Lawrence Ferlinghetti é mais do que um poeta e escritor brilhante, mais do que o dono da célebre livraria City Lights de São Francisco, mais do que amigo e editor de Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs e outros beats. Ferlinghetti é uma lenda viva que, aos 93 anos, segue na ativa, literalmente. “Time of Useful Consciousness” (“Tempo de consciência útil”) é seu mais recente livro que acaba de ser lançado nos Estados Unidos pela New Directions Book. O título é um termo da aeronáutica que define o momento da última consciência de uma pessoa, aquele breve espaço de tempo em que a vida ainda pode ser salva, mas que se está à porta da morte por falta de oxigênio. Pura metáfora…
O livro é um grande poema que, através do fluxo de consciência, mostra um Ferlinghetti cheio de ritmo e musicalidade, no mais puro estilo beat. Entre suas palavras, ele cita Bob Dylan, Johnny Cash e Woody Guthrie, dizendo que estes músicos são os “verdadeiros poetas populares da América”.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo sobre este lançamento, Ferlinghetti respondeu o que acha de e-books, e-commerce e todas essas novidades: “As redes de livrarias vão mal, mas não a City Lights. Nós estamos indo melhor do que nunca. Estamos nos beneficiando do fato de que somos a última livraria onde as pessoas podem ir e achar um livro de verdade. As pessoas vêm de todo lugar do mundo para buscar livros aqui. O que penso é que os e-books e toda a civilização eletrônica, a internet, o YouTube, Skype, tudo isso do mundo eletrônico, pode desaparecer em um segundo. Toda a civilização eletrônica. Pode acontecer a qualquer momento. Muitos cientistas respeitáveis do clima, hoje, advertem para o que chamam de “tipping point”, um mecanismo de esgotamento. Há fenômenos do tipo acontecendo em Miami, na Flórida, neste momento. Enquanto isso acontece, as mudanças climáticas acontecem, estão fazendo uma grande festa. Lord Byron escreveu um poema sobre a batalha de Waterloo. Descreve como, enquanto os canhões soavam a distância, as pessoas faziam uma grande festa na capital, alheias à destruição.”
“Ninguém nasce poeta. Você se torna poeta, em geral contra sua vontade. Não se escolhe essa vocação. Quando eu cheguei a São Francisco, queria comprar um pedaço de terra e fundar uma vinícola“, disse ainda Ferlinghetti na matéria do Estadão.
Ainda este ano, a L&PM lançará o único romance escrito por Ferlinghetti, ainda inédito no Brasil: Amor nos tempos de fúria. Dele, também é publicado na Coleção L&PM Pocket Um parque de diversões na cabeça em edição bilíngue com poemas que têm tradução de Eduardo Bueno e Leonardo Fróes.
Vocês não sabem o quanto fico feliz por saber que a L&PM vai lançar mais um do Lawrence! Só valeu…