Dentre todas as paixões que agitaram Jack Kerouac, uma jamais o deixou: a paixão genealógica. Por certo, o sonho com as origens é bem comum, ainda que dos mais perturbadores. É um salto no desconhecido, um enunciado do país das sombras, uma estadia fictícia entre os que, há muito tempo, nos inscreveram numa história por acontecer, a nossa, da qual constituímos, para nós mesmos, o ponto final muito provisório. A sequência mais próxima dessa saga é o roteiro primitivo de nossa concepção, no qual um desejo de viver se encarnou, aleatório, acidental. Todos sabem que poderiam não ter nascido. O não-nascido, esse duplo indizível, habitou Jack Kerouac. (…) Jack Kerouac nasce em 12 de março de 1922 em Lowell, pequena cidade de Massachusetts a 45 quilômetros ao norte de Boston, onde as indústrias têxteis e de calçados estão bem implantadas. (…) Em 12 de março, o inverno continental não terminou. O Merrimack arasta ainda alguns blocos de gelo e o céu é baixo, úmido e ventoso. (Trecho de Kerouac, série Biografias L&PM)
2012 será uma marca na história de Kerouac. Ele estaria completando 90 anos hoje, o filme baseado em seu mais famoso livro será lançado em breve e, provavelmente, uma nova geração de amantes de On the road se aproxima. Para completar, seu “Scroll” (o manuscrito original de On the road) ganhará novas exposições pelo mundo ao longo deste ano. Aliás, ouvimos falar que é possível que ela chegue de carona no Brasil… Por enquanto são só rumores soprando no vento (como diria Bob Dylan). Mas cruzem os dedos.