Depois de uma reforma que durou sete meses, o Museu Van Gogh de Amsterdam foi reaberto no início de maio com a exposição “Van Gogh Trabalhando”. Uma mostra que apresenta aos visitantes, entre pinturas do artista, as ferramentas e os métodos utilizados por ele.
Um dos quadros, por exemplo, traz Van Gogh pintando a si mesmo atrás de uma tela, com seus pincéis e paleta na mão. Próximo à tela, estão a verdadeira paleta e tinta usados pelo artista. As peças foram preservadas pelo psiquiatra Paul-Ferdinand Gachet que atendeu Van Gogh nos meses que antecederam seu suicídio.
Gachet era um médico controverso que foi pintado por Van Gogh e, embora seu paciente tenha vendido apenas duas pinturas durante sua vida, Gachet decidiu conservar alguns dos instrumentos usados por ele. “A estrela de Van Gogh começava a brilhar, e havia sido realizada uma exposição sobre sua obra”, afirma a diretora do Museu Van Gogh Marije Vellekoop. “Dr. Gachet apreciou a qualidade do trabalho do artista, ou talvez tenha tido alguma visão do futuro.”
A premiada biografia Van Gogh, de David Haziot, que faz parte da Série Biografias L&PM, apresenta o Dr. Gachet e o cita muitas vezes:
Gachet era uma figura original. Livre-pensador, republicano convicto, quando a República ainda penava para impor-se a todos na França, socialista mesmo, partidário do darwinismo, do amor livre e da homeopatia, interessava-se também pela grafologia e por “ciências” absurdas como a frenologia, a fisiognomia, a quiromancia. Declarava poder predizer a data da morte de cada um e obviamente se enganava. Num primeiro momento, Vincent foi seduzido por essa figura fascinante e cientificamente duvidosa, por esse espírito livre e um tanto charlatão.
Ao todo, compõem a mostra 145 pinturas e rascunhos, quase o dobro da coleção exibida normalmente no museu.