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Félix e “Os Miseráveis”

O capítulo de segunda-feira, 6 de janeiro, da novela “Amor à Vida”, começou com o popular “ex-vilão” Félix prestes a contar todas as suas maldades para a irmã Paloma e o cunhado Bruno. Pressionado para que revelasse tudo o que havia feito com Paulinha, sua sobrinha, o personagem de Mateus Solano resolve apelar para “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, a fim de mostrar que, assim como Jean Valjean, ele também havia mudado:

Félix: Já já eu vou contar sobre as coisas que eu fiz, mas primeiro eu quero que você ouça uma história: quando eu estive morando com a Márcia, vendendo Hot Dog na 25 de março, o Jonathan [filho de Félix] me falou sobre um livro, “Os Miseráveis”.

Bruno: Eu vi o filme…

Paloma: Eu vi o filme, o musical, pode continuar?

Félix: O Jonathan me falou sobre esse personagem, cheio de angústias, cheio de desejo de vingança, o Jean Valjean, um personagem conturbado, mas que muda através de um gesto de generosidade.

E assim Félix segue usando o personagem de Victor Hugo como exemplo para mostrar que, assim como Jean Valjean, ele também se regenerou a partir da bondade alheia.

Clique na imagem para assistir à cena em que Félix cita "Os Miseráveis"

Clique na imagem para assistir à cena em que Félix cita “Os Miseráveis”

A questão é que, pelo menos nessa cena, ninguém foi capaz de dizer que a obra citada é do grande escritor francês, autor também de “O Corcunda de Notre Dame”. Normalmente, em outros momentos dessa novela das nove da Globo, os personagens que aparecem em cena lendo um livro sempre mostram o nome do escritor após revelar o título da obra que têm nas mãos (o que muitas vezes soa até falso). Por que não citar também Victor Hugo? Independente disso, ver um  livro em ação durante uma novela sempre nos dá um fio de esperança de que alguém será estimulado com isso. E, claro, citar um clássico como “Os Miseráveis” tem um grande mérito.

Se você ficou curioso com a história de Jean Valjean, a L&PM Editores publica uma ótima e fiel adaptação dessa extensa obra na Série Clássicos da Literatura em QuadrinhosClique aqui para saber mais

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A primeira vez de “Os Miseráveis” de Victor Hugo

Em 3 de abril de 1862, foi lançada a primeira edição de “Os Miseráveis“, de Victor Hugo. Mais de 150 anos depois, este romance épico segue encantando o mundo. E Cosette, a menina pobre que, depois de perder a mãe, é criada por Jean Valjean, continua sendo uma das figuras mais conhecidas da grande obra. Para comemorar esse aniversário de publicação, aqui vão algumas imagens da menina, eternizada pelos mais variados artistas:

A primeira imagem de Cosette, de Emile Bayard, edição de 1862 de "Os Miseráveis", de Victor Hugo

A primeira imagem de Cosette, de Emile Bayard, na primeira edição de “Os Miseráveis”, de Victor Hugo

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A pequena Cécile d’Aubray viveu Cosette no teatro em 1878. Foto de Étienne Carjat

Le petite Cosette de Pompon - Escultura do século XIX

Le petite Cosette de Pompon – Escultura do século XIX

A bela Cosette abraçada em sua boneca, pintada ´pr Leon Comerre

A bela Cosette abraçada em sua boneca, pintada por Leon Comerre

Antiga ilustração de Cosette cobiçando a boneca

Antiga ilustração de Cosette cobiçando a boneca

A Cosette que está na adaptação de "Os Miseráveis" para a HQ publicada pela L&PM

A Cosette que está na adaptação de “Os Miseráveis” para a HQ publicada pela L&PM

Por que ler “Os miseráveis” em HQ depois de assistir ao filme

Por Paula Taitelbaum

É provável que o filme Os miseráveis venha a ser primeiro contato de muitas pessoas com a grande obra de Victor Hugo. É o seu caso? Não se condene por isso: mergulhar nas tantas páginas e nos vários personagens do livro original não é tarefa fácil. Quando eu era uma jovem e voraz leitora (mais jovem do que voraz) cheguei a pegar o livro e li várias partes, mas não me dediquei a ele como deveria. O que me dá uma certa vergonha.

