A visão que o mundo tem de Rimbaud é um caleidoscópio. Ela muda de cor, de forma, se transforma e nunca é definitiva. Não é concreta, não é real. A lenda tomou conta da biografia e o mito soterrou o homem. Os poemas são poderosos fragmentos biográficos, embora eles não concluam, não desenhem um Rimbaud preciso. Seus delírios, suas alucinações, suas iluminações e temporadas no inferno, às vezes indicam traços do poeta. Mas a poesia acabou quando ele estava saindo da adolescência, aos 19 anos. Aí começa a saga mítica-rimbaldiana que não deixou versos, mas quase se sobrepõe ao poeta. Porque se tem indícios, mas na verdade, se sabe muito pouco. Seu périplo africano já foi objeto de milhares de livros. Sua fuga para o nada. De que fugia o poeta? Tudo é mistério, vestígios vagos, traços, aquarelas esmaecidas, retratos imprecisos. Enfim, cada um tem o “seu” Rimbaud. Jack Kerouac, Gide, Alain Borer, Proust, Verlaine, Charles Nichol, Allen Ginsberg, Henry Miller etc. etc. Jean Nicholas Arthur Rimbaud nasceu em 20 de outubro de 1854 e morreu de câncer em 10 de novembro de 1891, aos 37 anos, em Marselha. No entanto, no seu dramático final, tinha a cabeça de um velho ranzinza e a alma torturada pelo martírio escaldante na África Oriental. Mutilado pela doença, martirizava-se nas profundezas do inverno que ele criou para si mesmo. Seu gênio, seus versos magníficos ficaram para trás. Sobrou apenas o sofrimento, a amargura. E nunca ninguém conseguiu explicar precisamente por quê. (Ivan Pinheiro Machado)
Leia mais sobre o poeta “maldito” em Rimbaud, série biografias.
A leitura de UMA TEMPORADA NO INFERNO foi um divisor de águas na minha vida: descobri que não gosto de Rimbaud… e também que sou um ser um tanto obtuso (só para não apelar para a auto-flagelação).
Nunca mais retornarei a este livro!
Abraços!