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Picasso não queria viver

picassoPicasso, de início, não quer viver. Pelo menos hesita. Ou não sabe como fazer. No entanto, Maria Picasso y Lopes teve um parto normal, sofreu como quem sofre para o nascimento de um primeiro filho e recebeu ajuda de uma parteira que trouxe adequadamente o bebê ao mundo. Mas este, diante de uma plateia frustrada, permanece quieto. Nenhum grito, nenhuma respiração. Por sorte, o doutor Salvador Ruiz y Blasco, seu tio, fuma charuto (o nascimento, nessa época, não era regido por uma estrita higiene) e sopra-lhe em plena cara, voluntariamente ou não, por uma intuição benéfica ou num gesto de exasperação, uma baforada de fumaça acre que no mesmo instante desencadeia o reflexo que não esperava mais. Assim, no dia 25 de outubro de 1881, em Málaga, aquele que alguns dias mais tarde será batizado com o nome de Pablo e posto também sob o apadrinhamento protetor de alguns outros santos, faz-se notar desde o começo. Ele próprio não deixará de contar esse primeiro instante de sua história como um sinal anunciador de seu destino extraordinário. Foi a mãe que lhe relatou o fato ou ele que imaginou esse nascimento em suspense? Como Picasso se comprazerá mais de uma vez em embelezar sua biografia, não podemos confiar muito nas aparentes confidências de um homem tão atento quanto ele em edificar a própria lenda…

(Trecho inicial de Picasso, de Gilles Plazy, Série Biografias L&PM)

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Esta é a primeira foto que se conhece de Picasso, feita quando ele tinha 4 anos

O roubo da Mona Lisa em filme e livros

Está em cartaz, em alguns cinemas do centro do país, um filme baseado em fatos reais: “Picasso e o roubo da Mona Lisa”. Nem todo mundo sabe, mas no dia 20 de agosto de 2011, um domingo, a Mona Lisa de Da Vinci foi misteriosamente roubada do Museu do Louvre em Paris. O filme se concentra em dois nomes que foram suspeitos de estarem envolvidos no roubo: o pintor Pablo Picasso e o poeta Guillaume Apollinaire. Veja o trailer:

Achou interessante e não vai conseguir ver o filme? Há duas maneiras de saber mais sobre essa história:

1. Ler Roubaram a Mona Lisa!, de R. A. Scotti, que faz um relato vívido e minucioso deste que foi o maior furto da história da arte. Além de contar como Picasso e Apollinaire viraram suspeitos, se aprofunda nessa incrível e curiosa caçada global envolvendo ladrões audaciosos, falsificadores de arte, trapaceiros astutos, colecionadores milionários – e, sobretudo, a mulher mais linda, enigmática e desejada do mundo: Mona Lisa, a Gioconda.

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2. Ler Paris Boêmia – Os aventureiros da Arte Moderna (1900-1930), o primeiro volume da trilogia de Dan Franck e que tem um capítulo inteiro dedicado ao roubo da Mona Lisa. Além disso, o livro, que tem o jovem Picasso na capa, traz muitas outras histórias que se passam no caldeirão cultural que era a Paris do início do século XX.

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Prepare-se: Picasso chega em março a SP

Começa no dia 25 de março e vai até 8 de junho a exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola”. A mostra que será apresentada no CCBB de São Paulo vai receber cerca de 90 obras que evidenciaram a influência de Pablo Picasso na arte moderna da Espanha.

Com curadoria de Eugenio Carmona, “Picasso e a Modernidade Espanhola” e as obras fazem parte do acervo do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía.

A exposição ficará aberta de quarta a segunda, das 9h às 21h e será totalmente grátis. Imperdível!

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A L&PM Editores publica uma elogiada biografia de Picasso na Coleção L&PM Pocket.

Um fantasma no quadro de Picasso

Cientistas e especialistas em arte acabam de descobrir a imagem de um homem sob a pintura “Blue room” (Quarto azul), de Pablo Picasso. A tela, que faz parte do chamado “Período Azul” começou a ser feito em 1901 quando Picasso tinha apenas 19 anos.

“Blue room” vem sendo estudado desde 2008 e, agora, graças a raios infravermelhos e alta tecnologia, foi revelado que, embaixo da mulher que toma banho em um quarto azul, há um homem com um laço no pescoço, rosto apoiado em uma das mãos e três anéis nos dedos.

