Para quem está sem inspiração para preparar um belo dia dos namorados, a gente dá uma forcinha. Até o dia 12 (mas não necessariamente todos os dias, porque mordomia tem limites) a gente dá dicas para você surpreender o seu/sua amado.
E começamos do princípio: com os gregos. Uma das mais belas metáforas do amor está em O banquete, de Platão. Quando os filósofos se reúnem em uma janta e o debate sobre Eros é imposto, Aristófanes apresenta a origem dos seres humanos:
Para começar, a humanidade compreendia três sexos, não apenas dois, o masculino e o feminino, como agora. O andrógino era então, quanto à forma e quanto à designação, um gênero comum, composto do macho e da fêmea. (…) Terríveis na força e no vigor, extraordinários na arrogância, desafiaram os deuses. Escalar o céu, tentativa que Homero atribui a Efialtes e Oto, era projeto deles, hostis aos celestes. Zeus e os outros deuses, ao deliberarem sobre as medidas a serem tomadas, esbarraram num impasse. Se os extinguissem e fulminados os fizessem desaparecer como os gigantes, sumiriam as homenagens e os templos erigidos pelos homens. De outra parte, inconcebível seria tolerar a insolência. Ao cabo de cansativa deliberação, sentenciou Zeus: “Julgo ter encontrado um recurso para preservar os homens e, enfraquecendo-os, deter a insolência. Seccionarei agora cada um em dois para torná-los mais fracos e mais prestativos a nós, visto que serão mais numerosos. Andarão eretos, sustentados por duas pernas”.
(…)
Eros, que atrai um ao outro, está implantado nos homens desde então para restaurar a antiga natureza, faz de dois um só e alivia as dores da natureza humana. Cada um de nós é, portanto, a metade complementar de outro (um símbolo). Somos como uma das partes de um linguado cortado ao meio, dois formando um. Cada qual anda à procura de seu próprio complemento.
Claro que lá tem muito mais coisas – para todas as orientações sexuais, inclusive –, então, vai se preparando para chamar seu amor de a metade que Zeus separou.