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“Um trem para a Suíça” de David Coimbra: uma importante reedição

David Coimbra é um dos melhores textos da imprensa brasileira. Sua base é o jornal Zero Hora de Porto Alegre, mas seus livros têm amplo trânsito pelo Brasil inteiro. Inclusive seu romance histórico Canibais serviu como base para uma produção da TV Globo em 2010. Cronista, romancista, David é um estudioso de história e acaba de entregar para a L&PM seu projeto mais ambicioso: o primeiro volume de uma espécie de “história do mundo”, ainda sem título definitivo. Neste livro ele consegue juntar emoção, erudição, bom humor e muita informação. Aguardem.

Enquanto este novo livro não vem, a L&PM está reeditando seu trabalho mais recente, Um trem para a Suíça. Um delicioso conjunto de crônicas sobre o cotidiano e suas muitas viagens pelo mundo inteiro. David tem muito leitores e é consagrado no sul do país. Fica a dica de um grande escritor que o Brasil inteiro deve conhecer. (IPM)

Dicas de leitura no Dia do Repórter

Além de Hunter Thompson, que já foi citado por aqui hoje, no Dia do Repórter, temos outras dicas de leituras para quem curte uma reportagem emocionante com clima de aventura. Dá só uma olhada:

1961 – O golpe derrotado, de Flávio Tavares – Testemunha e participante do Movimento da Legalidade, o jornalista Flávio Tavares escreveu este belo romance reportagem, onde a memória é o fio condutor que desnuda detalhes e revela a face oculta de tudo, com uma surpresa a cada passo. Colunista político nos anos 1960 da Última Hora, do Rio de Janeiro, Flávio foi preso e banido do Brasil pela ditadura em 1969. Á volta do exílio, trabalhou nos maiores jornais do país e publicou, antes do recém lançado “1961”, os livros Memórias do Esquecimento e o Dia em que Getúlio matou Allende.

10 dias que abalaram o mundo, de John Reed – Considerada a primeira grande reportagem moderna, este livro é uma minuciosa descrição da revolução comunista de 1917 na Rússia. Em 1914, John Reed, um norte-americano do Oregon foi para a Europa cobrir, pela Metropolitan Magazine, a Primeira Grande Guerra, recém iniciada. Ele e a esposa acabaram chegando em Moscou no auge do movimento revolucionário. Em 1981, Warren Beatty dirigiu e estrelou “Reds” como Reeds.

Um trem para a Suíça, de David Coimbra – Repórter esportivo, David Coimbra escreve no jornal com a mesma paixão que dedica a seus romances e novelas. Este livro reúnem crônicas e relatos de viagens. A Olimpíada da China e três Copas do mundo são o pano de fundo para histórias em países como Coreia, Japão, China, Malásia, África do Sul, Bolívia, Venezuela, Alemanha e Suíça. Entre as histórias/reportagens está um perigoso contato com os guerrilheiros das Farc nas selvas bolivianas.

Operação Condor: o seqüestro dos uruguaios, de Luiz Cláudio Cunha O sequestro de um casal de uruguaios, em 1978, numa ação dos órgãos de repressão do Uruguai e do Brasil, expôs as vísceras da sinistra Operação Condor à opinião pública brasileira e internacional. Alertados por um telefonema anônimo, o repórter Luiz Cláudio Cunha e o fotógrafo J.B. Scalco foram conduzidos até um apartamento em Porto Alegre, onde surpreenderam militares uruguaios e policiais brasileiros na fase final do sequestro do casal. Pela primeira vez no continente, jornalistas testemunhavam a Condor em pleno vôo.

O Smurf Repórter, de Peyo – Ok, este não é exatamente um livro sério e de reportagem como os outros que indicamos. Mas para quem quer descobrir, de forma divertida e colorida, um pouco mais sobre a vida do repórter, tá valendo. Fica a dica para as crianças. Em formato convencional e pocket.

Fila de embarque para “Um trem para a Suíça”

Já falamos (e mostramos fotos) da sessão de autógrafos de Claudia Tajes e de Martha Medeiros. Agora é a vez de David Coimbra. O escritor e editor de esportes do Jornal Zero Hora também autografou, durante horas na Feira do Livro de Porto Alegre. Além de seus fiéis leitores, David também recebeu a patrona da Feira do Livro, Jane Tutikian, que ontem, 07 de novembro, o cumprimentou pelo lançamento de “Um trem para a Suíça“. 

David Coimbra recebe o abraço de Jane Tutikian, a patrona da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano

Muita gente embarcou nas páginas de "Um trem para a Suíça"

As viagens de David Coimbra

“Este livro foi escrito durante dez anos e por dez países. De 2001, ano em que as Torres Gêmeas se desmancharam e o mundo mudou para sempre, até 2010, ano em que o Brasil elegeu, pela primeira vez em sua História, uma mulher presidente da República, contei o que vi e vivi em crônicas e nacos de reportagens que foram selecionadas (…). Foram textos paridos nos lugares mais diversos do planeta.” (David Coimbra no início da apresentação de seu novo livro “Um trem para a Suíça“)

Um trem para a Suíça” é, literalmente, uma viagem. Cronista consagrado, romancista, repórter, David Coimbra, através da radicalidade do texto, da entrega ao assunto, acaba por transcender a matéria jonalística para chegar à verdadeira literatura. Isto é, provoca aquilo que é mais raro na relação autor e leitor: o prazer de ler.

E é isto que nós, editora e autor, estamos entregando ao leitor com este livro cuja leitura, ao mesmo tempo em que traz toneladas de informações, é magnificamente prazerosa. Informação & emoção. Este é o binômio mágico que atrai e seduz o leitor. “Um trem para a Suíça” leva aos confins da Ásia, onde você vai se divertir com a narrativa sobre um bordel coreano onde estrangeiro não entra;  ao Japão, onde o autor foi testemunha de um terremoto; à Cidade Proibida na China; à África do Sul; à Tanzânia; à Venezuela do “kaiser” Chávez; à eficiência impecável alemã e seu mito de que todos falam inglês; à cidade suíça que Mark Twain chamou de a mais bonita do planeta; à Malásia e às perigosas montanhas colombianas onde, depois de mil peripécias, o repórter encontra e entrevista os guerrilheiros das FARC.

Antes das viagens, o livro abre com um conjunto de crônicas. Uma espécie de “entrada” aos relatos de viagem. São textos curtos carregados de humor, emoção e …talento. Enfim, ” Um trem para a Suíça” – como se dizia antigamente – “é diversão garantida, ou seu dinheiro de volta”.

David Coimbra e os guerrilheiros das FARC / Arquivo pessoal

O comandante guerrilheiro estava furioso. Fitou-me com os olhos em chispas, apertava o cano da metralhadora com a mão e repetia, aos gritos esganiçados:

– Espiones de la dea!

Aquilo me confundia ainda mais. Tentava raciocinar, consultava o meu arquivo mental das sutilezas da língua espanhola: o que seria “de la dea”?

(Início da crônica “Santo Olívio e a guerrilha”)

David Coimbra autografa Um trem para a Suíça no dia 07 de novembro às 18h30min na Feira do Livro de Porto Alegre.