Mas desse tempo ficaram algumas lembranças que vieram à luz quando assisti ao filme.

Não tenho nada contra musicais, mas sempre acho que eles ficam melhores sobre um palco da Broadway. Sem contar que fiquei um pouco irritada com o fato de Jean Valjean e Javert não envelhecerem praticamente nada com o passar dos anos. Se no teatro é difícil envelhecer, no cinema é facílimo. Portanto, qual a explicação para os atores Hugh Jackman e Russel Crowe passarem dos 40 para os 60 anos sem uma ruga a mais no rosto ou um fio de cabelo branco extra na cabeça? E isso é uma coisa que me marcou: Valjean era velho.

O que não quer dizer que o filme não tenha lá seus predicados. O elenco está muito bem dirigido, o ponto alto é mesmo Anne Hathaway cantando a música tema (apesar de eu ter lembrado da Suzy Boyle) e as crianças – principalmente o menino que interpreta Gavroche – são um espetáculo à parte. E por ser um musical e, assim uma versão da obra de Victor Hugo, muita coisa fica no ar para quem não conhece a história original.

É por isso que, depois de assistir ao filme, você precisa – repito: precisa –  ler a bela adaptação de Os miseráveis da série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Eu fiz isso e, abaixo, listo dez motivos que fazem valer essa minha sugestão:

1. Como essa versão para os quadrinhos é bastante fiel ao original, você conhecerá passagens importantes que o filme mudou ou que foram omitidas nesta adaptação cinematográfica.

2. Ao ler Os Miseráveis em HQ, você vai descobrir como Jean Valjean tornou-se prefeito de Montreuil-Sur-Mer e porque Fantine estava lá. Para completar, saberá como Cosette foi parar nas mãos do casal  Thénardier.

2.  Na cena em que Jean Valjean decide ir ao tribunal, ele encontra-se com três  condenados que são testemunhas de um caso, o diálogo entre eles é fundamental para entender o contexto dessa passagem. E isso não aparece no filme.

3. No quadrinho, como no original, a relação de Jean Valjean com Fantine é mais longa do que no filme. E você verá que Javert ajudou a apressar o fim dessa personagem, o que o torna ainda mais odiável.

4. Você vai conhecer um trecho do livro que foi abandonado no musical: Jean Valjean é preso novamente, ganha um novo número e acaba sendo dado como morto.

5. A batalha de Waterloo está presente na história original e Thénardier, que no filme é vivido por Sacha Baron Cohen, salva a vida do pai de Marius, o que será importante a certa altura da história.

6. Ao ler a adaptação para HQ, você fica sabendo o que aconteceu com o pai de Marius e porque o jovem foi criado pelo avô materno, um monarquista. Também descobre como Marius conheceu os revolucionários.

7. Vai saber o nome da boneca que Cosette ganhou de seu protetor. E também descobrirá onde Jean Valjean e Cosetti ficaram – e no que ele trabalhou – enquanto a menina crescia.

8. Conhecerá um pouco mais da história do menino Gavroche e terá uma surpresa ao saber de quem ele era filho.

9. Verá que o final do livro é um pouco diferente. Além disso, conhecerá o poema criado por Victor Hugo para o túmulo de Jean Valdjean.

10. O final da adaptação de Os miseráveis da Série Clássicos da Literatura em quadrinhos traz um dossiê sobre o autor, sua época e sua obra. 16 páginas que contam, através de um ótimo texto e várias imagens, muita coisa interessante sobre Victor Hugo, a França do século XIX e as pessoas que viviam em Paris naquela época.

