O blog da L&PM Editores concedeu férias ao editor Ivan Pinheiro Machado*. Sendo assim, o “Era uma vez… uma editora”, série de posts assinados por ele e publicados neste espaço todas as terças-feiras, será um pouco diferente até o final de janeiro. Neste período, mostraremos alguns livros que fazem parte da memória da editora. Como “Pé de Pilão” da antiga Coleção Quadrinhos L&PM Infantil, livro publicado no inverno de 1986 e onde Claudio Levitan ilustrou o poema que Mario Quintana escreveu para as crianças. Anos depois, Levitan, que além de arquiteto, escritor e desenhista, também é músico, levou a história do menino que virou pato para os palcos, em um colorido e animado musical. Abaixo, a introdução escrita por ele para o livro.
Pé de Pilão nasceu de uma canção. Só um poeta maluquinho como o Mario Quintana para descobrir naquela antiga cançãozinha de roda a trama do menino que virou pato:
“Pé de Pilão
carne seca com feijão
arreda camundongo
pra passar o batalhão”.
E a história começa pelo meio, pode isto? Pode existir uma fada mascarada e diabólica que não é bruxa? Ou uma avó que é fada e foi enfeitiçada perdendo o seu encanto, o de não envelhecer? Mas foi a andorinha que me deu a principal dica para desenhar o mundo do Pé de Pilão: ela enxergava o mapa da história. Lá do alto podia-se ver onde ficavam a casa da avó, a cidade, a praça, a floresta encantada, a capela, a prisão e o regato.
No momento em que desenhei esse mapa, os personagens puderam andar livres no espaço da imaginação. E foram surgindo um a um com seus jeitinhos carinhosos herdados do velho poeta das crianças. Foi com tanto prazer que me embrenhei nessa história, através dos desenhos, que fiquei triste quando terminou. Mas acabei gostando mais ainda do Mario Quintanta, que além de poeta – e ser poeta já um grande elogio – é o filósofo do nosso cotidiano.
Agradeço à Associação Intantil Pé de Pilão pela oportunidade ímpar dessa aventura: desenhar a sua pequena obra-prima.
Claudio Levitan
*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em quase quatro décadas de L&PM. Este é o sexagésimo segundo post da Série “Era uma vez… uma editora“.