Por Ivan Pinheiro Machado*
O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, 3 de maio, é um dia a ser comemorado. Mais do que uma distinção e homenagem a comunicadores em geral – jornalistas de rádio, jornal e televisão, editores, escritores, blogueiros e todos que de uma forma ou de outra transmitem notícias, opiniões e ideias – esta data é, como o próprio nome indica, uma celebração da liberdade.
Sem imprensa livre não há democracia. Porque liberdade de imprensa subentende o exercício do primeiro dever do jornalista: dizer a verdade. E, como bem sabemos, os regimes totalitários não toleram a verdade. A L&PM Editores atravessou os famosos “anos de chumbo” da ditadura militar que começou em 1964. Fundamos a editora em 1974 e por 10 anos – até 1984 – amargamos, com toda a imprensa brasileira, a falta de liberdade, o medo e a intolerância. Passamos pelo que era o “trivial” naqueles tempos: apreensões de livros, grampos, agentes infiltrados entre os funcionários da editora e pressão econômica. Mas, como se vê, sobrevivemos.
Sempre tivemos como objetivo a edição de livros, mas, mesmo assim, nos aventuramos em editar dois jornais e duas revistas. Os jornais foram “Risco e texto” em 1976, um periódico com muito cartum, crônicas e humor (o humor era o único antídoto à burrice dos censores) e o “L&PM Moinhos” em 1993 (uma alusão ao bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre, onde ficava a sede da editora). Aliás, o “L&PM Moinhos” era o único jornal de bairro no Brasil que tinha correspondente em Nova York.
As revistas foram a “Revista de Filosofia Política”, que teve 11 números e a revista “Oitenta”, que tornou-se cult desde o início e, até hoje, é saudada como uma das grandes revistas culturais já editadas neste país. Tinha o formato de um livro e, em média, eram 300 páginas por edição.
E é por isso que, hoje, nos incorporamos às homenagens prestadas aos editores de livros, autores e aos jornalistas de ofício, especialmente àqueles que estão no front da notícia, quase sempre desagradando poderosos. E para marcar este dia gostaria de sugerir um clássico sobre imprensa: “A Primeira vítima – o correspondente de guerra” de Philip Knightley, cujo título é uma alusão à célebre frase de um senador americano na década de 1930 e que sintetiza de forma genial o drama da missão do jornalista: “Quando começa a guerra, a primeira vítima é a verdade”.
*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo sexto post da Série “Era uma vez… uma editora“.