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O Alegrete fica aqui

Você não precisa perguntar onde fica o Alegrete. Siga o rumo deste livro e deixe-se encantar com as histórias de Sergio Faraco.

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Faraco canta o mundo contando causos sobre sua aldeia, a cidade fronteiriça do Alegrete. São evocações de família, de célebres figuras citadinas, de poetas, políticos, mulheres. Como a história do dia em que o circo passou pela cidade e do drama dos enamorados que, como Romeu e Julieta, tiveram um trágico fim.

Soberbo contista, Faraco burila suas crônicas à perfeição. Ao terminar de lê-las, tem-se a impressão de que não há uma única palavra que sobre ou falte. Ele escreve na medida exata.

Viva o Alegrete! foi publicado pela primeira vez em 2001. Esta edição de 2015, além de ganhar novo formato e nova capa, foi inteiramente revista pelo autor que suprimiu algumas cronicas para dar lugar a outras.

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Sergio Faraco autografa na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 de novembro, quarta-feira, às 18h.

Sergio Faraco nos conta sobre seu encontro com Eduardo Galeano em 2008

PAVANA PARA UM SEDUTOR

Sergio Faraco*

A foto de Zero Hora de 17 de abril, na página de Roger Lerina, em que estamos juntos Eduardo Galeano e eu, foi tirada em 2008, durante a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre. Para a L&PM, eu já traduzira dois livros dele, e mais tarde traduziria sua obra mais notória, “As veias abertas da América Latina”. Não era nosso primeiro encontro, que tinha sido em 1998, no Hotel Plaza San Rafael. O editor Ivan Pinheiro Machado me encomendara a tradução do livro “Patas arriba: la escuela del mundo al revés” e pediu que eu fosse ao hotel, pois Eduardo queria me conhecer.

Um tanto dispersa é minha memória dessa visita. Falamos de Shakespeare, isto eu lembro, porque justo naqueles dias eu estava terminando de ler as peças do inglês para organizar um volume de suas frases lapidares. Lembro também que falei muito e ele pouco, e tenho absoluta certeza de que não conversamos sobre o livro que eu ia traduzir nem sobre minha experiência de tradutor. Acho que ele só queria ter uma ligeira ideia sobre o fulano que ia reescrever seu livro em português.

Se não pude conservar melhor lembrança foi em virtude da impressão que Eduardo me causou, certa emoção que se antepunha às palavras e como as apagava, tão desnecessárias pareciam. Era inacreditável. Era como se estivesse a conversar com ele desde sempre e desde sempre gostasse dele como se gosta de um irmão ou de um verdadeiro amigo.

Este foi o Eduardo que conheci e que lembro tanto, apesar de termos nos visto apenas três ou quatro vezes. Como se ele estivesse sempre com a mão em meu ombro, como nessa foto de 2008. Ele foi sobremodo admirado por seu fremente humanismo, por seu combate contra todos os matizes da opressão, por sua percepção de grandezas em pequenas coisas da vida social, por escrever tão bem e, igualmente, por suas conferências, em que a política e a história caminhavam de mãos dadas com a poesia. Mas o fato é que ele te cativava até em silêncio.

Sergio Faraco e Eduardo Galeano na Feira do Livro de Porto Alegre 2008 / Arquivo pessoal

Sergio Faraco e Eduardo Galeano na Feira do Livro de Porto Alegre 2008 / Arquivo pessoal

*Escritor e tradutor. É autor, entre outros, de Lágrimas na chuvaDançar tango em Porto Alegre Contos completos.

Dançar tango no Vestibular

Dançar tango em Porto Alegre, livro de crônicas de Sergio Faraco publicado pela L&PM, é uma das novas leituras obrigatórias do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para marcar essa escolha, o jornal Zero Hora preparou uma matéria sobre o livro, publicada no Caderno Vestibular do dia 22 de maio. Para ler, clique sobre as imagens:

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Sergio Faraco no Vestibular 2015 da UFRGS

O livro Dançar tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco, é uma das leituras obrigatórias do Vestibular 2015 da UFRGS. São 18 contos reunidos no volume, que faz parte da Coleção L&PM Pocket.

