“A obra do escritor não é senão uma espécie de instrumento óptico que ele oferece ao leitor a fim de lhe permitir discernir o que, sem aquele livro, ele talvez não tivesse visto em si mesmo.” A frase é de Marcel Proust, escritor francês nascido em 10 de julho de 1871, em meio aos bombardeios da Guerra Franco-Prussiana. E talvez ela dê uma pista dos motivos que fazem com que, geração após geração, Proust continue sendo cultuado entre os leitores do mundo inteiro. Muitos são aqueles que dizem ter encontrado, nas palavras “proustianas”, uma espécie de espelho da alma. Jack Kerouac, por exemplo, costumava carregar consigo um exemplar de “No caminho de Swann”. Dizia que era uma espécie de talismã. Em seu livro On the road, ele cita Proust algumas vezes:
“Ela estava parada na penumbra do nosso quarto e sala com um sorriso esquisito. Falei milhares de coisas para ela quando de repente senti uma quietude estranha no quarto e vi um livro gasto em cima do rádio. Sabia que era o eternamente sagrado e crepuscular Proust, de Dean.”
“Mas é claro, Sal, que em breve já poderei falar tanto quanto sempre e, na verdade, tenho muitas coisas para te dizer e com essa minha cabecinha pancada, tenho lido e relido esse Proust doidão, o trajeto inteiro através da nação, sacando milhares de coisas que nunca tenho tempo para te contar…”
Em Na estrada, adaptação de On the road para o cinema, com direção de Walter Salles, um exemplar de “No caminho de Swann”, primeiro dos sete volumes de “Em busca do tempo perdido”, aparece em cena com frequência.
Coincidência ou não, este desenho feito pelo próprio Proust mostra que ele também tinha amor pela estrada:
A Coleção L&PM Pocket publica Um amor de Swann, a segunda e autônoma parte de No caminho de Swann.