Alma Beat foi o trabalho mais completo editado sobre a Geração Beat no Brasil. Um painel apaixonado e preciso sobre o que eram e o que fizeram os beats. Em suas páginas, eram oferecidos textos escritos por poetas, jornalistas e escritores brasileiros que, de uma forma ou de outra, tiveram suas vidas e suas obras influenciadas pelo movimento. Além de textos inéditos dos próprios beats – como um poema de Kerouac sobre Rimbaud, um texto de Gary Snyder sobre o Brasil e um poema de Ginsberg para Che Guevara! –, Alma Beat trazia artigos de Eduardo Bueno, Antonio Bivar, Roberto Muggiati, Cláudio Willer, Leonardo Fróes, Pepe Escobar e Reinaldo Moraes sobre a ligação dos beats com o jazz, com as drogas, com o zen, com a estrada, com os autores malditos e com a tradição romântica. O livro era ainda complementado pelas autobiografias de Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs, Gregory Corso, Neal Cassady, Gary Snyder, Peter Orlovsky e Lawrence Ferlinghetti. E tinha também trechos de cartas e entrevistas, além de fotos que naquela época nunca haviam sido vistas no Brasil (lembre-se que em 1984 não dava para pesquisar imagens no Google).
Para completar, Alma Beat mexia com temas considerados explosivos como punk, revolução, sexo, dinheiro e drogas, além de oferecer uma ampla bibliografia. Ou seja, era uma fonte primordial para entender a história e a obra deste grupo de escritores que, mais do que qualquer outro, provocou as maiores e mais significativas mudanças no comportamento dos jovens do mundo inteiro.
Vale dizer que Alma Beat não foi apenas o nome de um livro, mas de uma Coleção criada por Eduardo Bueno que, em 1984, já oferecia Uivo, de Allen Ginsberg, Cartas do Yage, de William Burroughs e Ginsberg, Uma Coney Island da Mente, de Lawrence Ferlinghetti, O livro dos sonhos, de Jack Kerouac, Gasolina e a Lady Virgem, de Gregory Corso, Como nos velhos tempos, De Gary Snyder, O primeiro terço, de Neal Cassady e Crônicas de Motel, de Sam Shepard. Depois, claro, vieram muitos outros. Alguns dos títulos da saudosa “Coleção Alma Beat” estão na Série Beat da Coleção L&PM POCKET. É realmente um mergulho no espírito de Kerouac e sua turma. Vale a pena!
* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quadragésimo oitavo post da Série “Era uma vez… uma editora“.
Só pra me deixar com água na boca. Alguém sabe me dizer onde consigo um desses?
vcs podiam (e digo mais: vcs deviam!) reeditar alguns desses livros que estão esgotados, especialmente (e muito especialmente), o livro com os escritos de antonin artaud com tradução do claudio willer, e outros, como o apollinaire também. acho o caso do antonin artaud mais urgente. como leitor, deixo registrada as minhas ganas e a minha dica.
Concordamos com Nicollas Raniere. Vocês DEVIAM, reeditar essas livros. Acho que o mundo anda precisando muito reler e repensar os beats, principalmente sua relação com a liberdade, o não-consumo e o zen.
Pessoal, mandamos a sugestão de vocês lá para o núcleo editorial da L&PM. Vamos aguardar 😉
(p.s.: nós, aqui do núcleo de comunicação, também estamos na torcida! :D)
A hora não poderia ser melhor para vcs relançarem o que têm dos beats, com o filme ano que vem. Adoro o formato pocket, tenho todos do Kerouac que vc lançaram (e o formato não-pocket também).
Se for reeditar, ótimo. Só não usar a famigerada reforma ortográfica.
Li O Capitão Saiu pro Almoço esses dias, e além de estarrecido com a tal reforma, fiquei enojado com os erros grotescos de concordância. Provavelmente estimulados pelo catamita do Marcos Bagno.
E pra fazer poeminhas pro assassino ordinário gramscista do Che, tinha que ser o Allen Ginsberg, né?