"Blue Room", pintado por Picasso em 1901

“Blue Room”, pintado por Picasso em 1901

Especialistas desconfiavam que havia algo sob o quarto azul.

Especialistas desconfiavam que havia algo sob o quarto azul.

O misterioso homem.

O misterioso homem.

Os peritos agora querem saber quem é o homem que ficou escondido por mais de um século sob a tinta azul.

Será Carles Casagemas, o grande amigo de Picasso que suicidou-se em fevereiro de 1901? Leia um trecho da biografia Picasso, de Gilles Plazy, da Coleção L&PM Pocket:

Uma notícia, brutal, dramática, que lhe chega da boemia da qual se distanciou, o transtorna: Carles Casagemas, que ele deixou há pouco mais de um mês no porto de Málaga, acaba de se matar, em 17 de fevereiro de 1901, e de uma maneira particularmente espetacular. (…) Longe da leveza das saias arregaçadas nas cenas de café-concerto, cumpre-lhe fazer em pintura o luto de Casagemas. Morto o pintor, ele o imagina várias vezes em diversos quadros, um dos quais à maneira de Van Gogh, outro suicidado, e no qual a imensa chama de uma vela explode em raios traçados em largas pinceladas. (…) Picasso, marcado pela morte de Casagemas e encorajado por Max Jacobs, interioriza-se, busca dentro de si mesmo imagens, compraz-se em dar livre curso à fantasia, o simbolismo, à melancolia também. (…) Nos quadros domina o azul, que é a cor simbólica, tradicional, da melancolia e que os artistas fin-de-siècle dos anos precedentes cultivam de bom grado. “Foi pensando que Casagemas estava morto que passei a pintar em azul”, dirá mais tarde Picasso a seu amigo Pierre Daix.

 

 

Ministério da Cultura Francês tenta impedir que atelier de Picasso vire hotel

O Ministério da Cultura Francês quer proteger o grande apartamento onde Pablo Picasso pintou a Guernica, uma de suas mais famosas obras. Foi por isso que entrou com uma ação emergencial para classificar o local como monumento histórico e, assim, impedir que o atual proprietário faça ali um aparhotel de luxo.

Picasso em seu atelier parisiense - Foto Michel Sima / Rue des Archives

Picasso em seu atelier parisiense – Foto Michel Sima / Rue des Archives

É nesta terça-feira, 13 de maio, que a comissão regional de patrimônios da cidade de Paris vai decidir sobre o futuro do antigo atelier, na Rue des Grands-Augustins onde Picasso se instalou em 1937 e trabalhou até 1955 – desde então, o andar de cima onde ele pintava nunca mais foi ocupado. Aurélie Filippetti, Ministra da Cultura, expressou seu apoio à preservação em um comunicado à imprensa datado de 7 de maio de 2014. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, fez o mesmo  em uma carta datada de 6 de maio, onde diz que o apartamento não deve ser transformado em hotel.

Abaixo, um trecho de Picasso, de Gilles Plazy, da Série Biografias L&PM, que demonstra a importância deste local:

Quando Picasso, um pouco pressionado por Dora, decide em março de 1937, instalar seu ateliê na Rue des Grands-Augustins, na rive gauche, a alguns passos de Saint-Germain-des-Près, ela o acompanha a esse belo prédio onde viveu Nicolas Poussin e no qual Balzac teria se inspirado para situar a ação de sua Obra-prima desconhecida. Ali, melhor do que na Rue La Boétie, ele vai dispor do espaço necessário para pintar uma obra de envergadura, à altura das circunstâncias que a provocam. É um apartamento duplex, mas não dividido como os dois apartamentos precedentes, dos quais, aliás, não se separou. Aqui, sendo o único a decidir, pode deixar proliferar a desordem sem a qual parece não poder viver. Há duas grandes peças, no andar inferior, que logo adquirem o aspecto de depósito, e, no andar de cima, o ateliê e um apartamento de artista solteiro, espaço privado no qual vive, à sua maneira desordenada, esse homem cercado de mulheres, mas que não aceita que nenhuma lhe imponha sua lei.