A chegada de “Os miseráveis”

Os miseráveis chega hoje aos cinemas de todo Brasil. A adaptação feita para a tela  grande do clássico romance de Victor Hugo é a versão cinematográfica do musical Broadway.

Os miseráveis, de Victor Hugo, é um romance sobre os excluídos e mostra a vida de Jean Valjean (no filme vivido por Hugh Jackman, vencedor do Globo de Ouro por essa atuação). Tudo começa em 1815 quando ele é solto da prisão depois de vinte anos. Condenado por ter roubado um pão, teve sua pena prorrogada em virtude de tentativas de fuga.

Valjean era apenas mais um ladrão andarilho como muitos outros, vítima da fome, da severidade dos julgamentos e de um preconceito sem fim. Até que encontra o bispo de Digne, monsenhor Myriel, que lhe oferece abrigo. Valdjean rouba a prataria do monsenhor, é preso pelos gendarmes, mas depois inocentado pelo próprio bispo, que alegou serem aqueles presentes seus para ele. A partir dessa atitude, Jean Valjean muda seu comportamento e decide fazer só o bem. Por seu caminho, passam Fantine e sua filha Cosette, o casal Thénardier, o menino Gavroche, o policial Javert e o jovem Marius. Personagens que também estão na adaptação de Os miseráveis para HQ, um belo livro que está na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.

Os miseráveis em cor e movimento

“Este livro é um drama cujo personagem principal é o infinito. O homem é secundário”. Assim Victor Hugo definiu seu mais célebre romance, Os miseráveis. “O infinito” aparece exatamente como uma tentativa de reunir tudo em um único livro. A amplitude dessa obra-prima é condizente com seus propósitos, que se espalham por todas as direções, e com sua maneira de lidar com a questão do tempo: ao incorporar o presente ao passado para esboçar os horizontes do futuro, Hugo deseja retratar fielmente o seu século, apontar suas zonas de luz e de sombra, suas mazelas e suas esperanças. O infinito é também o território espiritual de seu personagem secundário, “o homem”, dividido em inúmeras figuras, homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, de todos os estratos sociais – patrões, aristocratas, bispos, policiais, ladrões, prisioneiros, órfãos, operários, estudantes, prostitutas, meninos de rua, criaturas decadentes, alegres, sofredoras, maliciosas, generosas, apaixonadas… Hugo criou um mosaico de rostos que, reunidos, compõem a humanidade; a esperança do escritor era a união de suas forças.

Por tudo isso, adaptar Os miseráveis seja para o teatro, cinema ou quadrinhos não é tarefa fácil. Mas com talento e conhecendo profundamente a obra, é possível. Tanto que seu sucesso na Broadway é imenso e agora a adaptação deste musical está nos cinemas. Nos quadrinhos, a tarefa de adaptar a grande obra de Victor Hugo coube a Daniel Bardet que traçou um roteiro primoroso desenhado por Bernard Capo e que foi colorido pelo artista Arnaud Boutle. Uma equipe reunida originalmente pela editora francesa Glénat e que agora chega à Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos L&PM com tradução de Alexandre Boide. Para completar, todos os volumes desta série contam com um dossiê sobre o autor, sua obra e sua época. Simplesmente imperdível. Tanto para os que já conhecem o romance de Victor Hugo como para os que querem ter um primeiro contato com sua história.

Nos cinemas, uma super produção de Os miseráveis tem estreia prevista para 14 de dezembro no EUA e 29 de março no Brasil. O filme é uma adaptação quase fiel àquela apresentada na Broadway. E contará com grande elenco: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Veja aqui o teaser do filme em que Anne Hathaway canta a música tema do filme:

“Os Miseráveis”: um grande romance adaptado para os quadrinhos

Acaba de ser lançado Os Miseráveis de Victor Hugo, décimo volume da coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos”, uma série inteiramente apoiada pela UNESCO, o que por si só já garante a excelência do projeto. A exemplo dos outros títulos da coleção, “Os miseráveis” é um magnífico volume a cores, com 114 páginas, capa dura, com a adaptação da história por Daniel Bardet, e magnificamente desenhado por Bernard Capo. No final do volume há um “dossier” com detalhes da biografia de Victor Hugo, sua época e um detalhado estudo sobre este que é um dos romances mais célebres da literatura universal.