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Além da coletânea de contos de Sergio Faraco, fazem parte da lista os clássicos Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio Almeida, Esaú e Jacó, de Machado de Assis, e O guardador de rebanhos, de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, todos publicados na Coleção L&PM Pocket. Clique aqui e confira a lista completa de leituras obrigatórias para o Vestibular 2015 da UFRGS.

O dia e o livro dos bichos

4 de outubro é o Dia Mundial dos Animais, data escolhida por ser o dia do nascimento de São Francisco de Assis, o protetor de toda a fauna. Ao sabermos da data, lembramos de um livro organizado por Sergio Faraco em 1997: “Livro dos Bichos“. Atualmente esgotado, este que é o número 50 da coleção L&PM Pocket (que agora já passa dos 1.000 títulos!), reune poemas de diversos autores da língua portuguesa sempre centrados em animais das mais diferentes espécies. Selecionamos “Borboleta” para marcar o dia:

BORBOLETA

Casimiro de Abreu

Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
que um só amor não contenta
e louca quer variar?
Se já tens amores belos,
pra que vais dar teus desvelos
aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
na débil haste pendida
em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
e nunca mais estremece
aos beijos que a brisa dá?…

Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?

Árvores poéticas

Hoje, 21 de setembro, é Dia da Árvore. Para homenageá-las, publicamos aqui dois sonetos especialmente escolhidos pelo escritor Sergio Faraco, vindos das páginas do livro As árvores e seus cantores (Editora Unisinos), organizado por ele junto com Maria do Carmo Conceição em 1999. Lembrando que amanhã, 22 de setembro, a primavera adentra o hemisfério sul trazendo suas cores e perfumes e deixando as árvores ainda mais floridas.

Árvore antiga

Freitas Guimarães (Caldas/MG, 1873 – Santos/SP, 1944)

É um carvalho secular, gigante:
o velho tronco, rijo, que o machado
poupou, e o vendaval desencadeado
não conseguiu jamais ver vacilante…

O velho tronco, ainda palpitante,
vive de cima abaixo agasalhado
em túnica de flores, coroado
de ramaria esplêndida e pujante!

Erguido ali, de pé, do alto fitando
as árvores que vivem disputando
a sua altura e o seu viver em festa,

orgulhoso de sua majestade,
cheio de ninhos e de alacridade,
parece um rei no seio da floresta!

* * *

A floresta

Augusto dos Anjos (Espírito Santo/PB, 1884 – Leopoldina/MG, 1914)

Em vão com o mundo da floresta privas!…
– Todas as hermenêuticas sondagens,
ante o hieróglifo e o enigma das folhagens,
são absolutamente negativas!

Araucárias, traçando arcos de ogivas,
bracejamentos de álamos selvagens,
como um convite para estranhas viagens,
tornam todas as almas pensativas!

Há uma força vencida neste mundo!
Todo organismo florestal profundo
é dor viva, trancada num disfarce…

Vivem só, nele, os elementos broncos
– as ambições que se fizeram troncos,
porque nunca puderam realizar-se.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

15 de Abril
Segunda-feira

2h20h

Com um rugido monstruoso, a popa começa a mergulhar. As ondas sacodem os botes mais próximos. Aquele prodígio sobre as águas, insígnia da opulência eduardiana, não existe mais, e a deformada carcaça de uma era de esplendor viaja para seu túmulo, num ângulo de 30º e à espantosa velocidade de 75km horários, a 1.600 km da cidade em que Ismay queria aportar na terça-feira.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

15 de Abril
Segunda-feira

2h05h

O naufrágio pode ocorrer a qualquer momento. Toda sorte de objetos desliza na direção da proa. Dos salões, das cabines, das cozinhas, sobem aos conveses superiores o estalejar da louça, vidros, metais, e as detonações do mobiliário ao chocar-se contra as paredes de vante, atribuindo uma cadência apocalíptica ao estridor das válvulas de segurança.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

15 de Abril
Segunda-feira

0h

Ismay conversa com o engenheiro Bell. Os problemas são sérios, diz o técnico, mas as bombas de esgoto vão manter a flutuação. Boxhall desce outra vez. Na sala do correio, já com meio metro de água, os agentes ainda tentam salvar a correspondência. São cinco os funcionários, e um deles, Oscar Woody, comemora hoje seu 44º aniversário.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.