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E por falar em escritor chinês…

O Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi para um escritor chinês: Mo Yan. Nós não publicamos nenhuma obra dele, mas dá pra dizer que de China a gente entende. E muito. Leia o texto da editora Caroline Chang, publicado na mais recente Revista L&PM que trata justamente desse assunto: a variada gama de opções vindas diretamente das terras da grande muralha:

China para todos os gostos

Caroline Chang*

O Império do Meio sempre esteve entre os interesses da L&PM. Na década de 1990, bem antes do apogeu econômico de que a China hoje goza, a editora publicou Viajando de trem através da China, de Paul Theroux, um dos grandes nomes de livros de viagem. Theroux, já falecido, contava suas aventuras pelos quatro cantos do grande país do Extremo Oriente, no que hoje parece ser uma outra época. Nosso outro viajante célebre é Marco Polo, autor de O livro das maravilhas; neste pequeno volume, narra-se as viagens do veneziano, na segunda metade do século XIII, que tantas descobertas propiciou aos europeus sobre os costumes e as tradições chinesas.

Outro livro incontornável é Os analectos, de Confúcio. Aqui encontram-se reunidos os ensinamentos e provérbios  do grande sábio, cujo sistema ético ainda permeia o pensamento chinês. Para melhor compreender a complexa identidade chinesa, nada melhor do que se debruçar sobre a milenar, conturbada e interessantíssima história do país: em China, uma nova história, John King Fairbank e Merle Goldman recontam, de forma deliciosa, o passado e os principais momentos do país, dos primórdios até o início do século XXI; trata-se do melhor título disponível ao leitor brasileiro para se entender a formação da civilização chinesa. No atualíssimo China moderna, o sinólogo e historiador Rana Mitter fornece um breve resumo histórico, mas, sobretudo, aborda os lances mais importantes da história recente do país, como a abertura econômica e o Massacre da Praça da Paz Celestial, e explica os desafios que se impõem hoje à China. Para aqueles que se interessam por ideogramas, o volume Escrita chinesa, da francesa Viviane Alleton, desvenda as principais características desse tipo de registro.

País milenar, a China é rica em folclore. Um pouco do grande repertório chinês de histórias orais pode ser conferido em 50 fábulas da China fabulosa; a edição – bilíngue – é ilustrada por desenhos de papel de seda delicadamente recortado. Uma seleção deste título também pode ser conferido em Fábulas chinesas, da série 64 Páginas. Já Contos sobrenaturais chineses, ricamente ilustrado com bonecos de teatro de sombra (outra arte popular chinesa) dá ênfase especial para fantasmas, aparições e magia.           

Em Os anos de fartura, Chan Koonchung fornece uma visão contemporânea para a China de hoje. Banido no país e inspirado em clássicos distópicos como 1984, de George Orwell, o romance se passa na China de 2014. Chan Koonchung retrata um país hegemônico economicamente, mas sem liberdade política, e, num exercício de imaginação, reflete como seria viver nessa realidade.

Finalmente, entre os livros mais recentes, está Poemas clássicos chineses, de Li Bai (701-762), Du Fu (712-770) e Wang Wei (701-761), as mais importantes vozes da poesia clássica chinesa. Com organização e tradução do chinês feita por Sérgio Capparelli e Sun Yuqi, este livro da Coleção L&PM Pocket traz 95 poemas em edição bilíngue.

Ou seja: depois de tudo isso, dá pra dizer que a China é aqui…

* Caroline Chang é editora da L&PM e descendente de chineses. Além dos livros citados por ela, a L&PM lançará, ainda este ano, Não tenho inimigos, desconheço o ódio: escritos e poemas escolhidos, livro de Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz 2010.

 

Feliz ano do dragão!

