Angeli, o criador de Rê Bordosa, Walter Ego, Bob Cuspe e Os Skrotinhos nasceu em 31 de agosto de 1956. E como estamos em época de horário eleitoral gratuito, vale dar uma olhada em alguns dos candidatos criados pelo grande chargista. Saídos diretamente do livro E agora são cinzas.
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Angeli está em crise
Depois de fazer sucesso com personagens que marcaram época na história dos quadrinhos brasileiros como Rê Bordosa, Walter Ego e Wood & Stock, o cartunista Angeli resolveu mudar. Afinal, ele também estava mudando. Abandonou todas as suas crias e começou a trabalhar num novo personagem, o “Angeli em crise”. Para tentar se entender, ele começou a se desenhar. E pelo jeito, deu certo, porque desta reviravolta surgiu a exposição Ocupação Angeli, que fica em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, de 16 de março a 29 de abril.
“Tudo o que eu andava fazendo tinha virado uma fórmula. Senti que estava começando a colocar o pé na cova. Resolvi mudar. Abandonei personagens e fiquei sem nada. Entrei numa crise real, não só na brincadeira do personagem Angeli em Crise”, disse ele em entrevista à Folha de S. Paulo.
A mostra Ocupação Angeli tem 800 obras (sendo 80, originais) e 20 fotos do chargista – seu acervo particular conta 30 mil obras, entre tiras, quadrinhos, charges, ilustrações, capas de discos, filmes e vídeos – em um espaço de 120 m² que recria, em uma versão idealizada, seu estúdio de criação, onde nasceram tantos personagens, entre eles o alter-ego “Angeli em Crise”.
De 29 de março a 1º de abril, haverá também uma mostra audiovisual paralela com 13 produções, entre curtas, documentários e longas de animação ligadas de alguma forma à obra de Angeli. Se você vai estar em São Paulo nestes dias, não perca! A entrada é franca.
Walter Ego e outros alteregos da literatura
Foi para homenagear todos os alteregos – na verdade mais os “egos” do que os “alter”, que o cartunista Angeli criou Walter Ego, o mais emblemático de seus personagens e que, como o próprio nome sugere, ama a si mesmo acima de tudo (clique na tirinha para ampliar).
E foi aproveitando o tema e o nome sugerido por Angeli que resolvemos perguntar: você tem um alterego? Tipo um pseudônimo, uma personalidade dupla, um outro você? Não? Pois muitos escritores tem… Parte deles, simplesmente usava outro nome para assinar algumas de suas obras. Fernando Pessoa, por exemplo, era ao mesmo tempo Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Agatha Cristhie virou Mary Westmacott na hora de publicar seus romances não policiais. E Nelson Rodrigues não só usou outro nome, como trocou de gênero. Na década de 1940, sem que os leitores soubessem, Nelson assinava Suzana Flag em folhetins que eram publicados nos jornais. O alterego feminino do escritor não só fez o maior sucesso como passou a receber cartas de homens apaixonados. E os alteregos literários não param por aí. Muitas vezes eles se escondem (ou não) nas páginas das próprias obras. O alterego de Franz Kafka seria Gregor Samsa, seu personagem em Metamorfose. Dizem que David Copperfield era o próprio Charles Dickens. E Lima Barreto teria criado Isaías Caminha com sua própria personalidade, enquanto João da Ega seria o alterego de Eça de Queiroz em Os Maias. Ficou inspirado? Então responda mais essa: se você tivesse que criar um outro você, quem ele seria?