“Flaubert representa, para mim, exatamente o contrário da minha própria concepção da literatura: um alienamento total e a procura de um ideal formal que não é, de modo algum, o meu…”. A frase, dita por Jean-Paul Sartre, talvez justifique a obsessão dele por Flaubert. Obsessão essa que consumiu anos da vida do escritor e o levou a escrever a biografia definitiva do autor de Madame Bovary. Em O idiota da família, Sartre proporciona ao leitor um livro enorme, dividido em três tomos, que é lido como uma grande aventura. É uma investigação minuciosa e maníaca do início da infância do menino Gustave, literalmente o idiota da família, em que Sartre procura, nas trajetórias individuais do pai, da mãe, do irmão mais velho, da irmã caçula, nas características socioeconômicas da família Flaubert, nos acontecimentos históricos da época, elementos de explicação para essa estranha criança que foi Gustave: espremido entre os irmãos, meio apatetado, que aos sete anos ainda não sabia ler, mas aos treze já escrevia cartas e livros.
O contrato para a publicação de O idiota da família em português acaba de ser assinado e a tradutora Júlia da Rosa Simões já começou a tradução do volume 1 que será lançado em 2013. Ou seja: finalmente os brasileiros poderão ler – em português – este que é considerado um projeto soberbo, o livro que encerra a obra sartriana.
Houve um momento, no final dos anos 1960, em que a maioria dos críticos considerou a carreira literária de Jean Paul Sartre esgotada e encerrada. Foi quando o grande filósofo e escritor surpreendeu o mundo com as quase 3000 páginas – impecavelmente escritas – dos três volumes d’O Idiota da Família, um estudo sem precedentes da vida e da obra de Gustave Flaubert, que na infância chegou a ser considerado quase um débil mental e, na idade madura, com devoção de sacerdote e o trabalho obstinado de operário, construiu o monumento Madame Bovary. Sartre percorreu as páginas do grande romance de Flaubert com um olhar inteiramente novo, descobrindo as delicadas linhas que ligaram a vida pessoal do escritor e a sua extraordinária ficção. O idiota da infância, percebeu Sartre, transformou-se num gênio capaz de sublimar sua própria fragilidade. A leitura dessa obra colossal deixa uma suspeita inevitável: talvez Flaubert tenha sido para Sartre o que Madame Bovary foi para Flaubert. (Palavras do escritor, jornalista e advogado José Antônio Pinheiro Machado, o Anonymus Gourmet, que leu a obra em francês)
Quero parabenizar a L&PM pela iniciativa de traduzir “O idiota da família” de Jean-Paul Sartre. A tradução dos três tomos já era esperada faz tempo, visto a importância que a obra tem a todos que estudam o existencialismo sartriano.
Aguardarei, com satisfação, a publicação.
Obrigado!
Jéferson Passig
Blumenau/SC
Enfim, vou poder ler esta grande obra que espero com ansiedade.
Obrigada, Fátima Araújo
Natal- RN
Que alegria! Quando jovem leitor de Paulo Francis tomei conhecimento, e de lá pra cá sempre procurando. Estive agora em Paris, e muito procurei, sem achar nos lugares. Estava disposto a comprar em francês e pedir a Vitor, meu filho para traduzir. Qual o quê! Agora ele chega! Parabéns a L & PM!
Jorge Franklin Pereira (Salvador)