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Tennessee Williams, um homem chamado desejo

Tennessee Williams nasceu em 26 de março de 1911. Autor de “Um bonde chamado Desejo” e “Gata em teto de zinco quente” – só para citar duas de suas peças mais famosas – ele foi batizado como Thomas Lander Williams. Mas aos 26 anos resolveu adotar o pseudônimo que o faria famoso:  Tennessee. Seu tema favorito sempre foi a família problemática: os vínculos prestes a se dissolverem ou já totalmente falidos. Em sua dramaturgia, usou como inspiração a própria vida, sua infância carente de dinheiro e de afeto. A lobotomia da irmã, autorizada pela mãe, por exemplo, está na peça “De repente no último verão”. E há realmente mais dramas do que comédias em seu currículo de vida. Quando garoto, Tennesse Williams fugia de casa para não escutar os gritos da mãe, que não se continha na hora do sexo.  Sem um tostão, passou por uma cirurgia de catarata gratuita diante de uma platéia de estudantes. E certa vez foi espancado por michês marinheiros até ver a morte de perto. Mas ele resistiu, fez sucesso, fez amigos, ganhou fama, ganhou dinheiro, abusou do álcool, abusou da sorte. Até que morreu em 25 de fevereiro de 1983, sufocado por uma tampa de spray nasal em um quarto de hotel em Manhattan. “Um bonde chamado desejo”, publicado pela L&PM com tradução de Beatriz Viégas-Faria, foi escrito por Tennessee Williams em 1947. Além de fazer sucesso nos palcos até hoje, o texto imortalizou Marlon Brando no papel do rude Stanley Kowalski, cunhado de Blanche DuBois.

Andy Warhol e Tennessee Williams, ambos de óculos escuros

Pedalando com todas as letras

“Quando eu vejo um adulto em uma bicicleta, eu sinto esperança na raça humana.” A frase é do escritor inglês H. G. Wells, célebre autor de livros de ficção científica e um dos maiores entusiastas das “magrelas”, “bikes”, “bicis” ou seja lá como você prefere chamar a sua bicicleta. Wells, por exemplo, se referia à sua como “picshua” e costumava pedalar com a esposa e participar de passeios em grupo.

H. G. Wells entre um amigo e sua esposa

H. G. Wells entre um amigo e sua esposa

Wells não foi o único amante das bicicletas. Veja outros famosos sobre duas (ou três) rodas:

Leon Tolstói em 1895

Leon Tolstói em 1895

Sir Arthur Conan Doyle e a esposa em 1892.

Sir Arthur Conan Doyle e a esposa em 1892

Tennessee Wiiliams, autor de "Um bonde chamado desejo", anda de bicicleta em 1970.

Tennessee Wiliams, autor de “Um bonde chamado desejo”, anda de bicicleta em 1970

Albert Einstein parece bem feliz

Albert Einstein parece bem feliz

O grande Júlio Cortázar fazendo pose na sua bicicleta

O grande Júlio Cortázar fazendo pose na sua bicicleta

“Um bonde chamado desejo” lidera indicações ao Prêmio Shell de Teatro

A 28ª edição do Prêmio Shell de Teatro de São Paulo divulgou nesta segunda-feira, 20 de julho, os indicados do primeiro semestre de 2015.

O espetáculo “Um Bonde Chamado Desejo” lidera a lista, com quatro indicações: direção (Rafael Gomes), atriz (Maria Luisa Mendonça), cenário (André Cortez) e figurino (Fause Haten).

Em cartaz no Teatro Tucarena até 2 de agosto, a peça vem recebendo muitos elogios, principalmente a atuação de Maria Luisa no papel de Blanche Dubois. Leia a resenha do jornalista Dirceu Alves Jr. da Veja São Paulo:

