O Brasil amanheceu estampando, em todas as capas de seus jornais, alguma imagem do tumulto que se formou nesta quinta-feira, 13 de junho, nas ruas centrais de São Paulo e de outras capitais, a partir do protesto contra o aumento das tarifas dos ônibus. Mas o que pensa e como age uma massa psicológica? Freud explica… Em Psicologia das massas e análise do eu, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket – com tradução direta do alemão -, Freud cita outros autores, como Le Bon, e explica com detalhes como funcionam os grandes grupo.
Passo a palavra agora a Le Bon. Ele afirma: “O que há de mais singular numa massa psicológica é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, por mais semelhantes ou dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, a mera circunstância de sua transformação numa massa lhes confere uma alma coletiva, graças à qual sentem, pensam e agem de modo inteiramente diferente do que cada um deles sentiria, pensaria e agiria isoladamente. Há ideias e sentimentos que só surgem ou se transformam em ações nos indivíduos ligados numa massa. A massa psicológica é um ser provisório constituído por elementos heterogêneos que por um momento se ligaram entre si, exatamente como por meio de sua união as células do organismo formam um novo ser com qualidades inteiramente diferentes daquelas das células individuais”.
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Na massa, opina Le Bon, apagam-se as aquisições dos indivíduos, e com isso desaparecem suas singularidades. O inconsciente racial vem ao primeiro plano, o heterogêneo se perde no homogêneo. Diríamos que a superestrutura psíquica, que se desenvolveu de maneira tão diversa nos indivíduos, é removida, enfraquecida, e o fundamento inconsciente, semelhante em todos eles, se torna visível (ativo).