Herbert Lottman nasceu em Nova York, tem 85 anos, dos quais 52 passados em Paris. Foi correspondente de importantes jornais americanos na Europa e passou a ser respeitado internacionalmente pelo magnífico texto, a intensa pesquisa que fez sobre a Europa entre as duas grande guerras e as importantes biografias de Flaubert, Camus, Collette e Julio Verne. Seu trabalho mais conhecido, Rive Gauche: escritores, artistas e políticos em Paris, 1934-1953, foi best seller internacional nos anos 1980 e trata de um tema delicado: as relações promíscuas entre muitos respeitados intelectuais franceses e os alemães durante a ocupação nazista na segunda grande guerra (1940- 1945).
Seu mais recente trabalho, também um best seller internacional, chegou ao Brasil e rapidamente alcançou a terceira reimpressão em poucos meses. Trata-se da história, ou melhor, da saga dos Rothschild, família de banqueiros judeus que foi por vezes protagonista, por vezes coadjuvante, mas sempre esteve na história da política e economia ocidental nos últimos 300 anos.
O nome Rothschild – “escudo vermelho” em alemão – remonta a um período negro da história europeia: no século XVIII os judeus eram confinados a guetos, não tinham direito a propriedades, nem mesmo a um sobrenome. Podiam apenas improvisar um nome de família ou colocar uma placa simbólica acima da porta do seu estabelecimento comercial. Pois foi numa loja de produtos variados na Judengasse, o gueto judeu da cidade alemã de Frankfurt, que nasceu Mayer Amschel, aficionado conhecedor de moedas e cérebro do império que viria a se formar. Jacob, o filho mais novo, se instalaria em Paris, passando a usar o nome de James e construindo o braço francês dos negócios da família. Seus irmãos se espalhariam por outros centros financeiros do continente: Londres, Viena e Nápoles.
Os êxitos e as desventuras dos Rothschild estiveram intimamente ligados aos acontecimentos históricos, financeiros e políticos, sobretudo no século XX: foi assim por ocasião do caso Dreyfus, ainda no final do século XIX, da crise de 1929, das espoliações ocorridas sob o governo colaboracionista de Vichy durante a ocupação nazista da França e, na década de 80, durante o governo do socialista François Mitterrand.
Composta de banqueiros, viticultores (Château Mouton Rothschild), industriais, financistas, agricultores, pecuaristas, colecionadores, mecenas, atores e escritores, a dinastia dos Rothschild estendeu sua influência econômica e política de Londres a Israel, da Espanha à Rússia.
Para retraçar esta história notável, Herbert R. Lottman teve acesso a arquivos inéditos e a correspondências privadas. A edição publicada pela L&PM conta também com um posfácio do autor escrito especialmente para a edição brasileira. (Ivan Pinheiro Machado)