Os Miseráveis é um romance grandioso. Narrando fatos que se estendem da derrota francesa em Waterloo, em 1815, aos levantes antimonarquistas de junho de 1832 em Paris, Victor Hugo ultrapassou as barreiras da ficção para criar uma obra que é, ao mesmo tempo, um drama romântico, uma epopéia, um documento histórico, um ensaio filosófico, um tratado de ética e um estudo sobre literatura e linguagem. Nada disso seria possível sem o fascínio exercido pelas reviravoltas de seu enredo e pelo carisma dos seus personagens. Como o protagonista Jean Valgean, um criminoso em busca da redenção. Ou a explorada e prostituída Fantine e sua filha Cosette. Ou ainda o pequeno Gavroche, filho de um lar desajustado que foge de casa para viver nas ruas. Unidos pelo idealismo e pelo gênio narrativo de Victor Hugo, esses excluídos e heróis improváveis fazem de Os Miseráveis um grito de liberdade que continua a ecoar até os dias de hoje.

Conheça os outros títulos da coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos”:

A ilha do tesouro – R. L. Stevenson

A volta ao mundo em 80 dias – Julio Verne

Odisseia – Homero

Viagem ao centro da terra – Julio Verne

Guerra e Paz – Leon Tolstói

As mil e uma noites – anônimo

Robinson Crusoé – Daniel Defoe

Um conto de Natal – Charles Dickens

Dom Quixote – Cervantes

Aleluia!!! Os quadrinhos foram reabilitados!!!

Bons ventos sopram pela chamada “academia”; finalmente foram “descriminalizadas” as histórias em quadrinhos nas escolas. Aqueles que são jovens há mais tempo lembram muito bem que, num passado bem recente, as HQs eram proibidas em sala de aula. Professores de literatura e português faziam sinal da cruz diante de um álbum de quadrinhos, como se estivessem em frente ao demônio.

Mas, como tudo passa, esta onda também passou. Uma geração mais arejada de professores absolveu as HQs dos pecados da superficialidade dos quais era acusada e colocou finalmente nas mãos dos jovens leitores algumas obras-primas de arte e literatura.

Nós aqui da L&PM, que mourejamos nesta área desde os anos 70 – e que tivemos que abandonar temporariamente o barco devido à profunda rejeição – estamos de volta já há algum tempo e com um extraordinário cardápio de lançamentos. Na Coleção L&PM POCKET, os quadrinhos já conquistaram milhares de novos leitores com títulos dos consagrados Garfield, Snoopy, Hagar, Dilbert e o timaço de autores brasileiros composto por Laerte, Angeli, Adão Iturrusgarai, Glauco, Edgar Vasques, Paulo Caruso, Mauricio de Sousa, Santiago entre outros. Todos por R$ 11,00.

Além do quadrinho em livros de bolso, a editora voltou a investir em grandes projetos, como Peanuts Completo, uma série em capa dura e acabamento luxuoso que publicará todo o magnífico trabalho de Charles Schulz. Já foram editados 4 volumes e o quinto sai em março. Publicamos também belas adaptações a cores das histórias de Agatha Christie, o clássico pacifista Valsa com Bashir, cuja versão em animação foi finalista ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 e iniciamos a publicar a festejada série afro-francesa Aya de Margarite Abouet, que trata da vida dos jovens nos países africanos. Recomeçamos também a publicar álbuns para adultos como o clássico Erma Jaguar do craque do desenho erótico Alex Varenne.

