Para nós, meros ocidentais prisioneiros da lógica, é quase impossível entender como os chineses conseguem escrever do jeito que escrevem. No lugar de letras, eles desenham símbolos. E o fazem com uma destreza impressionante que desafia a compreensão de quem aprendeu a ler a partir de “vovô viu a uva” como eu. A escrita chinesa não parte de um princípio sonoro, mas de traçados que contém em si a representação de um objeto ou de uma ação. Para escrever a palavra “casa”, por exemplo, basta um único ideograma (que lembra uma casinha, com telhado e tudo). Aliás, ideograma quer dizer exatamente isso: representação das ideias por meio de sinais. O que faz com que a leitura se torne dinâmica, muito mais rápida, pois o cérebro não precisa identificar as letras sonoramente para chegar a um significado. Sem contar a caligrafia chinesa, essa arte milenar que atravessou as gerações e permanece sendo louvada na atualidade. Prova disso são as inúmeras lojas que vendem pincéis especiais para calígrafos e oferecem quadros com grandes ideogramas para serem colocados na parede. Você consegue imaginar coisa igual com as nossas insossas letras?
Mas as letras romanas não são totalmente rejeitadas na China e, além de estarem presentes em muitas placas chinesas, elas causam fascínio nas crianças orientais. Tanto é assim que, num dos dias em que estive circulando pela Expo Shanghai, vários chinesinhos vieram correndo com cadernos abertos, pedindo para que eu – e os demais que estavam comigo – escrevêssemos nossos nomes neles. Na hora não tive a ideia (meu cérebro não funciona com a rapidez de um ideograma), de também pedir que elas escrevessem, ou melhor, desenhassem no meu caderninho. Seria uma lembrança e tanto…
No próximo post: livrarias de Shangai.
Leia os posts anteriores:
– Enquanto isso, na China milenar, a Expo continua a mil
– A Expo é um parque de diversões na cabeça
– A Expo Shanghai, os chineses e o Brasil
– Xangai é um barato