Como prometemos lá na primeira apresentação (sim, já tivemos duas) do blog, o nosso objetivo é fazer com que você, caro leitor, fique sempre por dentro do que está acontecendo na editora. Na última semana, por exemplo, quem veio fazer uma visita ao editor Ivan Pinheiro Machado foi o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva.
Os dois conversaram sobre o próximo livro de Juremir, que deve ser lançado no segundo semestre desse ano sob o título provisório de História regional da infâmia – O destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras.
Saiba mais sobre o livro nesse pequeno resumo feito pelo Ivan:
“Juremir Machado da Silva pesquisou 3 anos, estudou 15 mil documentos com a ajuda de mais 10 pesquisadores. O resultado foi um livro que desnuda a Revolução Farroupilha do manto de mitos que a envolve. É um livro, ao mesmo tempo, sobre a história da revolta e sobre ‘a questão do mito’. Há um estudo minucioso sobre o célebre combate de Porongos, onde foram massacrados mais de 100 soldados que faziam parte do batalhão dos ‘lanceiros negros’. Juremir alimenta a discussão sobre se houve ou não traição em Porongos. E conclui, como tantos outros historiadores, que tudo não passou de um estratagema para se livrarem dos negros revolucionários. Afinal, os chefes farroupilhas prometeram libertar os negros combatentes da escravidão e este era um item polêmico na hora de acertarem a capitulação com o Império.
‘História regional da infâmia’ é um livro ímpar pela profundidade com que ataca assuntos considerados ‘tabus’ no Rio Grande. E mostra que na realidade a revolução Farroupilha foi uma revolta de estancieiros com menos de 3.000 baixas. Se considerarmos que a guerra da Secessão americana consumiu mais de 600 mil vidas em 5 anos, devemos louvar a guerra farroupilha que fez muito barulho, mas na realidade consumiu 0,5% das vidas da guerra civil americana, no dobro do tempo. Enfim, o livro, ao desnudar o mito, reduz o movimento a uma dimensão infinitamente menor do que aquela que nos ensinam nas escolas. Ele analisa a mistificação criada a partir do século XX e a espantosa competência daqueles que ‘incharam’ a história de uma revolta que não foi assim tão terrível. Afinal, os revolucionários jamais controlaram Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas, praticamente as únicas cidades importantes do estado à época. E, ao contrário de todas as revoluções, esta acabou muito bem, com os seus chefes indenizados regiamente pelos vencedores imperiais e voltando para suas fazendas sem serem incomodados.”
Ivan Pinheiro Machado
Este tema me instiga. Depois de algumas pesquisas acabo de lançar de forma independente um romance intitulado “O Caminho da Bala”, que é ambientado na Porto Alegre de 1837, cercada e bombardeada pelos líderes farroupilhas. Diferentemente do Juremir, não busco uma revisão da história, quero apenas contá-la sob uma outra ótica, a dos portoalegrenses que não aderiram ao movimento épico riograndense. No romance utilizo-me de personagens reais, como o Major Marques de Souza, futuro Conde de Porto Alegre e libertador da cidade, do professor Coruja, erroneamente homenageado na cidade com a rua Comendador Coruja, Gaspar Menna Barreto, Libânio Pereira, Dr Landel, dentre outros. O personagem ficcional Antônio Madeira conduz a trama. “O Caminho da Bala” tem na Palavraria, Vasco da Gama, 165, e no blog carlosraimundopereira.blogspot.com, discorro sobre o assunto.