orson Welles!  

(Trecho de Billie Holiday, Série Biografias L&PM)

A Ilha do Tesouro para todos os públicos

A Ilha do Tesouro acaba de ser lançado em uma bela edição com capa dura na série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Escrito em 1883 por Robert Louis Stevenson, o livro conta a história do jovem Jim Hawkins que, ao encontrar o mapa do Capitão Flint, sai à caça do tesouro dos piratas. Uma história que já foi adaptada para o cinema e para a televisão pelo menos 25 vezes. A primeira produção que se tem notícia na TV é uma série de 26 episódios, produzida em 1955 com o nome de “The Adventures of Long John Silver” (o pirata Long John Silver é um dos personagens principais da história). Na grande tela, a obra de Robert Louis Stevenson foi adaptada pela primeira vez em 1918 para o cinema mudo. Em 1934, veio a primeira versão para o cinema falado. Entre as produções seguintes, o destaque é o filme de 1972 que apresentava Orson Welles no papel de Long John Silver.

Orson Welles na versão pirata da perna de pau

Este ano, mais dois filmes de A Ilha do Tesouro começaram a ser produzidos e uma nova minissérie estreia na TV,  no canal inglês Sky1, em 25 de dezembro. A minissérie “Treasure Island” é uma superprodução que traz no elenco nomes como Elijah Wood (o Frodo de O Senhor dos Anéis) e Donald Sutherland na pele do Capitão Flint. Ela tem dois episódios de 120 minutos que provavelmente serão exibidos pelo mercado internacional com quatro episódios de uma hora de duração.

O elenco da nova minissérie de "A Ilha do Tesouro" que estreia no dia de Natal na Inglaterra (clique para ampliar)

Infelizmente, “Treasure Island” ainda não tem previsão de quando será exibida no Brasil. Mas os livros da L&PM estão aí, em pocket e agora em quadrinhos, para você ir conhecendo esta incrível história que foi a primeira da literatura a mostrar um mapa do tesouro (marcado com um X) e um pirata com a perna de pau e um papagaio no ombro.

H. G. Wells, um escritor (e um homem) à frente do seu tempo

O ficcionista e novelista H. G. Wells, autor de Uma breve história do mundo, lançado em 1922 e publicado pela primeira vez no Brasil pela L&PM, antecipou em sua literatura diversos temas que só ganharam atenção das pessoas muito tempo depois.

E não foi só nos seus livros que ele mostrou estar na frente. Na primeira década do século 20, bem antes da revolução sexual ocorrida no mundo nos anos 60, Wells já chocava a opinião pública com suas convicções sobre amor livre e casamentos abertos. Em Ann Veronica, publicado em 1909, ele retrata sua visão sobre temas como a sexualidade feminina, a quebra de convenções sociais relacionadas à mulher e até o direito ao voto.

Talvez por isso, alguns críticos e estudiosos de sua vida e obra o consideram um escritor profeta, pois no final do século 19 e início do século 20 ele já escrevia sobre guerra nuclear, televisão e internet.

H. G. Wells tinha apenas 29 anos quando escreveu A Guerra dos Mundos (1898), imortalizada na adaptação de Orson Welles para o rádio em 1938. O escritor, nascido em 21 de setembro de 1866, morreu em 13 de agosto de 1946 em Londres.

Orson Welles e H. G. Wells

Orson Welles e H. G. Wells