Albert Camus afirmou que Herman Melville era o Homero do Oceano Pacífico. Com uma literatura perpassada pela busca da perfeição e pela constante luta entre o Bel e o Mal, o autor de Moby Dick cantou o mar como nenhum outro. Nascido em Nova York no primeiro dia de agosto de 1819, Herman Melville era herdeiro – tanto de pai, quanto de mãe – de uma gloriosa e sólida tradição familiar. A tradição, no entanto, não teve forças para sustentar-se durante os anos da depressão econômica e a fortuna da família Melville desapareceu como sal na água.
Depois da morte do pai, aos vinte anos, Melville embarcou como camareiro em um navio que zarpava para Liverpool. Surgia aí sua paixão pelo mar.
Em 1841, veio outra viagem, dessa vez no baleeiro Acushnet que rumava para o Pacífico, e que mais tarde seria a inspiração para Moby Dick. Quando o navio lançou âncora nas Marquesas, em julho de 1842, Melville e seu companheiro, o personagem Toby de seu livro Taipi, desertaram do navio e moraram com os canibais, deixando a ilha quatro semanas mais tarde, dessa vez a bordo de um baleeiro australiano, o Lucy Ann. Com outros membros da tripulação, Melville participou de um motim no Lucy Ann, foi legalmente confinado em Taiti, fugiu com um companheiro para uma ilha vizinha e chegou a Honolulu em outro balleiro.
Em Honolulu, quando a fragada Unided State aportou de uma viagem para Boston, Melville alistou-se na Marinha. A disciplina naval, no entanto, o deixou nauseado e, a partir de seus 25 anos, ele embarcou em outra viagem: a literatura. Taipi foi o primeiro desses livros.
Em 1851, foi lançado Moby Dick, obra que, atualmente, é considerada uma das mais importantes da literatura ocidental. Mas que, na época de sua publicação, não fez muito sucesso entre os leitores. O motivo da impopularidade inicial foi que o escritor optou por tratar de temas mais complexos e elaborados, enquanto as pessoas esperavam por relatos de aventuras mais simples como aquelas que estavam em seus primeiros livros.
Herman Melville morreu em 28 de setembro de 1891, depois de abandonar a carreira de escritor. Deixou alguns manuscritos incompletos, entre eles Billy Budd, marinheiro, descoberto apenas em 1920.
Seis meses em pleno mar! Sim, leitor, por minha vida, seis meses sem ver terra firme, navegando em busca de baleia, deixando o sol crestante do Equador, e jogados pelas vagas do poderoso Pacífico – o céu em cima, o mar em torno de nós, e nada mais! Faz semanas e semanas, todas as nossas provisões de víveres frescos se esgotaram. (Trecho inicial de Taipi, de Herman Melville)