Os chineses estão comemorando, hoje, a chegada do ano 4710, regido pelo poderoso dragão. No seu dia-a-dia, eles até usam o nosso calendário, o gregoriano. Mas segundo suas tradições é o calendário lunar que vai reger a forma como os dias do nosso 2012  irão se comportar. Em Pequim, uma chuva de incríveis fogos de artifício (aliás, inventados pelos chineses) coloriu o céu e anunciou que um ótimo ano está começando. Mais perto daqui, no Bairro da Liberdade, em São Paulo, o final de semana também foi de muita festa, com danças típicas, banquetes e desfiles com imensos bonecos que comemoravam o início de um período auspicioso. O dragão, afinal, é tão bem-vindo que alguns casais esperam o ano regido por ele chegar para casar ou encomendar o primeiro filho. Dizem os chineses que o dragão traz fartura, boa sorte e que seu ano é o período ideal para realizar os mais grandiosos, colossais, ambiciosos e audazes projetos. O espírito do dragão é capaz de tornar tudo maior. Mas atenção: às vezes as coisas podem parecer melhores do que realmente são, o que significa que é preciso agir com cautela, já que o poderoso dragão, apesar de trazer coisas boas, não é muito prudente, podendo nos levar a ultrapassar os limites.

A L&PM publica vários livros de temática chinesa, o mais recente deles o romance Os anos de fartura, em que o escritor Chan Koonchung apresenta a China em um futuro próximo, no ano de 2013. Outros livros indicados para quem quer conhecer um pouco mais deste grande país e sua tradição milenar são Contos sobrenaturais chineses, 50 fábulas da China fabulosa, China: uma nova história e dois livros da Série Encyclopaedia: Escrita chinesa e China moderna.

Página do livro "50 fábulas da China fabulosa", organizado por Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz (clique para ampliar)

O céu não é o limite para a China

Por Paula Taitelbaum*

A China impressiona e ao mesmo tempo assusta. Ano passado conheci Xangai, Wenzhou e Hong Kong. Uma pequena fração deste que é o maior e mais populoso país do mundo. Sou testemunha ocular de que, nas ruas, impera um misto de obediência e eficiência, onde as pessoas andam olhando para o chão, enquanto os prédios alcançam o céu como se buscassem ultrapassar todos os limites. 

A China não tem limites… Prova disto é que ontem, 29 de setembro, alcançou o espaço. Do Centro de Lançamento de Satélites Jiuquan, na província de Gansu, partiu um foguete que contém o laboratório espacial Tiangong-1 (Palácio Celestial-1), o primeiro módulo de uma espécie de miniestação que orbitará a Terra a 350 quilômetros de altitude e inicialmente não será tripulado. O plano é utilizar o Palácio Celestial para testar procedimentos de aproximação e acoplagem, essenciais para o funcionamento de uma estação maior que a China pretende colocar em operação em 2020.

Da tecnologia à ciência, do esporte à área militar, a China não poupa esforços para mostrar que é poderosa. Em 2010, o país se tornou a segunda economia do mundo e, no ano que vem, estima-se que ultrapasse o Japão e se torne o segundo maior consumidor de produtos de luxo do planeta. Um paradoxo, já que todo mundo sabe que lá também é o lugar que mais se pirateia produtos do mundo.

Tenho medo do que a China pode fazer. Tenho medo da China do futuro. Porque ela é capaz de tudo com seu exército de gente que entra no elevador e no ônibus assim que a porta abre, sem deixar que as pessoas que estão lá dentro saiam primeiro. Nos grandes centros, há sempre a sensação de que há chineses demais e espaço de menos. Talvez por isso agora eles resolveram se expandir para o espaço. 

Em breve, a L&PM lançará Os anos de fartura, livro de que mostra a China de 2013 como uma superpotência. É um livro de ficção. Mas talvez nem tão ficção assim…

* Paula Taitelbaum é escritora, coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM e em 2010 esteve na China (leia a Série de posts “Diário de Xangai“)

A L&PM já publica livros sobre a China. Veja aqui alguns deles.