Como estamos livres para publicar o que de melhor se faz no mundo e para recomendar às escolas que usem e abusem das histórias em quadrinhos (já que não é mais pecado), um dos grandes destaques da programação de HQ da L&PM Editores é sem dúvida a série de Clássicos da literatura em quadrinhos. Um coleção espetacular feita por roteiristas e desenhistas belgas e franceses, publicada originalmente pela Editora Glénat com o apoio da UNESCO, órgão cultural da ONU que só chancela projetos de alto valor pedagógico. Estes livros possuem, além da história em quadrinhos a cores, um “dossier” que traça um rico painel sobre o livro, o autor, sua vida e seu tempo. Já foram lançados Volta ao mundo em 80 dias de Júlio Verne, A Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, Um conto de Natal de Charles Dickens, Dom Quixote de Miguel de Cervantes, Odisseia de Homero e Robinson Crusoé de Daniel Defoe. Deverão sair nos próximos meses Guerra e Paz de Leon Tolstoi e Os miseráveis de Victor Hugo.

Mangás

Mas a grande novidade de 2011 foi a nossa entrada no mundo dos mangás. Iniciamos com os dois volumes de Solanin de Inio Asano e Aventuras de menino de Mitsuru Adashi, os três livros disponíveis nos mais de 2 mil pontos de venda da coleção L&PM Pocket pelo Brasil inteiro. Com a colaboração e a consultoria do tradutor e especialista em mangás Alexandre Boide, a L&PM está preparando novos títulos para 2012.

Enfim, a editora está definitivamente retomando uma de suas vocações que sempre foi a de editar HQs. E a prova disso é que, justamente o primeiro título da L&PM Editores, foi um livro de quadrinhos: Rango 1 de Edgar Vasques. (Ivan Pinheiro Machado)

Foi dada a largada para a coleção de clássicos em HQ com apoio da UNESCO

O primeiro volume da coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos” acaba de chegar. A adaptação de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, foi realizada pela dupla francesa Christophe Lemoine (que fez a adaptação e o roteiro) e Jean-Cristophe Vergne (responsável pelos desenhos e cores).

A tradução para a L&PM Editores foi feita por Alexandre Boide e o resultado é um lindo livro em capa dura, com 60 páginas todas coloridas e que traz ainda, no final, um completo dossiê contextualizando o clássico com informações detalhadas sobre o autor, sua época e sua obra. No caso de Robinson Crusoé, há dez páginas que contam, por exemplo, como Daniel Defoe começou sua carreira de romancista aos 59 anos em 1719. Há também um ótimo texto que complementa a história e faz com que o leitor entenda ainda mais a respeito do herói que fica 25 anos sozinho em uma ilha deserta: “O náufrago é uma espécie de novo Adão, que precisa aprender a dominar o ambiente na mais completa solidão. Ele se torna marceneiro, construtor, caçador, agricultor, ceramista, costureiro, cesteiro. (…) Através de Robinson, o arquétipo do intrépido marinheiro inglês, Defoe celebra a capacidade do homem branco de se impor, a coragem daquele que se aventura em uma terra desconhecida e o triunfo do individualismo motivado pelo lucro mas também interessado em apresentar os benefícios da civilização aos selvagens…”

A coleção é um grande sucesso na França e na Bélgica, formada por adaptações de alguns dos principais clássicos da literatura mundial. O objetivo é oferecer um livro que encante todos os leitores e que seja direcionado também para estudantes. Aliás, este caráter pedagógico fez com que a coleção ganhasse total apoio da UNESCO.

Além de Robinson Crusoé, L&PM Editores vai publicar, em breve, dentro da Coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos”, A ilha do tesouro, de R. L. Stevenson; A volta ao mundo em 80 dias, de Julio Verne e Um Conto de Natal, de Charles Dieckens. E no primeiro semestre de 2012 deverão chegar também Odisseia, de Homero; Dom Quixote, de Cervantes, Viagem ao Centro da Terra, de  Júlio Verne; Guerra e Paz, de Leon Tolstói; Os miseráveis, de Victor Hugo e As mil e uma noites.

