É somente depois que passou dos cinquenta anos que Virginia Woolf consegue ter um certo distanciamento com relação à crítica. Mas depois de quantos tormentos?! Seu Diário até essa época é uma radiografia fiel da acolhida recebida por cada um de seus livros. Com precisão, Virginia analisa a evolução de sua cota de popularidade. Quando afirma não querer ser célebre, nem grande, tudo em seu Diário afirma o contrário. A romancista queria ser apenas “alguém que escreve pelo prazer de escrever”, mas não para de se torturar: “Talvez seja verdade que minha reputação agora só irá declinar. Vão me fazer de ridícula. Vão apontar-me com o dedo, que atitude deverei adotar?”, pergunta-se em 1932, quando está no auge de sua glória. A vida de Virginia se parece com uma corrida pelo reconhecimento que revela um sofrimento profundo. Afinal, a única coisa que vale a pena neste mundo vil é não duvidar da literatura. Mais uma vez, Virginia Woolf fica dividida entre desejos contraditórios. O de se expor em plena luz a fim de recolher os louros de que tanto precisa para continuar seu vasto empreendimento. O de ficar à sombra e mergulhar cada vez mais profundamente nas águas agitadas da consciência. Virginia sofre por ser tributária da flutuações de seu renome enquanto gostaria de ver apenas o avanço de sua obra.
(Trecho de Virginia Woolf, Série Biografias L&PM)
Ainda em 2012, a Coleção L&PM Pocket vai lançar, de Virginia Woolf, o livro Mrs. Dalloway com tradução de Denise Bottmann.