De tempos em tempos, um espetáculo perdura na memória do público como uma experiência vivida. O ano de 2015, na sua exata metade, já desponta com um forte candidato a esse time cada vez mais seleto. Sob a direção de Rafael Gomes, Maria Luisa Mendonça protagoniza o drama de Tennessee Williams (1911-1983) na pele de Blanche Dubois. Enigmática, falida e em estado de permanente delírio, ela é uma professora obrigada a morar de favor na casa da irmã, Stella (a atriz Virginia Buckowski). Por lá, uma batalha repleta de tensão sexual é travada pelo cunhado, Stanley Kowalsky (interpretado por Eduardo Moscovis), que decide investigar o passado renegado por ela. O que se vê no Tucarena é uma leitura arrebatadora e atemporal de uma história escrita em 1947. Seja na trilha sonora, com referências de George Gershwin, Beirut e Amy Winehouse, ou no cenário de André Cortez, que coloca um chiqueiro de madeira, como simbologia do cortiço onde vivem os personagens, circundado por um trilho, a montagem transmite contemporaneidade. Na mesma sintonia, Moscovis foge do estereótipo do brutamonte e constrói um antigalã amargurado pela vida, enquanto Virginia imprime segurança na doçura de Stella e Donizeti Mazonas, como o amigo de Kowalsky, é econômico na medida certa. A base para o sucesso, no entanto, se apoia na visceral representação de Maria Luisa. Em um transe permanente, a atriz descarta ficar limitada ao recorrente glamour e humaniza Blanche, valorizando a cada cena sua solidão e a óbvia sensação do fracasso. Fabrício Licursi, Fernanda Castello Branco e Matheus Martins completam o elenco. Estreou em 5/6/2015. Até 2/8/2015. (Dirceu Alves Jr.)

Maria Luisa Mendonça em cena na peça "Um bonde chamado desejo". Foto: João Caldas

Maria Luisa Mendonça em cena na peça “Um bonde chamado desejo”. Foto: João Caldas

SERVIÇO

O que: “Um bonde chamado desejo” – Direção de Rafael Gomes
Duração: 110 minutos
Recomendação: 14 anos
Onde: Teatro Tucarena – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – SP / Fone: (11) 3670-8455
Quando: Até 2 de agosto – Sexta 21h30min; domingo 18h.
Quanto: Sexta R$ 50,00 – Sábado e domingo R$ 70,00

A L&PM publica Um bonde chamado desejo na Coleção L&PM Pocket.

Sobre “Millôr Definitivo”

Mais de 600 páginas de Millôr em estado puro

Este livro espetacular é o resultado de uma verdadeira operação “pente-fino” na obra de Millôr Fernandes. Muitas foram as pessoas que colaboraram no “rastreamento” das frases deste grande intelectual brasileiro, dentro e fora da L&PM. Mas foi aqui na editora que executamos a monumental tarefa de selecionar, reunir, “xerocar” e assinalar quase 10.000 frases. Esta equipe foi capitaneada por Jó Saldanha, Fernanda Veríssimo e por mim. Consultamos as coleções de “O Cruzeiro”, “Veja”, “Isto É”, “O Pasquim”, “Pif-Paf”, “Jornal do Brasil” e todos os livros publicados por Millôr como “30 anos de mim mesmo”, “A história é uma história”, “A verdadeira história do Paraíso”, “O livro vermelho dos pensamentos de Millôr”, “Fábulas fabulosas”, “Hai-kais”, “Poemas” entre muitos outros, além das 21 peças de teatro originais, criadas por ele (para quem não sabe, Millôr também traduziu mais de 100 peças de teatro, entre elas “Hamlet”, “Rei Lear” e “A megera domada” de Shakespeare, “Pigmaleão” de Bernard Shaw e “Gata em telhado de zinco quente” de Tennessee Williams. O material original, com as páginas de livros, jornais e cópias de revistas formariam uma pilha de mais ou menos três metros de altura, caso fossem empilhadas, é óbvio… Millôr analisou as 10 mil frases e cortou mais de 4 mil. Foram aprovadas 5.142 frases. O trabalho começou em 1988 e o livro saiu finalmente em 1994 com um mega lançamento na churrascaria Marius em Ipanema, Rio de Janeiro. Um mês depois, faríamos outro grande lançamento na pizzaria “Birra e Pasta” em Porto Alegre, numa grande festa comemorando os 20 anos da L&PM Editores. De lá para cá, este livro já vendeu bem mais de 50 mil exemplares.

