O Decameron de Pasolini

Os filmes do diretor italiano Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975) não são para qualquer um. É preciso, antes de mais nada, deixar o puritanismo de lado e entregar-se sem preconceitos aos prazeres da película. Polêmico e considerado pornográfico (apesar do diretor odiar este rótulo), Pasolini morreu jovem, assassinado com pouco mais de 50 anos. Mas deixou um legado de filmes que ainda hoje são reconhecidos como cult movies. Em 1971, ele adaptou Decameron, de Giovanni Boccaccio, para o cinema. Um filme que, ao lado de Os Contos de Canterbury e As mil e uma noites, formou a chamada “Trilogia de vida” de Pasolini.

Por ter cenas de nus frontais, o filme foi proibido pelo regime militar brasileiro e só foi exibido nos cinemas após a abertura política. O sexo, como não poderia deixar de ser no caso de Pasolini, é o tema central do filme que narra 9 dos 100 contos contidos no livro original de Boccaccio.

As histórias do filme são comédias narradas por dez jovens e mostram as travessuras humanas na Idade Média. Há uma freira capaz de realizar milagres sexuais com um jovem jardineiro “mudo”, há amantes pegos em flagrante e que são obrigados a se casar, há um rapaz que perde a cabeça por se apaixonar pela pessoa errada, há ainda um agricultor que tenta transformar a sua bela mulher em uma égua.

Diferente do livro, no filme não há separação entre os contos, mas isso não chega a atrapalhar a narrativa. E uma curiosidade: Pasolini aparece no filme como um pintor.

Em 2013, a L&PM Editores lançou uma edição completa de Decameron com nova tradução, direta do italiano, feita por Ivone C. Benedetti.

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