O Ministério da Cultura Francês quer proteger o grande apartamento onde Pablo Picasso pintou a Guernica, uma de suas mais famosas obras. Foi por isso que entrou com uma ação emergencial para classificar o local como monumento histórico e, assim, impedir que o atual proprietário faça ali um aparhotel de luxo.
É nesta terça-feira, 13 de maio, que a comissão regional de patrimônios da cidade de Paris vai decidir sobre o futuro do antigo atelier, na Rue des Grands-Augustins onde Picasso se instalou em 1937 e trabalhou até 1955 – desde então, o andar de cima onde ele pintava nunca mais foi ocupado. Aurélie Filippetti, Ministra da Cultura, expressou seu apoio à preservação em um comunicado à imprensa datado de 7 de maio de 2014. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, fez o mesmo em uma carta datada de 6 de maio, onde diz que o apartamento não deve ser transformado em hotel.
Abaixo, um trecho de Picasso, de Gilles Plazy, da Série Biografias L&PM, que demonstra a importância deste local:
Quando Picasso, um pouco pressionado por Dora, decide em março de 1937, instalar seu ateliê na Rue des Grands-Augustins, na rive gauche, a alguns passos de Saint-Germain-des-Près, ela o acompanha a esse belo prédio onde viveu Nicolas Poussin e no qual Balzac teria se inspirado para situar a ação de sua Obra-prima desconhecida. Ali, melhor do que na Rue La Boétie, ele vai dispor do espaço necessário para pintar uma obra de envergadura, à altura das circunstâncias que a provocam. É um apartamento duplex, mas não dividido como os dois apartamentos precedentes, dos quais, aliás, não se separou. Aqui, sendo o único a decidir, pode deixar proliferar a desordem sem a qual parece não poder viver. Há duas grandes peças, no andar inferior, que logo adquirem o aspecto de depósito, e, no andar de cima, o ateliê e um apartamento de artista solteiro, espaço privado no qual vive, à sua maneira desordenada, esse homem cercado de mulheres, mas que não aceita que nenhuma lhe imponha sua lei.