Andy Warhol, o rei dos leilões

Andy Warhol bateu o recorde de vendas de obras em leilões em 2013, segundo a empresa especializada Artprice. As obras de Warhol vendidas no ano passado somam US$ 367,4 milhões, deixando em segundo outro recordista dos leilões, Pablo Picasso, que arrecadou US$ 361,3 milhões. Em terceiro lugar no ranking vem o chinês Daqian Zhang, cuja comercialização das obras totalizou US$ 291,6 milhões. O contemporâneo e amigo de Warhol, Jean-Michel Basquiat, que liderou os dois anos anteriores, aparece em quarto lugar.

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Obra de Warhol em leilão na Christie’s em 2013

Ainda segundo a Artprice, houve um aumento de 13,16% no volume de negócios no ano passado em relação a 2012: foram US$ 12.051 milhões contra US$ 10.649 milhões. A China ratificou sua liderança como o país que mais comprou, com US$ 4.078 milhões, o que representa 34,92% do mercado global – houve um crescimento de 21,31% nos negócios realizados pelos chineses em relação a 2012. Em segundo lugar, aparecem os EUA.

Sobre a vida e a obra de Andy Warhol, a L&PM publica America (livro de fotos), Diários de Andy Warhol e a biografia do rei da pop art.

via estadao

Picasso e os recordes em leilões

Mais uma obra de Pablo Picasso bate o recorde de valor em um leilão: o quadro “Composition au Minitaure” foi vendido pela Sotheby’s nesta quarta, dia 6, por 10,4 milhões de libras (cerca de R$40,8 milhões), o valor mais alto já alcançado por uma obra em papel do artista. A peça, que data de maio de 1936, pouco antes da eclosão da Guerra Civil Espanhola, pertencia à coleção de um marchant e o novo dono não é conhecido.

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“Composition au Minitaure” no leilão da Sotheby’s

Na mesma noite, em outra casa de leilões, três jarras de cerâmica e terracota que o artista espanhol criou em 1950 foram vendidas por 1,48 milhões de libras em um leilão de arte modernista e impressionista na casa Christie’s, também em Londres.

Picasso já coleciona recordes em seu currículo de leilões: o óleo sobre tela “Nu au plateau de sculpteur”, de 1932, arrecadou 106,5 milhões de dólares em 2010. Para saber mais sobre a vida e a obra do artista espanhol, leia Picasso da Série Biografias.

via Folha

Modigliani no paraíso dos escultores

A meningite tuberculosa que o consumia há tanto tempo piorara subitamente. Na noite de sábado 24 de janeiro [de 1920], às 20h50, sem sofrer, pois fora posto para dormir com uma injeção, Amedeo vai ao encontro do paraíso dos escultores.

(…)

Hanka e Ortiz levaram a triste notícia a Jeanne. Ela estava quase parindo. Eles ficaram longo tempo com ela. A pequena Paulette Jourdain a acompanhara a um hotel na Rue de Seine, onde ela passara o resto da noite. Na manhã seguinte, ela fora até a Charité com seu pai para ver Amedeo. Moïse Kisling e outro pintor amigo seu, Conrad Moricand, haviam tentado, sem conseguir, fazer um decalque de seu rosto. Por fim, com restos de gesso Lipchitz fizeram doze moldes que foram distribuídos aos amigos de Modigliani e aos membros de sua família. Um rabino fizera a oração dos mortos.

Quando entrara no quarto em que ele jazia, Jeanne aproximara-se, olhara-o por longo tempo, depois, segundo Francis Carco, cortara uma mecha de seus cabelo, que colocara sobre o peito de seu bem-amado e saíra sem dizer uma palavra para reunir-se aos Zborowski e os amigos que a esperavam. À tarde, ela voltara para a casa de seus pais, na Rue Amyot.

(…)

André Hébuterne, o irmão de Jeanne, passara grande parte da noite seguinte com ela, em seu quarto, para fazer-lhe companhia. Mas com a proximidade da aurora ele deve ter adormecido, e Jeanne aproveitara o momento para atirar-se da janela do quinto andar.

(…)

O funeral de Modigliani foi imponente. Como a família de Amedeo não tivera como conseguir passaportes, pois a Itália ainda estava em guerra, Moïse Kisling organizara uma arrecadação junto aos amigos para as exéquias.