São mais de 600 páginas de Millôr Fernandes em estado puro. Há no mercado uma edição de luxo em capa dura, no valor de R$ 74,00 e  a versão em bolso, com texto integral por R$ 29,00. É um fantástico conjunto de preciosidades intelectuais. Uma síntese do pensamento de Millôr Fernandes. Frases que marcaram nossa história recente e traduzem de maneira genial o que se viu, sonhou, sofreu e vibrou nestas últimasd décadas. (Ivan Pinheiro Machado)

 

Pequeno momento nostálgico

Era um pequeno pedaço de papel estampado, geralmente quadrado ou retangular, com picotes em todos os seus vértices. Pássavamos cola em seu verso – outras vezes, num ato de paixão, era a língua que, como um pincel, liberava sua goma – e assim o colávamos nos envelopes e cartões postais. Cuidadosamente desenhado, com figuras variadas, o minúsculo papel tinha diferentes valores. Cada desenho ou cor continha em si uma espécie de tributo. Impossível atravessar uma fronteira sem ele. Muitos eram os colecionadores. Os caçadores de raridades. Os que iam em busca de carimbos distantes. Hoje, os selos continuam sendo impressos, mas se distanciam cada vez mais das palavras. Uma pena… (Paula Taitelbaum) 

Separamos alguns selos com estampas de escritores. Quem sabe você não se empolga e começa uma nova coleção? Aqui estão Edgar Allan Poe, Tolstói, Dostoiévski, Machado de Assis, Alexandre Dumas, Shakespeare, Rimbaud, Balzac, Kafka, Émile Zola, Allen Ginsberg, Jack London, Kerouak, Stefan Sweig, Tennessee Williams, Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.

A biblioteca de Marilyn Monroe

Uma coleção de diários que está prestes a ser lançada nos Estados Unidos deixa no ar se Marilyn Monroe era mesmo um típico exemplar de “loira burra”. Nos escritos inéditos, a atriz revela admiração por escritores como Samuel Beckett, Walt Whitman e, acreditem, James Joyce. Seu exemplar de Ulysses inclusive chegou a ser vendido por quase 10 mil dólares em um leilão promovido pela Christie’s em 1999.

Da biblioteca de Marilyn também faziam parte obras de Tennessee Williams, Ernest Hemingway, Francis Scott Fitzgerald e John Steinbeck.  Não foram poucas às vezes que a loira posou para os fotógrafos fazendo o gênero “intelectual”.  Agora, se ela admirava mais os escritos ou os escritores em si, isso já é outra história.

Até Marge Simpson já embarcou em Um bonde chamado desejo

Um bonde chamado desejo é o que se pode chamar de um livro de sucesso. A peça, escrita em 1947 pelo americano Tennessee Williams foi desde sempre aclamada pela crítica. Imortalizada na literatura, no teatro e no cinema, teve Marlon Brando no papel de Stanley Kowalski, o rude cunhado de Blanche DuBois, casado com sua irmã Stella. E há várias curiosidades a respeito de Streetcard named Desire, título original do livro que a L&PM publica em pocket com tradução de Beatriz Viégas-Faria:

– Na peça, o marido de Blanche se suicidava por ter tido um caso homossexual, mas essa cena foi abortada no filme e só recentemente incluída nas “cenas deletadas”.
– Vivien Leigh, que viveu Blanche nas telas, chegou a interpretar a peça em Londres, ao lado de seu marido Laurence Olivier.
– Marlon Brando recebeu o papel do próprio Tennessee depois de fazer o teste na casa do dramaturgo.
– Em 1999, Pedro Almodóvar fez uma versão da peça no filme Tudo sobre minha mãe, mantendo alguns dos diálogos da versão filmada em 1951.
– Os Simpsons tiveram a sua própria versão de Um bonde chamado desejo sob o título de A Streetcar named Marge. Nela, Marge ganha o papel de Blanche DuBois e começa a comparar Homer com Stanley Kowalski. Segundo o criador, Matt Groening, esse é um de seus episódios favoritos.

Tentamos encontrar um trecho, mas só o que conseguimos foi um pequeno pedaço de cena. Melhor do que nada…