1. Cortázar começou a escrever aos oito anos de idade, “com uma novela que está guardada com cuidado (por minha mãe), apesar de minhas tentativas desesperadas de queimá-la”. Certa vez, um parente descobriu alguns de seus poemas e disse à sua mãe que “obviamente, esses poemas não eram dele”, o que causou uma grande tristeza no garoto.
2. Ele era fã de boxe e jazz e isso aparece em muitas de suas histórias, como “O perseguidor” e “Fim de jogo”. No caso do esporte, a relação extrapola a arte: houve uma época em que ele trabalhou como comentarista de boxe numa rádio, mas foi demitido porque ficava tão animado durante as transmissões a ponto de não ser compreendido pelos ouvintes! Mas voltando à literatura, os termos do boxe foram usados por Cortázar para explicar o que fazia: “a novela se ganha por contagem de pontos, já o conto, por nocaute”.
3. Não gostava de literatura “cabeluda” (como se referia à literatura erótica). Ele considerava “sujos” os seus contos “Tu más profunda piel” e “La señorita Cora” e sobre eles disse: “em toda a minha obra não fui capaz de escrever uma só vez a palavra buceta, que pelo menos em duas ocasiões me fez mais falta do que cigarros”.
4. Julio nunca parou de crescer – literalmente. Sofria de acromegalia, doença semelhante ao gigantismo, mas que se manifesta na idade adulta. Aos 60 anos, Cortázar continuava crescendo, tinha pés e mãos disformes. Ao morrer, com 70 anos, media 2,14m. Além disso, envelhecia lentamente, sempre aparentando ser mais jovem. O amigo Carlos Fuentes contava que, certa vez, quando foi visitá-lo, quem abriu a porta foi um rapaz que aparentava ter 20 e poucos anos. Ele pediu ao garoto que chamasse seu pai, mas era o próprio Cortázar (já com 50 anos de idade!) quem o recebia.
5. Devido aos lugares onde viveu nos primeiros anos de vida, Julio não conseguia pronunciar o “r” do castelhano e então falava tudo com “r” mais gutural, como os franceses.