Havia três anos que Tchékhov vivia em Melikhovo, na província de Moscou, e continuava sempre arranjando uma desculpa para não visitar a não muito distante fazenda de Yasnaya Polyana. Até que tomou coragem e resolveu apresentar-se ao proprietário do local, ninguém menos do que o conde Tolstói.
Em agosto de 1895, Tchékhov finalmente bateu à porta do autor de Guerra e Paz. Mas chegou bem na hora em que o mestre, vestindo uma camisa branca de linho, dirigia-se ao riacho para tomar um bom banho. Tolstói convidou Tchékhov para acompanhá-lo. Chegando lá, o mais velho tirou a roupa e mergulhou na água, enquanto o mais novo permaneceu sentado à margem. Imerso até o pescoço, com a barca branca flutuando, Tolstói conversou com seu visitante.
Naquele dia, Tchékhov passou a noite em Yasnaya Polyana, depois de lerem em voz alta passagens da primeira versão de Ressurreição, livro que Tolstói iniciara naquele ano e que viria a ser seu último romance, publicado em 1899.
Depois do encontro, Tolstói disse que gostou de Tchékhov, mas que achou que faltava a ele um ponto de vista. Isso porque Tchékhov preferiu omitir suas opiniões, contrárias às do anfitrião, já que Tolstói, por exemplo, opunha-se à educação de nivel superior, à propriedade privada e até mesmo à prática da medicina.
Mais tarde, eles se encontrariam de novo e então discutiriam suas diferentes visões de mundo. E apesar das rivalidades filosóficas, Tchékhov preocupava-se com a saúde de Tolstói e o chamava de “velho manhoso”. Costumava dizer também que “Enquanto houver um Tolstói na literatura será agradável e prazeroso ser escritor”.
No primeiro encontro, Tchékhov preferiu não se opor às ideias de Tolstoi
Os dois escritores russos posam para a posteridade
Tchékhov e Tolstói também estão juntos na Coleção L&PM Pocket e na “Caixa especial literatura russa“.
No iníco de 2013, será lançado “Infância. Adolescência. Juventude” de Tolstói.