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George Bernard Shaw e o teatro brasileiro

A comédia Pigmaleão, uma das peças mais famosas do Prêmio Nobel de Literatura George Bernard Shaw, inspirou o musical “Minha querida dama”, que fez sucesso nos palcos brasileiros nos anos 60. Com Bibi Ferreira e Paulo Autran no elenco, o espetáculo marcou época na história do teatro brasileiro.

bibi-paulo

Além do casal, outro grande nome integrava o elenco: Jayme Costa. Bibi conta que várias vezes viu seu pai, o ator e diretor Procópio Ferreira, nos bastidores do teatro assistindo discretamente à peça. Certa vez, quando foi agradecer a ilustre audiência, ele respondeu: “Filha, você e o Paulo estão muito bem, mas na verdade eu venho aqui para assistir ao Jayme Costa”.

O musical deu origem a um disco, que eternizaria este grande momento do teatro brasileiro em vitrolas saudosas pelo mundo.

my fair capa

Outra adaptação famosa do texto de Bernard Shaw foi o filme “My fair lady”, em 1964, com Audrey Hepburn no elenco, sob a direção de George Cukor. Na L&PM, o celebrado texto faz parte da Coleção L&PM Pocket e tem a tradução do mestre Millôr Fernandes.

Liberdade, liberdade

No Dia de Tiradentes, 21 de abril de 1965, em plena ditadura militar brasileira, estreava, no Rio de Janeiro, a peça “Liberdade, liberdade“. Escrita por Millôr Fernandes e Flávio Rangel, a partir de textos históricos, o espetáculo que mesclava protesto, humor e música, era  dirigido por Rangel e tinha no elenco Paulo Autran, Nara Leão, Oduvaldo Vianna Filho e Tereza Rachel. Sucesso total de público e crítica – elogiada inclusive pelo The New York Times -, “Liberdade, liberdade” foi proibida pela censura poucos meses depois de sua estreia.

Publicado na Coleção L&PM Pocket, “Liberdade, liberdade” traz, além do texto integral da peça, a crítica publicada pelo The New York Times em 25 de abril de 1965, mais as introduções “A liberdade de Millôr Fernandes”, “A liberdade de Flávio Rangel” e “A liberdade de Paulo Autran”.

A liberdade de Paulo Autran

Tenho quinze anos de teatro.
Só há pouco tempo atingi uma posição profissional que me permite escolher os textos que vou representar.
Poder interpretar num mesmo espetáculo, farsa, drama, comédia, tragédia, textos íntimos, épicos, românticos, é tarefa com que sonha qualquer ator, principalemnte quando os autores se chamam Shakespeare, Beaumarchais, Büchner, Brecht, Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Sócrates…
A responsabilidade é pesada, o trabalho é árduo; mas o prazer, a satisfação de viver palavras tão oportunamente concatenadas, ou tão certas, ou tão belas, compensa tudo.
Se o público compreendê-las, assimilá-las e amá-las, teremos lucrado nós, eles, e o País também. Se isso não acontecer a culpa será principalmente minha, mas pelo menos guardarei dentro de mim a consoladora ideia de que tentei.
Por isso escolhi a Liberdade…

 

 

Paulo Autran e Tereza Rachel em cena da peça "Liberdade, liberdade"

Paulo Autran e Tereza Rachel em cena da peça “Liberdade, liberdade”