25. O dia em que Victor Hugo me apresentou a Balzac

Por Ivan Pinheiro Machado*

O túmulo de Balzac no cemitério Père Lachaise em Paris

Meu pai gostava de discursos. Como deputado e advogado, foi um orador brilhante. Abastecia-se na leitura e em particular nos grandes discursos. Com isso, apresentava um pouco da grande literatura a mim e a meu irmão. Assim, conhecemos discursos célebres como o monólogo shakesperiano de Marco Antonio diante do cadáver de Julio César; o discurso de Churchill diante da ameaça nazista, onde ele pedia aos ingleses sangue, suor e lágrimas; a emocionada oração de Martin Luther King pela igualdade racial e muitos outros, entre os quais o discurso de Victor Hugo diante do túmulo de Balzac. Uma vez meu pai o leu em voz alta. Éramos pequenos, pré-adolescentes e aquelas palavras pungentes me impressionaram definitivamente. Muito anos depois, uma das frases do autor de “Os miseráveis” e “Corcunda de Notre Dame” ainda estava guardada nos recônditos da memória: “Monsieur de Balzac era um dos primeiros entre os maiores e um dos mais altos entre os melhores”. Foi então que um dia eu pensei… preciso ler este cara. Portanto, o discurso fúnebre, de tão brilhante, me levou a Balzac, cuja obra está sendo publicada na coleção L&PM Pocket. E aqui, neste espaço de lembranças, eu gostaria de compartilhar com meus 12 leitores este texto maravilhoso. Principalmente, se considerarmos o contexto em que foi dito. Quando morreu, em 18 de agosto de 1850, Balzac era um escritor muito, muito popular. Mas era detestado pela “inteligentzia” que o ridicularizava. Seu gênio estriônico, sua superprodução e a imensa empatia com o grande público, irritava os intelectuais. O genial Victor Hugo foi um dos poucos grandes escritores do seu tempo que teve a sensibilidade de antever o gênio de Balzac. Vejam só:

Discurso Fúnebre para Honoré de Balzac, por Victor Hugo – 21 de agosto de 1850

Cavalheiros:

O homem que acaba de descer a esta tumba era um daqueles a quem a dor pública acompanha seu cortejo fúnebre. Nos tempos por que passamos, todas as ficções se desvanecem. Doravante, os olhos não se fixam mais sobre as cabeças reinantes, mas sobre as cabeças que pensam, e o país inteiro sofre um abalo quando uma dessas cabeças desaparece. Hoje, o luto popular é provocado pela morte de um homem de talento; o luto nacional é a morte de um homem de gênio.

Cavalheiros, o nome de Balzac se incluirá no rastro luminoso que nossa época irá deixar para o futuro. Monsieur de Balzac fazia parte dessa pujante geração de escritores do século XIX que surgiu depois de Napoleão, do mesmo modo que a ilustre plêiade do século XVII depois de Richelieu, tal como se, no desenvolvimento da civilização, houvesse uma lei que faça suceder os que dominaram através do gládio por aqueles que dominam pelo espírito.

Monsieur de Balzac era um dos primeiros entre os maiores e um dos mais altos entre os melhores. Este não é o lugar de dizer tudo o que era essa esplêndida e soberana inteligência. Todos os seus livros formam apenas um só livro, o livro vivo, luminoso, profundo, em que se vê ir e vir, andar e mover-se, com um algo de assustador e terrível misturado ao real, toda a nossa civilização contemporânea; um livro maravilhoso que o poeta intitulou “comédia”, mas que poderia ter denominado “história”; que assume todas as formas e todos os estilos; que ultrapassa o picante e vai até Suetônio; que atravessa Beaumarchais e chega até Rabelais; um livro que é a observação e a imaginação; que prodigaliza o verdadeiro, o íntimo, o burguês, o trivial e o material; e que, por momentos, através de todas as realidades bruscamente e amplamente dilaceradas, deixa de repente entrever o ideal mais sombrio e mais trágico.

