Neste final de semana, o mundo inteiro voltou seus olhos para o Rio de Janeiro. Tanto que a capital fluminense chegou ao primeiro lugar nos “trending topics” (assunto mais comentado) no Twitter. Aproveitando o momento, separamos aqui um pequeno trecho de Millôr definitivo, a Bíblia do caos, escrito pelo carioca Millôr Fernandes há alguns anos:
“As autoridades encarregadas da segurança do Rio repetem enfadonhamente sua impossibilidade de enfrentar aquilo que outrora se chamava crime. Por falta de homens, de material, de prisões. Quanto à falta de homens, não sei; nem quanto à falta de material. Mas nossas prisões, as que conheço, são as melhores do mundo. Nosso sistema carcerário pode mesmo ser considerado sem par. Estive em várias de nossas prisões ultimamente: são locais bem protegidos, de guardas e vigilantes bem arrumados e bem pagos; boas instalações, portas pesadas e com os mais modernos sistemas de controle e segurança. As pessoas aí confinadas vivem bem, e se alimentam magnificamente. Reclamam apenas das saídas, cada vez mais difíceis; só lhes é permitido tomar sol e fazer uns exercícios em quadras polivalentes. Quando tentam, porém, querem escapar ao confinamento, chegam à rua, são agredidas, violentadas ou mesmo mortas, sem qualquer explicação ou julgamento. De qualquer forma, repito, nossas prisões são tão boas que, na Barra da Tijuca, o custo de uma delas, tipo condomínio, atualmente é 500.000 dólares”.
Nos últimos dias, ao contrário de quando o texto foi escrito, vimos o Rio de Janeiro tem homens e materiais. Agora só resta saber se as prisões mudaram…