Em 1946, Marilyn Monroe já tinha os cabelos claros, mas não tão claros e loiros quanto no filme O pecado mora ao lado, que anos depois a tornaria a maior e mais desejada estrela do cinema de todos os tempos. Isso porque em 1946, Marilyn ainda não era Marilyn, mas sim Norma Jeane. Tinha apenas 20 anos e até pouco tempo era casada com o marinheiro Jim Dougherty, que a deixou por não suportar conviver com a cobiça estampada nos olhares masculinos sobre sua mulher.
Foi em 1946, a serviço da agência Blue Book, que o fotógrafo Joseph Jasgur clicou o ensaio cujas fotos vão a leilão no início de dezembro deste ano, na Califórnia: três imagens em preto e branco e uma colorida de uma Marilyn jovem e sorridente em trajes de banho na beira da praia. Jasgur guardou estas fotos durante mais de 70 anos e agora elas vieram a público por determinação de um juiz na Flórida, que mandou leiloar as imagens para quitar as dívidas deixadas pelo fotógrafo, morto em 2009.
A carreira de modelo da jovem Norma Jeane na agência Blue Book começou um ano antes, em 1945, quando um outro fotógrafo chamado André de Dienes caiu nas graças daquela garota de luz frágil, porém intensa, e corpo escultural. Após a primeira sessão de fotos, ele já estava completamente apaixonado pela moça. No livro Marilyn Monroe, da Série Biografias, esta passagem está contada em detalhes:
De madrugada, o fotógrafo conduz a moça a uma praia deserta e passa o dia disparando cliques. Norma Jeane está radiosa, um largo sorriso devora seu rosto. Oferece à objetiva todo o seu desejo de vida, suas esperanças de amanhãs melhores Está tão feliz por estar ali, existente, tão reconhecida àquele homem que a escolheu e lhe demonstra consideração, que desenha um coração na areia. Na mesma noite, ao revelar os negativos, De Dienes fica estarrecido com os resultados.
Pouco tempo depois, os cabelos castanho-claros que aparecem nas fotos desta época se tornam loiros. A mudança foi sugerida pela dona da Blue Book, Miss Snively, assim que conheceu e se encantou pela moça:
– Um pequeno conselho – ela acrescenta no momento de se despedir da moça toda alegre, derramando lágrimas de felicidade, sorrindo com uma gratidão exaltada -, você vai fazer um sucesso louco com os fotógrafos se pintar os cabelos de louro. Eu lhe garanto. Mande descolori-los, vire loura, e vai ter todos eles aos seus pés. Acredite em mim.
– Não, obrigada – fala Norma Jeane, embaraçada. Não está interessada. Ficaria com um rosto muito artificial. Não se reconheceria mais.
Loura não seria mais ela.
Ela simboliza a graciosidade, ternura e o sonho de mulher que todo homem sonha e quer: nunca deixará de ser a mais bela da belas( mesmo que não oseja) e viverá para sempre no imaginário dos homens na qualidade de símbolo sexual e mito universal…