Desventuras do mês de janeiro quando
o indiferente
meio-dia estabelece sua equação no céu,
um ouro duro como o vinho de uma taça repleta
satura a terra até seus limites azuis.Desventuras deste tempo semelhantes a uvas
pequenas que agruparam verde amargo,
confusas, escondidas lágrimas dos dias,
até que a intempérie publicou seus cachos.Sim, germes, dores, tudo o que palpita
aterrado, à luz crepitante de janeiro,
madurará, arderá como arderam os frutos.Divididos serão os pesares: a alma
dará um golpe de vento, e a morada
ficará limpa como o pão novo na mesa.(De Pablo Neruda em Cem Sonetos de Amor – tradução de Carlos Nejar)
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