O manuscrito original de “Frankenstein”, escrito por Mary Shelley durante o verão de 1816, será a peça central da primeira fase do Arquivo Shelley-Godwin cuja abertura será celebrada nesta quinta-feira, 31 de outubro, em um evento que acontece na Biblioteca Pública de Nova York.
Não por acaso, o Dia das Bruxas foi escolhido para ser a data oficial do início deste projeto digital que vai reunir todos os manuscritos literários de Mary Shelley, de seu marido Percy Bysshe Shelley e de seus pais William Godwin e Mary Wollstonecraft – a “primeira família da literatura inglesa”, segundo classificação do próprio arquivo.
O manuscrito de “Frankenstein”, propriedade da biblioteca Bodleian de Oxford, é ele mesmo uma espécie de monstro reconstruído, explica Neil Fraistat, um dos líderes do projeto. Ele é composto principalmente de dois cadernos de notas escritos por Mary, com comentários de Percy. No site, os internautas podem apertar um botão para ver apenas as palavras escritas por um ou pelo outro.
Fraistat conta que durante seu relacionamento, as letras de Percy e Mary foram se tornando cada vez mais parecidas, dando origem a debates sobre que era responsável por quais trechos. Para ele, o arquivo digital dará a pesquisadores e fãs comuns uma ligação direta com a colaboração literária dos Shelley. Ele ressalta dois momentos em particular nos quais Percy deixa de lado o papel de editor e se dirige à mulher de forma mais íntima. Num deles, corrige a ortografia de “enigmatic”, usando um de seus apelidos favoritos, “pecksie”. Ela chamava o marido de “Elf”.
A próxima fase do arquivo online, financiado com uma verba de US$ 300 mil, trará manuscritos de “Prometheus Unbound” e cerca de 30 páginas de cadernos de Percy Shelley. Alguns deles, afirma Fraistat, revelam a influência de Mary no trabalho do marido.