Acaba de chegar por aqui um novo título de Agatha Christie. E ao abrir a primeira página de Os 13 problemas, o que se lê antes do Sumário é uma dedicatória: “Para Leonard e Katherine Wooley”. Mas, afinal, quem é o casal Wooley a quem a Rainha do Crime dedicou este seu livro?
Depois de se divorciar de seu primeiro marido, Archie, Agatha resolveu viajar pelo Oriente. Após passar por Bagdá, decidiu que iria a Ur. Como já era uma escritora famosa, seus agentes organizaram tudo. Entre os preparativos, foram contatados Leonard e Katherine Woolley, os arqueólogos que estava à frente de uma grande escavação em Ur. Em sua autobiografia, Agatha Christie conta seu primeiro encontro com eles: “Os Wooleys tinham tudo muito bem organizado: os visitantes iam sozinhos dar uma volta pelas escavações, sendo-lhes mostrado o essencial, e depois eram delicadamente postos para fora. Fui recebida, porém, amavelmente, como hóspede importante e deveria ter dado a esse fato muito maior apreço do que realmente dei. Esse tratamento em relação a mim foi inteiramente devido ao fato de Katherine Wooley, a mulher de Leonard Wooley, ter justamente acabado de ler um dos meus livros, O Assassinato de Roger Ackroyd (…). A Sra. Wooley levou tão longe seu entusiasmo que perguntou aos outros membros da expedição se já haviam lido meu livro, e os que não leram foram severamente censurados”
Agatha Christie descreveu Katherine Wolley como uma mulher extraordinária (que logo se tornaria uma de suas melhores amigas): “As pessoas ficavam sempre divididas entre detestarem-na com ódio feroz e vingativo, ou ficarem fascinadas por ela – possivelmente por mudar tão rapidamente de disposição que tudo nela era imprevisível (…) Os assuntos que ela falava nunca eram banais. Tinha capacidade de estimular o intelecto dos outros, encaminhando-os por veredas que antes jamais lhes haviam sido sugeridas”. Tão encantada Agatha ficou por ela que a personagem principal de Morte na Mesopotâmia, Louise Leidner, foi inspirada nela. Poirot, assim como sua criadora, fica fascinado pela personalidade da esposa do arqueólogo-chefe. Que mulher não devia ser mesmo essa Katherine…