No exclusivo (e milionário) terreno dos bestsellers, o Brasil deu as cartas nesta Frankfurt de 2012. Em relação aos últimos 10 anos, o clima esteve ameno, pouca chuva, temperatura que nunca baixou dos 12, 13 graus, chegando até aos 18 graus na quinta-feira ensolarada. Lá dentro dos enormes pavilhões da Messe (“feira” em alemão), o clima era o mesmo. Não havia o “frisson” e a curiosidade pelos modelos futuristas que caracterizaram o célebre Salão do Automóvel de Frankfurt que ocorreu um pouco antes, entre 15 e 17 de setembro, neste mesmo local. Pelo contrário. Havia no ar uma calma resignação dos agentes literários e vendedores de direitos autorais diante do peso da crise econômica europeia e da austeridade pós-crise dos editores norte-americanos. E não deu outra; a feira ficou ligeiramente menor do que no ano passado, calcula-se uma queda entre 10 a 15 % em termos de participantes. E os brasileiros, mais do que nunca, foram cortejados – e como eu disse acima -, comandaram os grandes negócios da Feira. Primeiro, porque a economia está em ascensão e, segundo, porque o Brasil será o país homenageado da Feira em 2013.
Quem não escapou do clima recessivo foi o livro digital, o famoso e-book. Apesar da influência das grandes empresas de tecnologia sobre a mídia, nada de mais aconteceu. E quem, como eu, participou de mais de 60 reuniões em quatro dias, simplesmente não notou a agitação digital; ela não esteve no dia-a-dia da feira e dos negócios. Era voz corrente que será muito difícil, a médio prazo, se repetir na Europa e na América Latina o fenômeno digital que ocorreu nos EUA. Enfim, os profetas do fim do livro em papel ficaram confinados às palestras que se realizaram entre os encontros laterais da Feira. Estive numa; muitas cadeiras vazias no auditório – e notei que na plateia havia muito mais gente interessada no “business” do e-book do que no livro-conteúdo propriamente dito… (Ivan Pinheiro Machado)