(…)

Na terça-feira, 27 de janeiro, mais de mil pessoas seguiram, num silêncio impressionante, o carro fúnebre florido puxado por quatro cavalos negros. Todos os amigos de Modigliani estavam lá: Max Jacob, André Salmon, Moïse Kisling, Chaïm Soutine, Constantin Brancusi, Ortiz de Zarate, Gino Severini, Léopold Survage, Jacques Lipchitz, Andre Derain, Fernand Léger, André Uttre, Suzanne Valadon, Maurice Utrillo, Kees van Dongen, Maurice de Vlaminck, Foujita, a infeliz Simone Thiroux, as modelos e vários outros. Vendo a polícia parar o trânsito nos cruzamentos, Pablo Picasso murmurara no ouvido de Francis Carco:
          – Veja, agora ele foi vingado.
Léon Indenbaum disse:
          – No fundo, Modigliani se suicidou.
Em silêncio, Léopold Zborowski lembrava que pouco antes de morrer Amedeo lhe dissera: “Não se atormente. Em Soutine, deixo-lhe um homem de gênio”.

(…)

Toda Montmartre e todo Montparnasse, mesmo os garçons dos cafés que muitas vezes o colocaram para fora das espeluncas, todo mundo estava no Père-Lachaise, seus amigos, seus inimigos, seus admiradores.

(Trechos de Modigliani, de Christian Parisot, Série Biografias L&PM)

O charmoso Amedeo Modigliani em 1916 no seu ateliê

A linda Jeanne Hébuterne, o grande amor de Modigliani, que suiciou-se poucos dias depois da morte do amado, quando estava grávida do segundo filho deles

Modigliani ao lado de Pablo Picasso e André Salmon que depois estariam presentes em seu funeral

A máscara mortuária de Modigliani, cujo modelo foi feito no dia de sua morte, em 24 de janeiro de 1920

Cézanne supera Picasso

Em um leilão realizado em Nova York esta semana, uma das telas da famosa série “Os jogadores de cartas”, de Paul Cézanne, foi arrematada por US$ 250 milhões (cerca de R$ 430 milhões), o maior valor já pago por uma pintura no mundo. Até então, quem ocupava o posto de pintura mais cara já vendida em um leilão era a tela “Nu, Folhas Verdes e Busto”, do espanhol Pablo Picasso, arrematada em 2010 por US$ 106,5 milhões.

Um dos quadros da série "Os jogadores de cartas" arrematado no leilão por US$ 250 milhões

Na volume sobre Cézanne da Série Biografias, o autor Bernard Faulconnier investiga minuciosamente o surgimento da famosa série de quadros:

Quando ia ao Museu de Aix, Cézanne sempre sentira uma atração especial pelo quadro atribuído a Mathieu Le Nain, Les Joueurs de cartes [Os jogadores de cartas]. Sempre sonhara em se inspirar nele, pintar daquele jeito. Por que este tema? Porque sempre estivera diante dele, porque naqueles personagens de jogadores de cartas podia abarcar a humanidade inteira e ainda reinventar a pintura, a pintura de gênero dessa vez.

Cézanne criou cinco quadros e vários estudos sobre o tema. Quem são aqueles homens captados de perfil, que jogam cartas tranquilamente naquele aposento tão modesto? (…)

O quadro é mudo. Os personagens estão tensos, concentrados, contraídos dentro de roupas grossas. O jogo de cartas não era uma brincadeira. Os homens assumem uma postura imponente, uma condição de figuras graníticas congeladas para sempre em sua tensão. (…) A segunda versão da série, aquela que está no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, contém quatro personagens, e as duas versões seguintes, apenas dois: os jogadores de cartas estão de perfil, sentados nas duas pontas da mesa. Tudo nesses quadros confere a este gesto do jogo, cotidiano e banal, a solenidade de uma cerimônia; tudo confere a esta representação a força de um momento de eternidade. Simplicidade nas linhas e dignidade na série de atitudes. Uma imagem do homem em seu cotidiano que, ao mesmo tempo, está além dele, em uma relação de harmonia singular com o mundo. Ao abandonar o monumental, Cézanne concentrou-se no essencial e ganhou em sobriedade para atingir o ser humano.

O quadro “Os jogadores de cartas” foi comprado pela família real do Qatar e será exposto no Museu Árabe de Arte Moderna, em Doha.