Contra sua vontade, quer ele quisesse ou não, quer consentisse ou não, o autor desta obra estranha e imensa tem o rosto vigoroso dos escritores revolucionários. Balzac vai direto ao fim. Ele enfrenta corpo a corpo a sociedade moderna. Ele arranca a todos alguma coisa: de alguns tira uma ilusão; de outros, a esperança; arranca destes um grito e àqueles uma máscara. Ele revira os vícios, disseca as paixões, esvazia e sonda o interior dos homens, sua alma, seu coração, suas entranhas e seu cérebro, o abismo que cada um de nós traz dentro de si mesmo. E, por um dom de sua livre e vigorosa inteligência, por esse privilégio das inteligências de nosso tempo que, tendo visto de perto as revoluções, percebem melhor o fim da humanidade e compreendem melhor a Providência, Balzac se destaca, sorridente e sereno, desses estudos temíveis que nos produziram a melancolia de Molière e a misantropia de Rousseau.

Vejam o que ele fez entre nós. Eis a obra que nos deixa; a obra elevada e sólida, robusto amontoado de lápides de granito: um monumento! A obra do alto da qual resplandecerá doravante sua celebridade. Os grandes homens constroem seus próprios pedestais; o futuro encarrega-se de erguer-lhes as estátuas.

Sua morte encheu Paris de estupor.

Há apenas alguns meses, ele retornara à França. Sentindo que a morte se aproximava, quis rever a pátria, como na véspera de uma grande viagem vamos abraçar nossa irmã. Sua vida foi curta, mas plena, mais cheia de obras que de dias. Ai de nós! Este trabalhador pujante, que nunca se fatigava, este filósofo, este pensador, este poeta, este gênio, viveu entre nós esta vida de borrascas, de lutas, de disputas, de combates, em todos os tempos o destino comum de todos os grandes homens. Hoje, aqui se encontra ele, em paz. Ele sai das contestações e dos ódios. No mesmo dia, ele entra na glória e no túmulo. Ele vai reluzir daqui para a frente, acima de todas estas nuvens escuras que se acumulam sobre nossas cabeças, entre as estrelas da pátria!

Todos vocês que estão aqui, não se sentem tentados a invejá-lo? Cavalheiros, qualquer que seja nossa dor em presença de tal perda, devemos sempre resignar-nos a tais catástrofes. Aceitá-las naquilo que elas têm de mais pungente e severo. É bom talvez, quem sabe é necessário, em uma época como a nossa, que de tempos em tempos uma grande morte comunique aos espíritos devorados pela dúvida e pelo ceticismo uma comoção religiosa. A Providência sabe o que faz, no momento em que coloca o povo assim, face a face com o mistério supremo e quando o faz meditar sobre a morte, que é a grande igualdade e que é também a grande liberdade.

A Providência sabe o que faz, pois este é o mais elevado de todos os ensinamentos. Aqui não podem existir senão os pensamentos mais austeros e mais sérios em todos os corações, quando um sublime espírito faz majestosamente sua entrada na outra vida, quando um desses seres que planaram por longo tempo acima das multidões com as asas visíveis do gênio, desfraldando de repente estas outras asas que não se viam, mergulha bruscamente no desconhecido.

Não, não é o desconhecido!… Não, eu já disse em outra ocasião dolorosa e não me cansarei de repeti-lo!… Não, não é a noite, é a luz! Não é o fim, é o começo! Não é o nada, é a eternidade! Todos vocês que me escutam, não é verdade? São justamente esses féretros que nos demonstram a imortalidade; é na presença de certos mortos ilustres que sentimos mais distintamente os destinos divinos dessas inteligências que atravessam a terra para sofrer e para se purificar e que o homem pára e pensa e então diz a si mesmo que é impossível que aqueles que foram gênios durante a vida não se transformem em almas depois da morte!

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo quinto post da Série “Era uma vez… uma editora“.